CAPÍTULO 37: medo da perda

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Gabriel expressava há algum tempo sua cara de surpresa, afinal ninguém esperava que eu conseguisse me lembrar de muito mais coisa do que eu já me lembrava. Depois de conversar com ele calmamente, o mesmo quis me ajudar a recordar das coisas, o que eu achei graça, pois a todo o momento Lessa foi paciente comigo. Não conseguimos muita coisa e isso o deixou frustrado, mas eu lhe disse o que o doutor havia me informado. Após toda a confusão que passamos, as memórias estavam presas em algum lugar de meu cérebro e precisava de tempo até elas pudessem ser liberadas com calma. Eu vou precisar frequentar constantemente o hospital. Como avisado, demorará até que eu traga à tona, tudo o que foi tirado de mim. Então, todos concordaram em ser pacientes e esperar, até porque se forçarmos a barra, tudo pode piorar e eu poderia perder as memórias de vez. Sabendo o risco que eu corria se não tomasse cuidado, Gabriel finalmente entendeu a gravidade da situação e não insistiu por um tempo naquele assunto.

Alguns meses se passaram e eu ainda não tinha me recordado de muita coisa. Minha barriga já tinha um volume visível e, minha mãe e minha sogra resolveram me vigiar o dia inteiro, o que eu acho um pouco exagerado. Tudo bem que fui recomendada a não pegar nada pesado para que a gravidez não seja afetada, mas isso não me denomina como inútil. Gabriel ainda não se acostumou com a ideia de que será pai. Sempre que podia, quando estávamos deitados na cama, ele ficava olhando minha barriga e acariciando a mesma. Eu estava feliz por ele. Observei de perto a sua evolução e estou contente com os resultados. Michele o sugeriu que procurasse um psiquiatra, pois o mesmo estava decidido que faria de tudo para tentar parar de matar. Porém como ele é teimoso, Lessa não quis ninguém além de mim para ajudá-lo. Pode ter soado estranho, mas mais estranho é que tudo isso está dando certo. O seu humor já melhorou muito e com certeza pode melhorar bastante se continuarmos desse jeito.

De vez em quando, quando não tem ninguém em casa, eu vou ao manicômio onde Robert foi internado, numa ala onde cumprirá seu exílio. Não falei com ele até hoje. Isso não me parece certo quando o mesmo fez tão mal a mim e a minha família. Eu gostaria muito de resolver as desavenças com ele. Porém, segundo os seus médicos, Robert continua agressivo e precisa de várias injeções para conseguir se acalmar. Isso me fez ter pena dele por um momento. Não precisava ter sido desse jeito. E tudo por causa de um desejo incontrolável por Michele, a mulher de seu irmão. Eu ainda não consigo entender porque, nem que seja uma vez, ele não tenha pedido ajuda. Ao contrário disso, quis continuar na sua bolha, fazendo mal não só a mim, mas como em muitas outras pessoas. Somente por causa de seu orgulho, Robert está onde está hoje.

[...]

- Pegou a sua bolsa, minha filha? - Priscila perguntou pela milésima vez, fazendo-me revirar os olhos.

- Mãe, eu estou com tudo o que preciso. - Mostrei-lhe a bolsa que estava mais pesada do que o normal. - Gabriel vai me levar à ginecologista e eu volto assim que puder tudo bem? - A encarei esperando pela sua resposta. Ela respirou fundo e encarou a minha barriga, dando um meio sorriso.

- Quando vamos saber se é menino ou menina? - Perguntou dessa vez me olhando. Pensei um pouco, tentando me lembrar do que a ginecologista me disse. Eu estava com somente três meses, mas parecia que já eram oito. Infelizmente, eu só conseguirei saber daqui a mais ou menos dois meses. Temos que esperar o bebê se desenvolver mais.

- Ainda vamos ter que esperar dona Priscila. - Ouvi seu suspiro cansado. - Não se preocupe. Daqui há alguns meses estará segurando seu neto em seus braços. - Disse fazendo-a sorrir.

- Assim espero. - Ri de sua expressão.

- Stella? - Escutei a voz de Gabriel me chamando e me virei para encará-lo encostado no batente da porta da cozinha onde eu me encontrava junto de minha mãe. - Vamos?

Psiquiatra De Um Assassino - Fluxo Bak  ( Concluído )Onde histórias criam vida. Descubra agora