𝙏𝙞𝙩𝙖𝙣, 𝙤 𝙘𝙖𝙘𝙝𝙤𝙧𝙧𝙤 𝙘𝙪𝙥𝙞𝙙𝙤

🐾ONZE🐾

— Bri Bri? — Levi estalou os dedos na frente dos meus olhos e eu voltei à realidade.

— Ah, oi — sorri sem jeito e me virei para o casal adorável a minha frente. — Vocês aceitam café com biscoitos? Por minha conta! — Ofereci.

— Não querida, você vai falir se ficar nos dando biscoitos, nós aceitamos, mas pagaremos — respondeu Emely apertando minha mão gentilmente.

Me levantei da mesa, deixando os quatro sozinhos e fui até Lara que estava vindo entregar o café que eu havia pedido mais cedo.

— Eu posso levar, não se preocupe, vim pegar mais algumas coisas também — avisei e ela se sentou na banqueta sorrindo para mim.

— Eu nunca te vi assim.

Desviei a atenção dos biscoitos e olhei para ela sem entender, então ela continuou:

— Apaixonada minha querida Brianna, você está apaixonada.

Olhei para Levi de relance antes de responder.

— Você sabe que eu odeio aquelas personagens de filmes que sempre negam seu amor —  confessei —, mas você também sabe que eu nunca me apaixonei, como eu poderia afirmar ou negar?

— Não seja tão ingênua amiga, é esse sentimento diferente que te faz sorrir quando pensa nele, ou a sensação de frio na barriga quando ele chega perto. É muito estranho confessar isso, mas amor é como uma doença, você tem que perceber os sintomas, mas as vezes, pessoas como você, só percebem quando estão dominadas pelo "câncer" e sem cura.

— Queria ser um pouco mais como você — sorri para Lara e coloquei os biscoitos no prato.

— E eu como você — piscou. — Se eu fosse como você aquele gato estaria olhando para mim. — brincou ela. — Mas agora falando sério amiga, ele parece ser um cara legal e parece ser o único digno de você sabia?

Me virei para fazer os cafés.

— Você está exagerando.

— Você e sua humildade extrema. — Ela revirou os olhos — Um dia você vai perceber o que eu e Levi vemos em você coração, não é só sua beleza, é o seu interior! — Me deu um beijo na bochecha antes de entrar para a cozinha da lanchonete.

Levei os cafés e biscoitos em uma bandeja ainda pensando nas palavras de Lara, será que eu estava realmente apaixonada? Eu só conhecia ele a alguns dias...

Se bem que com mamãe e papai foi assim também. Pelas histórias que ela me contava quando eu era pequena, o amor deles nascera tão rápido quanto um suspiro.

Eles se conheceram na cidade de Cinque Terre na Itália, minha terra natal. A cidade, é um conjunto de vilas centenárias à beira-mar  na acidentada costa da Riviera  Italiana. Em cada uma das 5 cidades, casas coloridas e vinhedos agarram-se aos terraços íngremes, os portos estão repletos de barcos de pesca e as trattorias servem especialidades de frutos do mar juntamente com o famoso molho da região de Ligúria, o pesto.

Não tinha como ser mais romântico.

Nas pedreiras perto da praia foi onde se conheceram. Mamãe, que era apaixonada por criaturas marinhas, levava tartarugas até o mar, protegendo-as das gaivotas famintas. Foi como uma cena de filme, papai segurou o chapéu dela que voou com o vento. Tem como ser mais clichê?!

Depois disso ele a ajudou com as tartarugas, a acompanhou caminhando pela praia e a levou em casa.

Dois meses depois eles já estavam namorando e apresentaram as famílias. Foi uma grande festa, tirando pela parte da minha tia invejosa.

Três meses depois haviam casado e estavam se aventurando, velejando na sua lua de mel e cerca de uns dez meses mais tarde, os planos da minha gestação foram criados, eles estavam ansiosos.

Vivemos felizes por doze anos, quase treze, e foram os melhores anos da minha vida! Eu era amada e amava muito eles, as dificuldades nos deixaram mais unidos e até hoje os sinto comigo.

— Prontinho — coloquei a bandeja sobre a mesa e servi os cafés.

— Obrigado, Bri Bri! — Levi deu um beijo na minha bochecha.

— Obrigado querida — agradeceu o casal em uníssono.

— De nada — respondi sentindo minhas bochechas corarem com o suave toque de Levi.

Titan deitou a cabeça no meu colo e eu lhe dei um petisco que guardara no avental somente para ele, quando fui pegar as outras coisas.

— Sinto muito, mas eu tenho que ir, eu realmente vim só para lhe dar bom dia, tenho que trabalhar! — Levi pegou a minha mão. — Posso voltar no final da tarde para te levar em casa?

Eu sorri, um sorriso espontâneo que eu não pude segurar, apenas afirmei com a cabeça e ele se inclinou e depositou um beijo na minha bochecha.

— Já disse que adoro suas covinhas? — apertou minha bochecha e deu mais um beijo na minha testa. — Até mais tarde, Bri Bri! — piscou e se levantou, agora se dirigindo ao casal de velhinhos. — Foi um prazer conhecê-los!

 Por um instante, eu os esquecera!

— Igualmente — respondeu Héber e estendeu a mão para cumprimentá-lo. — Esperamos vê-lo em breve jovem rapaz!

— É só procurar pela Bri, eu estarei sempre um passo atrás dela — brincou ele e eu não perdi a oportunidade de completar:

— Sempre ao lado — Ele me olhou com olhos brilhantes, provavelmente descrente e surpreso com a minha confissão.

— Eu sabia que não demoraria muito querido... — A senhora Emely sussurrou para o marido.

— Eu sempre confiei na sua intuição meu amor.  — Ele passou os braços eu redor da esposa.

— Eu te levo até a porta, tenho que me despedir desse rapaz aqui — falei para Levi e apontei para Titan que esperava sentado ao lado da minha cadeira.

— Ok, até mais! — Ele falou para o casal e me seguiu até a porta.

Dei um beijo na curva entre o focinho e a testa de Titan e depois me levantei  ficando frente a frente com Levi.

— Um passo ao lado hein? — Ele sorriu de lado, fazendo minha barriga revirar. Então pegou minhas duas mãos. — Eu posso te beijar agora?

Dei um passo a frente e respondi:

— Se você for ficar pedindo e me esperando responder, estaremos perdendo tempo demais, não acha? — Ele sorriu.

— Era essa resposta que eu estava esperando.

Enfim, Levi levou seus lábios aos meus e, dessa vez eu não tive medo de me entregar, pois eu sabia que onde quer que eu estivesse, se estivesse com ele, estaria segura.