Acordei com uma movimentação excessiva no lado da cama e abri os olhos lentamente. Ao olhar Gabriel, vi que o mesmo ainda dormia, mas não parecia muito bem. O relógio do quarto marcava 3h30min da manhã. Estava muito cedo ainda.
Acomodei-me, sentando do meu lado da cama, vendo Lessa suado e com a respiração ofegante. Parecia ter um pesadelo. Vez ou outra virava na cama falando palavras desconexas e cerrava o punho, parecendo querer socar alguém. Comecei a me incomodar com a situação e decidi fazer alguma coisa.
- Ei, Gabriel. - Sussurrei deitando-me mais perto de seu corpo e o abraçando. - Está tudo bem, eu estou aqui. - Apertei sua mão para ver se eu conseguia exercer alguma influência sobre o seu sofrimento e vi quando seus olhos se abriram, mostrando o quão sofrido estavam.
Antes que dissesse alguma coisa eu apertei nossos dedos entrelaçados e fiz carinho em seu cabelo. Observei seus olhos me analisando como que se eu fosse uma miragem e sorri feliz por tê-lo acalmado. Foi em um piscar de olhos, que meu paciente voltou a dormir, comigo vigiando-o.
(...)- Senhorita Stella, um senhor que diz ser responsável por seu paciente, espera a sua presença na sala do silêncio. - Franzi o cenho.
Responsável pelo Gabriel? No exato momento não me vinha ninguém em mente.
- Ele disse o seu nome? - Questionei à enfermeira a minha frente que havia interrompido meu café da manhã.
- Não senhorita, ele não me disse e eu também não perguntei.
Balancei a cabeça entendendo.
- Diga a ele que já estou a caminho. Irei somente terminar de tomar o meu café.
Com um aceno de cabeça, vi a mulher se afastar. Suspirei e tomei mais um gole da bebida quente em minha xícara. Depois que voltei a dormir, após acalmar Gabriel, consegui descansar somente mais três horas e meia, sem ter outra opção se não me levantar, trocar de roupas e passar um dos momentos mais vergonhosos da minha vida: tive de bater na porta do quarto, pedindo para sair, depois de confirmar que era eu e não Lessa. Mas o pior não foi isso. A pior parte foi quando percebi a cara de espanto e curiosidade que tanto os guardas e policias que estavam ali, quanto os enfermeiros, fizeram. Apenas levantei a cabeça e segui para a lanchonete que havia no manicômio. O bom foi que eu não precisei comer perto dos "presidiários" que moravam aqui. Havia um lugar separado para os especialistas que como eu, tratavam de seus pacientes.
Levantei-me e fui diretamente para a sala do silêncio ao qual eu tinha descoberto a existência há pouco tempo. Ao andar pelo corredor, pude escutar uma voz conhecida por mim. Parecia falar no telefone. Quando cheguei à porta da sala, pude confirmar minhas suspeitas. Fernando estava me esperando. Sabia que era ele pela fotografia que tinha pegado "emprestado" na casa do rio.
O pai do Gabriel desliga a ligação e seus olhos vêm em minha direção. Ele se levanta e me cumprimenta em um aperto de mãos.
- Olá, sou Fernando, pai de Gabriel. - Confirmo com a cabeça, fingindo que já não sabia disso.
- Olá Senhor Fernando, eu sou Stella Campbell, psiquiatra de seu filho. - O homem à minha frente sorriu de canto.
- Eu primeiramente queria agradecer a tudo o que fez e está fazendo por ele. O resultado não podia ser melhor. Gabriel está avançando muito.
Sorri feliz por ser reconhecida.- Lessa realmente está progredindo.
- Fiquei sabendo que você foi a única que conseguiu fazê-lo se abrir.
- Bom, ele foi bem teimoso e muito arrogante no início, mas eu nunca desisti.
Vi quando Fernando confirmou com a cabeça, compreendendo.- Como está a relação entre vocês dois esses dias? Desculpe-me a pergunta, mas eu e minha mulher gostaríamos de saber se ele ainda tem chances de um retrocesso.
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Psiquiatra De Um Assassino - Fluxo Bak ( Concluído )
RomanceStella Campbell é uma psiquiatra de 23 anos que batalha pelo bem estar mental de seus clientes e das pessoas que a envolvem. Quem a conhece bem, vê que ela não faz o tipo de desistir fácil. Em um dia comum de trabalho, Stella é mandada para o mani...