CAPÍTULO 26: não vou te perder de novo

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Depois da consulta, o médico que estava responsável por mim, disse que eu devia ficar dois dias no hospital para que tenha certeza de que meu caso não pioraria, pois segundo o mesmo, eu perdi muito sangue e vitaminas importantes para o corpo, depois de ter vomitado e sangrado algumas horas atrás.

Já era noite, mais de dez horas e o hospital estava silencioso. A maioria dos médicos tinham ido embora e agora, eu conseguia contar nos dedos quantos enfermeiros ainda passavam pelo corredor de meu quarto. Depois que eu recebi a notícia de que o traumatismo craniano estava se agravando e ao pensar na possibilidade de poder perder a memuória mais uma vez, o arrependimento me tomou. Isso podia não ter acontecido. Mas eu achei que a dor e o sangramento passariam. E não pensei nem por um momento o que isto poderia custar: Minha vida.

Desde que eu vi a cara de decepção do Gabriel, ele nunca mais veio me ver. Sabia que estava magoado e que tinha que esfriar a cabeça. Pensar claramente. Mas isso não quer dizer que devia me ignorar. Nem se quer entender do porque de eu o ter escondido aquilo ele quis. Ainda me lembro do quão pálido e desesperado  Lessa estava quando me eu vi  Seus olhos arregalados, punhos fechados, maxilar trincado. Rosto pálido e o corpo rígido. Essa era a imagem que vi dele. Era como que se algo o tivesse atravessado e ferido seu peito. Eu precisava conversar com ele. Mas não posso sair daqui e ninguém vinha até mim.

Com um suspiro de cansaço, ajeitei-me melhor na cama e tentei dormir fechando os olhos, mas o medo de sentir aquela dor de novo me veio à cabeça. Fernando, Michele, meu pai e minha mãe tinham ido embora há meia hora, mas eles também estavam magoados comigo por eu não pedir ajuda. Porém eu também estava magoada com todos eles. Ninguém entendeu o meu lado.

Há alguns anos, todos tiveram que se preocupar e desesperar comigo. Eu já dei trabalho demais para eles e só queria poupá-los. Mas também admito que fui um pouco egoísta.

- No que está pensando? - Uma voz rouca me despertou de meus devaneios.

- Nada de mais. - Não abri os olhos. Podia senti-lo me encarar.

- Você está bem? - Continuou a perguntar.

- Melhor agora. - Digo e fiquei quieta, o silêncio predominou e nenhum dos dois quis interrompê-lo.

Não queria ter que encará-lo, mas era inevitável a partir do momento em que o mesmo não mexia um músculo para fora do quarto.

Respirei fundo.

- Gabriel...

- Eu só queria saber o que eu te fiz. - Me interrompeu fazendo-me abrir os olhos rapidamente. Um sinal de confusão.

- Nada. Porque você acha que... - Mais uma vez fui interrompida por ser agarrada pelas mãos. Gabriel segurou minhas mãos, puxando-as em sua direção.

- Então, porque não me disse que estava sofrendo, merda.
- Estava aumentando a intensidade de sua voz e eu respirei fundo mais uma vez, torcendo para que não fizéssemos escândalo.

- Eu não queria preocupá-lo. - Respondi.

- Aé? Mas o que você acabou de fazer? Você não sabe o que se passou por minha cabeça, quando te vi naquele estado. Era como se eu tivesse voltando sete anos atrás quando Robert te espancou até você perder a consciência. Cacete, Stella, eu não vou te perder de novo está me entendendo. - Soltou minhas mãos e  quando tudo aquilo aconteceu e, pensando bem, também não quero, pois se não me lembrei até agora, é por alguma razão.

Estávamos à flor da pele. Ambos teimosos demais para acabar com a recém briga.

- Se você não sabia o que estava acontecendo não devia ter arriscado. - Seu maxilar estava trincado e ele me encarava seriamente, deixando-me mais nervosa.

Psiquiatra De Um Assassino - Fluxo Bak  ( Concluído )Onde histórias criam vida. Descubra agora