De volta a rotina!

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Inglaterra, Londres, 21 de dezembro, dias atuais.

JUSTIN ACORDOU AO som do badalar do sino e do cumprimento gentilmente sussurrado para um transeunte. Um sorriso brotou em seus lábios, antes que o arrependimento tomasse conta dele.

Ele se espreguiçou ao se levantar e esfregou a mão sobre o centro do peito. A região ainda estava dolorida. O forte arranhão feito pela estaca da coluna da cama já havia há muito desaparecido.

Vampiros saravam bem rápido, quando saudáveis e bem alimentados. Eu certamente podia ser incluído no segundo grupo, pensou, olhando para a coluna da cama que ela havia partido durante a sua fuga.

Ryan já havia dado início aos reparos. O topo da coluna estava no seu devido lugar, e uma borda mais clara de tinta identificava onde o guardião havia usado algum tipo de enxerto de madeira para ocultar o estrago.

Uma batida veio da porta, e, obedecendo ao comando de Justin, Ryan entrou, empurrando o carrinho de comida.

Justin sentou-se na beirada da cama, e apontou para a madeira remendada.

— Começou a consertar a coluna da cama. Está ficando ótimo!

Ryan assentiu, mas o sorriso que deu foi recheado de tristeza.

— Algumas coisas são mais fáceis de consertar do que outras. — respondeu, enigmático.

Justin levantou-se e caminhou até o carrinho, pegando um cálice de ouro. Bebeu um gole do sangue aquecido à perfeição e caminhou na direção da janela. Afastando a cortina, olhou para baixo.

Lena estava lá, balançando o sino. Solicitando doações daqueles que passavam.

Ela ergueu os olhos para a janela.

Será que havia pressentido a sua presença?

Ele moveu-se para o lado, incapaz de encará-la, mas lidar com o olhar condenatório de Ryan não era nada mais fácil.

Empertigando os ombros, Justin colocou uma das mãos no quadril antes de se pronunciar.

— E o que quer que eu faça? Corra atrás dela quando existem centenas de outras refeições grátis espalhadas pelas ruas desta cidade, à minha espera? — debochou.

Ryan agarrou a barra de empurrar do carrinho e apertou as mãos ao redor dela.

— Então isso é tudo que ela foi, patrão? Um lanche para viagem?

Quando o guardião o disse com tanto desdém, Justin sentiu-se tomado de fúria, mas não dirigida a Ryan.

— Saia, agora.

Justin já estava caminhando de volta para a janela quando escutou a porta bater ruidosamente atrás de si.

Seu guardião estava aborrecido com ele, o que era direito dele.

Ele próprio estava zangado consigo mesmo por muitas razões, e a maioria delas tinha a ver com o Papai Noel balançando o sino lá embaixo.

Quando chegou à janela, espiou lá para baixo mais uma vez, lembrando-se que, assim que a temporada de Natal se passar, Lena também irá embora.

Melhor assim.

O destino mais uma vez lhe trouxera outra temporada natalina cheia de dor, só que, desta vez, a dor havia sido causada por ele mesmo.

Quem podia saber que quebrar uma promessa poderia trazer tanta infelicidade?

DE MALETA NA mão, o homem passou por ela, mas, em seguida deu meia-volta e retornou. Ele a olhou confuso, como se não soubesse direito por que estava ali e o que estava fazendo, mas, depois, abaixou a maleta, enfiou a mão no bolso do paletó e sacou a carteira.

Ele folheou rapidamente as notas, antes de retirar todas da carteira e as jogar dentro do pote de contribuições.

Lena o olhou perplexa.

— Obrigada, eu suponho. — disse embasbacada.

Com uma expressão similarmente perplexa, ele devolveu a carteira ao bolso do paletó, pegou a maleta, e foi embora.

Pensativa, ela olhou para cima, observando a janela. Depois, começou a balançar o sino de novo, a princípio, lentamente, depois, com maior fervor. Querendo irritá-lo. Querendo lembrar-lhe de que ela estava...

O quê?Ainda ali?Ainda dentro do raio de ação do poder dele, caso Justin quisesse usar seu poder?

Uma jovem gótica aproximou-se, vestida de preto dos pés à cabeça. As correntes de metal dependuradas de seu jeans pareciam pequenos sinos tocando na noite ao se balançarem. O ritmo de seus passos era acelerado e decidido quando ela se aproximou, claramente a caminho de algo importante.

Contudo, à medida que ia se aproximando de Lena, o ritmo de suas passadas foi desacelerando, até que a jovem gótica se deteve diante do pote, enfiou a mão no bolso do casaco e tirou de lá de dentro um punhado de trocados. Ela jogou tudo dentro do pote, as moedas alegremente ecoando de encontro à borda antes de se assentarem sobre as notas do executivo.

Em seguida, a gótica foi embora, suas passadas tão determinadas quanto antes de chegar a Lena.

Justin estava por detrás disso.

Ela atravessou apressadamente a rua, mas deteve-se diante dos degraus que levavam à casa de tijolos. Inspirando profundamente, reuniu suas forças, subiu a escadaria e bateu com força à porta.

Ryan atendeu, o rosto enrugado em uma expressão de surpresa.

— Diga-lhe para parar. Encher o pote de contribuições não vai me fazer ir embora.

Um sorriso triste apareceu no rosto do guardião.

— E o que a faz pensar que ele quer que vá embora? — retrucou.

Ela ergueu a cabeça, olhando para o último andar. Viu a cortina se mover. Pensou em todos os Natais infelizes pelos quais ele havia passado. No vazio de sua vida, e, possivelmente, na vida de Lena.

Justin havia sentido uma conexão com ela, e Lena com ele, só que...

— Ele quebrou uma promessa que me fez, Ryan.

O guardião balançou a cabeça.

— Ele sabe disso, senhorita.

Ela considerou a afirmativa de Ryan e as ações de Justin. A promessa de que jamais a deixaria em paz e, no entanto...

— Não vou trabalhar como Papai Noel amanhã. — afirmou, abrindo um sorriso esperto. — Gostaria de lhe pedir um favor.

Desta vez, o balançar da cabeça de Ryan veio acompanhado de um sorriso.

— Às ordens, senhorita.

Me Ame Intensamente |Justin Bieber|Onde histórias criam vida. Descubra agora