Festa? Ou, tortura?

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Inglaterra, Londres, salão de festas Marriott London, 17 de dezembro, dias atuais.

JUSTIN BEBEU DA taça de vinho, observando as lindas jovens desfilando pelo salão, cortesia de seu velho amigo, Chaz.

Como um dos fotógrafos mais requisitados da cidade, Chaz sempre contava com a presença de homens e mulheres, belos e jovens, assim como a dos vampiros mais poderosos em todas as suas festas.

Esta noite não era diferente.

Mulheres altas e magras se desviavam da mesa cheia de comida e seguiam para o bar, onde homens igualmente altos e magros se juntavam a elas, ansiosos por uma oportunidade com uma das mulheres ou com um deles.

Justin costumava evitar esses tipos. Seu sangue era fraco devido aos jejuns constantes e ele não tirava satisfação de encontros sexuais com um saco de ossos.

Não que recentemente eu costume tirar satisfação de qualquer encontro sexual, pensou, examinando a multidão e os aproveitadores das pessoas lindas. Os estilistas. Pessoas no ramo de relações públicas e outros que se aproximavam mais do seu gosto eram mais fáceis de seduzir.

Avistou uma jovem atraente perto da mesa do bufê, enchendo o seu prato com caviar. Era de altura média, com olhos castanhos e tristes e o cabelo curto, cor-de-chocolate lhe adornava o rosto atraente.

Seu corpo também é atraente, Justin pensou. Seios fartos e, pelo visto, verdadeiros, com uma cintura mediana e quadris pueris. Apesar de gostar de suas mulheres mais curvilíneas, havia algo de agradável na aparência geral da jovem.

“Agradável” sendo a maior emoção que uma mulher podia despertar nele após sua longa existência recheada de inúmeras parceiras anônimas.

Após quase dois mil anos, não havia mais nada capaz de lhe trazer satisfação. E, naqueles instantes seguintes, quando levava as presas ao pescoço de uma mulher e se alimentava, era tomado de uma fúria que destruía todas as outras emoções, estragando a realização de todas suas outras necessidades.

Fúria dirigida ao vampiro que o transformara.

Fúria dirigida aos humanos que haviam destruído a vida que construíra para si mesmo após ter sido transformado.

Justin inspirou profundamente, controlando a fúria que corria por suas veias, ao ver humanos e vampiros inadvertidamente se misturando na multidão. Os humanos não tinham conhecimento dos imortais que circulavam entre eles, enquanto os demônios estavam avaliando os mortais, do mesmo modo que alguém se preparando para o jantar escolhe uma lagosta em um tanque.

Ele não saberia dizer ao certo quem ele odiava mais.

A maior parte da multidão estava reunida no grande salão da boate, onde Chaz havia decidido oferecer a sua “pequena” reunião para comemorar a temporada de festas e o recente lançamento de uma campanha especialmente desenvolvida para uma das maiores lojas de departamentos do país.

Cerca de 500 pessoas circulavam no interior do salão de festas e da galeria adjacente. Uma longa fila se estendia lá fora, na calçada, com pessoas ansiosas para se juntar às festividades da noite.

— Pare de ficar com essa cara amarrada. — disse Chaz ao se aproximar e passar o braço ao redor do ombro de Justin.

Ele olhou de esguelha para o amigo extravagante. Chaz estava com uma larga túnica branca bordada de dourado nas mangas, na bainha e na gola. Calças também larga desciam por sob a túnica.

A vestimenta lembrou Justin das togas que os dois haviam usado na juventude, antes que um breve encontro amoroso com uma nova paixão durante o saturnal houvesse dado fim à vida de ambos.

Justin apontou para as decorações.

— Escolheu tudo isso como uma brincadeira?

— Não acha festivo? — retrucou Chaz, gesticulando irreverentemente com a mão.

