Entrevista de emprego

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P.O.V. Hope.

Nove horas da manhã e estou num prédio executivo. A Kingsley Coorp, é o típico prédio empresarial com uma placa estilizada, o logotipo era um jardim com a balança da justiça na frente, no lobie piso de mármore, os funcionários todos de terno carregando maletas de couro, falando no telefone. Alguns tomando café. 

O ar condicionado estava ligado, a recepcionista uma mulher negra com cabelo cheio de dreds muito bem maquiada que também usava um terno atendia o telefone.

Então ela me viu.

Me arrumei bastante, vesti um terninho preto com enormes abotoaduras douradas no meu blazer, passei maquiagem leve nos olhos, mas carreguei no batom. Um pouquinho de blush.

Secretária: -Você deve ser a candidata á secretária

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Secretária: -Você deve ser a candidata á secretária. Aguarde um momento que o senhor Kingsley já vai te chamar.

Percebi pelo tom de voz da recepcionista que ela não parecia muito feliz, como se estivesse triste ou desconfortável por mim. Mas, ignorei e me sentei num dos bancos da sala de espera, peguei uma revista qualquer e comecei a folear para matar o tempo. Como era uma revista de moda eu automaticamente me lembrei da Lizzie. Ela foi fazer Design de moda porque sempre gostou deste tipo de coisa.

Então, a recepcionista me chamou. E disse que o homem pediu para eu subir. 

Depois de pegar o elevador até o décimo andar eu logo fui encaminhada até o escritório do tal executivo.

O escritório era amplo com piso de mármore preto, uma mesa de centro de madeira de reuso e uma escrivaninha também de madeira, mas essa era uma antiguidade. Toda entalhada a mão.

E  vi o homem  loiro de olhos azuis com traços aristocráticos usando um terno preto sem blazer. Eu podia sentir a dor que ele tentava esconder embaixo da sua fachada, um dos desprazeres de se ser uma bruxa. O senhor Kingsley é um homem muito bonito, mas tem pinta de cafajeste. Ele até me deu uma secada. O que não me agradou. Me deixou desconfortável e não hesitei em manifestar meu desagrado.

 Me deixou desconfortável e não hesitei em manifestar meu desagrado

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Hope: -Pare de fazer isso.

O cara ficou chocado quando eu dei uma cortada nele.

P.O.V. Freddie.

Eu sou Frederick Kingsley, o C.O.E. da minha própria companhia que eu construí do zero. Minha mãe me criou sozinha depois que meu pai morreu, ela era diretora de um colégio para meninas. Um dos internatos femininos mais famosos e renomados da Inglaterra. A Escola Abbey Mount.

Estou procurando outra secretária depois que a última se demitiu. E essa ai é gostosa tem peitos grandes, curvas maravilhosas.

Hope: -Pare de fazer isso.

Ela me deu uma cortada e isso me chocou.

 -Se vai ficar dando encima de mim, me secando descaradamente todo dia, então esqueça. Eu não quero mais o emprego.- Falou se dirigindo até a porta. Me apressei em tentar impedi-la de sair.

Senhor Kingsley:-Espere. Eu sinto muito, sinto mesmo. Por favor, sente-se. Qual é o seu nome?

-Hope.- Disse ela entregando-me uma versão impressa e encadernada do que imagino ser o seu currículo. Suas mãos eram macias, as unhas estavam bem feitas, pintadas de francesinha e ela usava vários anéis bem delicados.

-Muito prazer, Hope. Bem, como deve saber eu sou Frederick Kingsley.

A resposta dela me pegou desprevenido. Foi direta e uma alfinetada.

 -Eu sei. Sei ler e sua placa é realmente o sinônimo de discrição.- Falou sendo irônica e olhando para a placa de identificação dourada sob a minha mesa.

Hope: -É um prazer conhecê-lo Senhor Kingsley.

Ela me estendeu a mão e eu apertei.

Senhor Kingsley:-Muito prazer, senhorita Hope. Por favor, sente-se.

A castanha se sentou na cadeira diante da minha mesa. E eu olhei o currículo dela.

Hope Andrea Mikaelson. Formada em Artes pela universidade Juliard e em Secretariado pela Universidade Harvard. É uma combinação inusitada.

Senhor Kingsley: -Então Artes e Secretariado?

 -Duas graduações, foi trabalhoso, mas valeu á pena.- Falou Hope com um sorriso simpático. 

Senhor Kingsley: -E porque você quer trabalhar aqui?

Hope: -Acho que vai ser bom para mim, sua empresa é muito importante, é conhecida vai me abrir algumas portas eu imagino. Sou esforçada, determinada e não tenho medo de trabalhar. Sou muito boa em atender telefones, anotar recados e sei fazer uma cafeteira funcionar. E sou do tipo de pessoa que sabe separar muito bem a vida pessoal, da vida profissional.

O tom dela era de aviso. Como se dissesse se acha que vai me levar para cama está errado.

Veremos.

Senhor Kingsley: -Vejo que estudou num Internato para jovens ricos e problemáticos.

Hope: -Bem, ninguém é perfeito. Todos fazemos coisas das quais nos arrependemos, não concorda?

Senhor Kingsley: -Sim. Concordo.

Ela já tem vinte e três anos, duas graduações.

Senhor Kingsley: -Bem, está contratada para um período de experiência.

Hope: -Obrigado, senhor Kingsley. Não vai se arrepender.

Senhor Kingsley: -Espero que não. 

P.O.V. Hope.

Consegui. Amanhã eu começo no emprego novo. Mas, fato interessante. Eu só aceitei tentar trabalhar aqui não porque eu preciso deste emprego, mas porque Frederick Kingsley precisa de mim. Sinto que preciso estar aqui. Foi só depois de ficar mais velha, de amadurecer foi que eu realmente entendi que ser uma bruxa não é só lançar e desfazer feitiços, é ajudar as pessoas. Seguir meus instintos, a intuição, sentir quando algo está errado e tentar impedir que aconteça, sentir quando alguém tem um problema especialmente problemas emocionais e tentar ajudar. Tem magia nisso. Muito mais profunda do que qualquer talismã, âncora ou um feitiço que usa palavras.

Então minha próxima missão é o Frederick Kingsley.

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