xxxviii. uma nova amiga.

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Meus pensamentos estavam vidrados na conversa que tive com Keigo noite passada. Eu me sentia a pessoa mais egoísta do mundo por esboçar uma falsa reação de felicidade.

Mas como eu poderia demonstrar qualquer sinal de alegria ouvindo uma notícia daquela?

Posso estar sendo exagerada, mas essas missões devem ser perigosas. Não queria pensar nisso, de jeito nenhum, mas meus pensamentos puxavam outras situações que me deixava desconfortável e eu não podia evitar pensar nisso.

Não tenho trabalho hoje e as aulas voltam apenas semana que vem. Íris me deu uns dias de descanso porque o que aconteceu naquele dia rapidamente se espalhou, não sei as proporções do evento, mas, honestamente não me surpreendi por todos ficarem rapidamente sabendo.

Estava mantendo uma conversa curta com Marie pelo telefone, não falei nada sobre Keigo e nem pretendo, mas eu pedia desesperadamente pra ela me arranjar logo aquele maldito teclado.

Marie ♡: Eu juro que estou tentando, não sei o que há de errado com ele.

Me: Obrigada por estar me ajudando, de verdade.

Marie ♡: Não é nada, eu prometo entregar até semana que vem.

Semana que vem ele não estará mais aqui... Eu deveria me acostumar com essa ideia. Quando ele estiver de volta, eu acho que já terei me acostumado com a ideia de que isso será frequentemente, afinal é o trabalho dele.

Eu deveria saber que essas coisas estariam inclusas no pacote de "namorar um herói profissional."

Suspirei fundo e deitei o telefone com a tela na cama. Meu rosto estava repousado no travesseiro e logo tratei de enfiar a cara inteira.

Tudo bem, calma... Não é necessário todo esse drama.

Não é, ele vai voltar bem e inteiro. Ele é o número Dois, ele consegue se cuidar muito bem.

- Você não saiu do quarto o dia todo, o que aconteceu? - A porta do quarto é aberta sem cerimônias e eu levanto o meu corpo desesperadamente. - A mamãe e o papai saíram pra uma reunião, só avisando.

- Não quero sair. - O encarei nos olhos com o cenho franzido.

- Não estou te obrigado, só quero saber o porquê. - Ele disse bem humorado, entrando no cômodo.

- Mamãe me veio com um papo torto de fazer prova e ir pra outra faculdade do outro lado do Japão e blá blá blá... - Minha fala era acelerada.

- Sério? - Ele parecia meio surpreso. - Você aceitou?

- Claro que não. Mas e você, o que te traz aqui? - Sentei na cama e o olhei de cima abaixo. - E todo arrumado assim?

- Tia Olly vai viajar, vou até o aeroporto com ela, sabe? Despedidas.

- Ah, não! Ela também? - Perguntei frustrada. - Tenho medo dessas coisas... - Respondi abraçando meu próprio corpo.

- Ela também? Como assim? - Ele perguntou confuso.

- Hawks também vai pra lá. - Revirei os olhos em resposta.

- Quem sabe eles não foram enviados pra mesma missão ou algo do tipo? Mas é estranho eles pedirem por heróis de outros estados... - Koji disse reflexivo. - Não se preocupe tanto, garanto que eles vão voltar bem.

- Que legal - Digo em um tom de deboche e levanto da cama num salto, começo a andar pelo quarto. - Isso parece cena daqueles filmes de guerra onde todos os heróis são obrigados a ir.

- Não é uma comparação muito justa. - Ele tentou me acalmar, negando com a cabeça. - Mas você vem comigo? Se despedir da Olívia?

Fiquei pensativa, não tinha nada pra fazer durante a tarde então acenei positivamente. Koji assentiu e saiu do quarto para que eu me arrumasse e assim o fiz.

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