Iwatobi Swim Club I

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Perto da nossa escola tem várias árvores de cerejeiras. Às vezes eu me distraía das aulas e perdia explicações importantes olhando as flores dançando junto com o vento lá fora.

Depois de passar vários anos vendo as mudanças das estações pela janela da escola, cada uma delas passou a ter um significado especial para mim. Mas desde que eu me apaixonei, é como se a terra tivesse parado e só existisse a primavera no meu coração.

Eu não pensei que iria me apaixonar pelo o meu amigo, e ainda por cima logo depois de quase perder sua amizade. Lembro que eu mal consegui dormir depois que voltamos para casa. Minha mãe me colocou de castigo, a friagem que tomei no caminho para casa contra meu corpo molhado me causou uma gripe forte e fiquei o fim de semana todo de cama, e mesmo assim eu não conseguia deixar de sorrir.

Foi uma primavera perfeita em suas imperfeições e ansiedades.

Aquela beleza acalentadora foi ameaçada quando o inverno começou e a mãe do Haru decidiu passar o ano novo com o marido no exterior. Fiquei com medo que ele fosse negligente com sua alimentação e ficasse doente outra vez, então sempre que minha mãe deixava, eu ia até sua casa só para ter certeza que ele estava bem. Normalmente ele reclamava que não era uma criança indefesa ou só me chamava para jogar video-game, só que naquela noite eu encontrei ele sentado na sua cama abraçado nas pernas dobradas.

-Haru, o que aconteceu?

-Makoto...

Ele falou tão baixinho que não tenho certeza se eu ouvi mesmo sua voz ou só imaginei. O mais perturbador foi quando ele esticou uma mão trêmula para mim. Segurei sua mão fria e sentei ao seu lado.

-Haru, o que aconteceu?

Notei que seu cabelo estava molhado e quando segurei seu ombro vi que suas roupas estavam encharcadas.

-Você não pode ficar assim, vai ficar doente! Vem, você precisa de um banho quente.

Tentei puxar sua mão, mas ele não moveu seu corpo, só ergueu os olhos azuis tão preciosos para mim. Doeu fisicamente ver ele tão triste e perdido. Senti meus joelhos fraquejarem e eu fui de encontro ao chão, ajoelhado na sua frente.

-Eu não quero mais competir, Makoto.

-Haru...

Não sabia o que dizer, Haru estava indo muito bem no clube da escola secundária, e nosso time do revezamento conseguiu vencer com uma boa vantagem na última competição.

-Não quero mais... Eu vou sair do clube de natação!

A cada palavra mais e mais as lágrimas lutavam para escapar dos seus olhos e mais consternado eu fiquei. Haru sempre foi meu ponto forte, minha fortaleza. Quando eu era criança e um cachorro latia para mim, era ele quem se colocava na minha frente. Quando passamos por lugares escuros e assustadores, ele quem segura minha mão.

Ver ele assim tão frágil e tão humano... é doloroso.

-Tudo bem, você não precisa se preocupar com isso - Toquei seu rosto gelado, tirando alguns fios úmidos dos seus olhos - Mas você não pode ficar molhado assim Haru-chan. Você pode ficar doente.

Ele ficou olhando para mim tempo demais até falar - Não me chame de Haru-chan.

Finalmente ele me deixou puxar seu corpo trêmulo até o banheiro. Preparei um banho quente enquanto tentava entender o que tinha acontecido com ele. Haru parecia frágil demais então decidi deixar as perguntas para depois e ser forte por ele.

-Pronto, Haru.

Não me surpreendi quando ele tirou as roupas e entrou na água usando só uma bermuda de natação. Haru gosta de estar preparado para nadar sempre que possível, e por isso a ideia dele sair do clube de natação pareceu tão errada.

Sol de Outono Onde histórias criam vida. Descubra agora