Ramos de folhagem e guirlandas adornavam as várias paredes e arcos. Estrelas e sóis dourados decoravam os ramos de pinho e azevinho. Espalhados pelo recinto estavam pequenos pinheiros, também cobertos de ornamentos dourados e enfeitados com vibrantes fitas roxas. O aroma de flores do campo trouxe à sua mente lembranças de seus feriados em Roma. Tal recordação veio acompanhada de intensa dor.

— Acho torturante. — disse por fim.

Chaz inclinou-se para bem perto dele.

— Talvez porque seja incapaz de perdoar e curtir, mio amico. — sussurrou-lhe no ouvido.

Antes que Justin pudesse retrucar, Chaz seguiu para o bar, onde duas jovens pareciam estar aguardando-o. Quando Chaz colocou um braço ao redor da cintura de cada uma delas, ele olhou para Justin, piscou e sorriu, como se estivesse lhe fazendo um convite.

Talvez Chaz possa encontrar alegria imatura nos braços delas, eu não, pensou Justin, recusando o convite com uma ligeira sacudidela da cabeça.

Um garçom se deteve diante dele e Justin pegou uma taça de vinho tinto da bandeja. Outro garçom aproximou-se, oferecendo uma variedade de aperitivos, alguns enfeitados de dourado, como era o costume romano. Justin aguardou que o homem fosse embora e procurou no meio da multidão a mulher que havia avistado antes, pretendendo se apresentar e seduzi-la a acompanhá-lo até um canto reservado, onde poderia saciar sua verdadeira fome.

Ele caminhou lentamente através da multidão, lutando contra os cheiros e ruídos que irritavam seus afiados sentidos vampirescos. Uma orquestra tocava bem alto em um dos cantos, forçando um aumento de volume naqueles que tentavam ter uma conversa. Ao atravessar a multidão, mais de uma mulher tentou lhe atrair a atenção com um sorriso cordial, mas ele era imune a tais súplicas. Só se contentaria com outra no caso de falhar com o seu alvo escolhido. Em retrospectiva, a perseguição havia se tornado a única parte divertida do jogo para ele, visto que o final da caçada normalmente lhe trazia tão pouca satisfação.

Ele insistiu e, por fim, a encontrou, parecendo um pouco infeliz e ligeiramente deslocada em um canto do aposento adjacente. Segurava uma taça de vinho na mão, cheia até a metade. Quando ele se aproximou e sorriu, a mão segurando a taça titubeou.

Não estava tão barulhento assim no canto escolhido pela moça, mas, ainda assim, Justin sentou-se ao lado dela na borda da janela e inclinou-se em sua direção.

— É bom achar um cantinho tranquilo, não concorda? — perguntou, cordialmente.

— Deveria me encontrar com algumas pessoas, mas este é meu primeiro evento. É um pouco intimidante. — confessou.

Ela sorriu para Justin, e em seguida levou a taça à boca para um gole trêmulo.

— Chaz é famoso por exagerar. — ele bebeu do próprio copo antes de continuar. — Mil perdões pela indelicadeza. Meu nome é Justin, e o seu é...?

— Dafne. Conhece Chaz pessoalmente? — perguntou em um tom de admiração.

— Somos amigos de longa data, mas estas festas podem ser... Cansativas. Quer ir a algum lugar mais tranquilo? Talvez comer alguma coisa? — sugeriu.

Sua mão tremeu novamente, antes que ela se virasse para ele e o examinasse cuidadosamente, a princípio para determinar se ele estava falando sério, e depois para saber se ele era de confiança. Assim como as dele tantos anos no passado, as prioridades dela estavam invertidas.

Talvez, se ele tivesse tido as prioridades no devido lugar, sua vida houvesse sido diferente.

Devia ter sido aprovado, tendo em vista que ela sorriu.

— Aonde gostaria de ir?

Humanos são fáceis demais, Justin pensou, ao oferecer o braço para ela e deixar o prédio em sua companhia.

Me Ame Intensamente |Justin Bieber|Onde histórias criam vida. Descubra agora