🐾SEIS🐾

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A semana seguinte foi cansativa, eu tive muitas ligações pedindo limpeza e ainda havia a lanchonete, em consequência, não dormi quase nada.

Lara me ajudava o quanto podia, porém, a lanchonete estava lotada pela enorme onda de turistas e acabava que nem tínhamos tempo para o nosso intervalo.

Titan não apareceu na minha porta e se apareceu, nos desencontramos. A verdade é que mesmo estando muito ocupada, eu sentia falta de uma patinha amiga.

E as poucas noites que ele dormiu comigo, foram o suficiente para me deixar mimada com sua presença. Agora, eu só sentia falta de uma bolinha peluda para abraçar e dormir tranquilamente, pois a cama ficara estranhamente grande só para mim.

Era sábado e Francesca havia me dado folga, apenas pelas exigências e normas trabalhistas, se não eu trabalharia vinte e quatro horas só pelos seus caprichos.

Eu aproveitara o tempo limpando a casa e lavando roupas, além de ter que passá-las também. Mas pela minha experiência e prática, terminei tudo rapidamente e relaxei com um moletom deitada no sofá, pensando em Titan... e em seu dono, o que era irritante.

Não sei em que momento e quanto tempo eu dormi, mas finalmente recuperei todo o sono perdido. Tomei um banho, fiz café e ainda eram cinco da tarde.

A verdade é que eu não gostava de ficar quieta, eu cresci acostumada com trabalho e agora era muito incômodo não ter o que fazer. Ainda bem que não demorou muito até eu ouvir um uivo vindo da porta.
Sorri aliviada e fui abrir.

Titan entrou feito uma bala e pulou tão alto que nem tive de me abaixar para segurá-lo no colo, ele estava muito animado, seu rabo mexia freneticamente e suas lambidas deixaram o meu rosto todo babado.

 — Eu sei amigão, eu também estava com saudades! — falei carinhosamente e o coloquei no chão.

Fechei a porta e me sentei sobre o tapete com as pernas cruzadas, Titan se sentou à minha frente e estendeu a patinha.

Você sabe o que é um ataque de fofura?

É quando o peito da gente se enche de uma felicidade tão contagiante que nos faz querer abraçar e apertar quem nos faz sentir isso. É isso o que significa para mim e agora eu só queria apertar Titan de tanta saudades e principalmente, felicidade!

Eu o coloquei no meu colo e acariciei sua barriga enquanto ele me olhava com aqueles olhinhos brilhantes e língua de fora.

Um barulho na porta me fez despertar de toda aquela folia que Titan fazia ao correr de um lado para o outro, me levantei e limpei os pelos caninos da minha roupa antes de abrir a porta.

Pisquei assustada e dei um sorriso surpreso.

— Imaginei que ele chegaria antes de mim — comentou sorrindo. — É um prazer revê-la em trajes mais informais, você fica muito bonita de moletom!

Eu corei.

Sim, eu corei, uma mulher de vinte e dois anos e eu ainda sentia sensações de uma adolescente de quinze anos quando essas malditas covinhas apareciam no sorriso de Levi.

— Não precisa de toda essa pompa comigo. Pode relaxar, você não está no escritório! —  pisquei e ele mordeu os lábios contendo um sorriso.

— Que bom, porque eu estou de camiseta por baixo do blazer. — Ele abriu os botões do blazer azul marinho perfeitamente passado. — Apesar de eu querer que nosso primeiro encontro oficial seja perfeito, odeio gravatas.

— Encontro? — franzi o cenho e contive o sorriso.

—É, eu teria lhe avisado se você tivesse me passado seu telefone, agora eu me contentaria com um cafezinho —  sorriu.

— Você é meio abusado, não? — respondi com a cara feia, mas estava surtando por dentro.

— O que é meu é seu querida, e vice-versa —  apertou a ponta do meu nariz e entrou dentro de casa.

— Não é não — contrariei fechando a porta.

— Ainda. — Ele corrigiu e se sentou no banco giratório da cozinha — Uma hora você vai aceitar aquele pedido de casamento.

— Tem café ali — apontei para o bule —, acabei de fazer — ignorei suas falas anteriores.

Coloquei um pouco de água e ração nas tigelas de Titan e me sentei ao lado de Levi na bancada.

— Dia de folga? — perguntei bebericando o café.

— É meio difícil se concentrar para trabalhar com você na minha cabeça — comentou formalmente —, então eu me dei um dia de folga ! — Ele olhou para mim. — Você faz um café muito gostoso... Qual o segredo?

— Talvez um dia eu te conte — pisquei e Levi sorriu de canto sem falar nada. —  Cadê o Titan? — perguntei estranhando o silêncio no ambiente.

— Está comendo... Ele estava ali agorinha.
Me lembrei de seu lugar favorito na casa, me levantei da bancada e Levi me acompanhou. Fui até o meu quarto e lá estava ele.

Brincando com os cachecóis e deitado sobre algumas roupas que derrubara na tentativa de pegar as peças mais altas.
Comecei a rir.

— Titan! — Levi o repreendeu. — larga! — Titan soltou a roupa no chão. — venha cá. — O animal obedeceu e ficou na frente de Levi — Agora pede desculpas...

Titan uivou, como se respondesse. Tive outro ataque de fofura e fiz carinho na sua cabeça.

— Não consigo ficar brava com ele... —  sorri.

— Eu vou arrumar essa bagunça...

— Não precisa , eu guardo depois.

— Pra que deixar para depois o que podemos fazer agora? — Ele ergueu a sobrancelha. — Nós temos um jantar depois, você não terá tempo.

— Eu não vou discutir só por causa da comida, mas não pense que esse "relacionamento" —  fiz aspas com as mãos —, vai ser assim.

— Você admitiu que temos um relacionamento — Levi provocou.

— Você é um chato que só escuta o que quer ouvir e inverte as frases para o seu benefício...

— Eu sou jornalista amor, é costume.

Revirei os olhos e o ajudei a recolher as roupas do chão enquanto Titan dormia tranquilamente sobre a cama.

𝙏𝙞𝙩𝙖𝙣, 𝙤 𝙘𝙖𝙘𝙝𝙤𝙧𝙧𝙤 𝙘𝙪𝙥𝙞𝙙𝙤Onde histórias criam vida. Descubra agora