O prato estava uma delícia e ficou ainda melhor acompanhado de vinho tinto. Levi pediu croissants para a viajem e novamente, não me deixou pagar a conta.
Agora, estávamos esperando o pedido quando puxei um assunto que sempre assolava meus pensamentos.
— Você já parou para pensar no tanto que os animais tem que nos aturar?
Ele apenas ficou em silêncio me dando espaço para continuar.
— Já reparou que mesmo os comprando como objetos ou até mesmo adotando, eles ainda nos amam? Mesmo depois de brigarmos com eles quando poderíamos simplesmente ensiná-los?
— Você tem um ponto de vista interessante. — Ele se apoiou sobre a mesa.
— Realmente, é verdade. Eles são bem mais evoluídos em pureza e amor, algo que passamos a vida toda lutando para conseguir.
— Exatamente — concordei. — Acho isso fantástico. Nós viemos para ensiná-los e eles nos ensinam a amar de verdade. Por exemplo, eles já sabem quem vão amar simplesmente de olhar, e nós demoramos a ver o que está debaixo de nossos olhos.
— E as vezes, eles podem bancar o cupido — Levi completou pensando alto.
Fomos interrompidos pelo garçom com a conta e saímos caminhando pela rua. Ainda eram sete e quarenta e tínhamos tempo para conversar.
O pior é que o silêncio estava sendo confortável.
É estranho pensar em quanto tempo você demora a ficar à vontade com alguém, a ter intimidade e depois pensar em Levi e eu, que em alguns dias já havia me visto de moletom depois de uma faxina e mexido no meu guarda-roupa.
Enquanto ele andava distraído, me permiti observá-lo um pouco, tentando não parecer tão interessada como eu estava, em seus detalhes e na sua personalidade.
Pensando bem, Levi era um homem muito bonito, devia ter uns vinte e seis anos no máximo, tinha um corpo definido e o melhor, sua personalidade era cativante.
Seria muito fácil me apaixonar por ele, se eu quisesse. Acontece que não era questão de querer, se apaixonar leva tempo, crescimento, tem que ter uma boa base na relação, pelo menos era o que eu ouvia os casais idosos comentarem na lanchonete. Eu jamais ousara me apaixonar, nunca tive tempo nem interesse, mas quanto mais observava Levi, mais acreditava que talvez isso não fosse tão complicado como eu imaginava.
— Você está me encarando há três minutos, mudou de ideia sobre o casamento? — perguntou encarando meus olhos.
— Estava pensando que você não é tão ruim quanto parece...
— Já é uma evolução — apertou minha bochecha. — Eu te disse que acho linda essas suas bochechas e covinhas? Dá vontade de apertar toda vez que você sorri.
— Você não se cansa — falei corada — de me deixar sem graça com os seus elogios?
— E perder a chance de te ver ficar vermelha de vergonha? De jeito nenhum, faço questão!
Eu sorri e ele piscou. Titan que se mantinha calado, parou ao lado de um banco de madeira na praça da lua e se sentou.
— O patrão está chamando.
Nós rimos e nós sentamos no banco.
Como era sábado, a praça estava com uma quantidade maior de turistas, as luzes estavam ligadas e carrinhos de sorvete, pipoca e algodão doce deixavam o ambiente com um cheiro aconchegante de parque de diversões. Recentemente o prefeito havia feito um novo investimento, uma cabine fotográfica e ela estava sendo um sucesso.
Não demorou muito para que Levi tivesse a mesma ideia que milhares de adolescentes e me puxasse para dentro da cabine apertada.
Lá, como na maioria das outras cabines, tinha apenas um banco de couro vermelho, que cabia apenas uma pessoa sentada, o que causou constrangimento, pelo menos da minha parte, quando Levi me puxou para seu colo.
Estávamos muito perto, a verdade é que eu jamais estivera tão perto de um homem como estava de Levi naquele momento. Titan, como a criatura doce e entusiasmada que era, pulou no meu colo e fez parte das cinco fotos que seriam tiradas.
A primeira foi mais normal, apenas sorrisos para a câmera. A segunda foi Titan com as suas lambidas no meu rosto e no de Levi. A terceira eu abraçava o pequeno e Levi envolvia seus braços ao nosso redor. Antes da quarta ser tirada, Titan pulou do meu colo e saiu correndo atrás de um gato, o que resultou em risos.
Levi como galã que era, não perdeu tempo e me puxou para um beijo prolongado. Meu estômago se contorceu numa sensação gostosa e minhas pernas ficaram bambas. O que eu sentia era semelhante com a queda da pressão, um calor subiu pelo meu corpo e eu fiquei zonza. Quando recobrei os sentidos, retribui o beijo, sentindo um leve gosto de vinho.
O último flash disparou.
Me assustei com o ato, por um instante perdi a consciência de onde estava e me afastei de Levi.
— Acho melhor ir atrás de Titan, se não o perderemos de vista — falei num sopro e saí rapidamente atrás do animal que havia me abandonado em braços carinhosos demais.
Procurei o pequeno e o encontrei latindo para uma árvore. O gato o olhava com superioridade lá de cima, o que o irritava.
Como sempre, era muito fofo observá-lo com aquele cachecol, ele estava todo aprumado e agia como tal, mas as vezes seu instinto era maior e o espírito livre queria correr e aproveitar a vida, mas nunca deixando a elegância de lado.
— Hora de ir para casa pequeno. — O chamei e ele me acompanhou, ainda inconformado com a covardia do gato que não fugia, o privando de suas diversões.
— Eu te levo até em casa — Levi chegou e disse suavemente.
Eu não sabia como agir e muito menos o que dizer, agora seria o momento para uma de suas gracinhas, mas ele também permanecia calado durante o trajeto.
Eu não queria que ele me entendesse mal, mas eu nunca havia passado por tal situação, e eu havia gostado, mas não sabia como expressar. As vezes palavras são muito limitantes.
No portão de casa, quando Levi se despediu sem delongas e Titan o acompanhou, um pedacinho do meu coração apertou, o que não fazia sentido. Dominada por uma necessidade de expressar o que sentia eu falei antes que fosse tarde demais.
— Você vai embora assim?
Levi se virou em minha direção com um semblante transparecendo dúvida e eu andei até ele, lentamente.
— Talvez eu não mereça, mas você me deu uma noite excelente e acho que merece um beijo de boa noite...
Uma leve curva se formou no canto dos seus lábios.
— Meu Deus mulher, você me deixa louco!
Não dei tempo para que ele continuasse ou para que fizesse uma de suas gracinhas, pois no instante seguinte, eu selei nossos lábios, assim como queria fazer a muito tempo, mas só agora notara esse desejo oculto que se revelava.
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𝙏𝙞𝙩𝙖𝙣, 𝙤 𝙘𝙖𝙘𝙝𝙤𝙧𝙧𝙤 𝙘𝙪𝙥𝙞𝙙𝙤
Romanzi rosa / ChickLitUma visita inesperadamente fofa e peluda aparece à porta de Brianna, com a língua de fora, olhos brilhantes e em busca de carinho. Curiosamente ela decide cuidar de seu novo amiguinho. Até que o nome e endereço do cachorro aparecem escritos na colei...