ㅤㅤㅤ ATO SEIS.

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Hoje já é sexta, fazem três dias desde que você e Keigo resolveram atar um relacionamento não-assumido.

Estava feliz, apesar de tudo. O que importa de fato é estar junto dele, certo? Agora nada mais seria capaz de separá-los, não mesmo.

Sua mãe não tocou mais no assunto, mas você tinha certeza que aquilo não havia acabado por ali. Ficar no mesmo ambiente que ela costuma ser muito constrangedor, ela lhe encarava algumas vezes, causando leves arrepios no seu corpo e a única coisa que você queria era sair da presença dela o mais rápido possível.
Durante o jantar, por exemplo, ela fazia questão de contato visual quase o tempo todo como se estivesse ameaçando você apenas com o olhar.

O pesar nos ombros era inevitável, mas seguiu firme quanto à isso.

Seu quarto agora estava mais leve. A escrivaninha estava livre de papeladas, os livros estavam escondidos em algum canto no chão, não estavam esparramados, apenas cobertos com um lençol num canto ao lado da porta. Não iria arrumar eles tão cedo assim, com certeza.

E quanto ao Hawks... Bem, as coisas com ele estavam indo muito bem. Hoje, sendo o seu primeiro dia de trabalho na livraria, tinha combinado de encontrar com ele na agência horas antes - porque a biblioteca fica no caminho, então mataria dois coelhos numa cajadada só.

Não deixe Rumi ouvir isso.

Seu coração estava tão acelerado, nunca se imaginou passando por isso antes, era uma sensação nova e extremamente mágica. Não era um sentimento monótono; toda vez que pensava nele, em futuros beijos, abraços e conversas românticas, era como se estivesse sentindo tudo de novo, às vezes o sentimento vinha mais intensamente, outras vezes, ele parecia novo, jamais sentido antes.
Apaixonar-se pode ser bom. Se soubesse, teria feito isso mais vezes. No entanto, achou melhor ter amado ele primeiro - mas no fundo, você tinha certeza que não seria na mesma intensidade se tivesse amado outro alguém no lugar dele.

Talvez fossem mesmo almas gêmeas.
Sentia-se boba só em pensar nele, e isso era totalmente visível. Chegava a ser cômica a sua cara de besta apaixonada pensando nele.

- Não, não! Você 'tá errando tudo, Saito! - Marie chamou sua atenção, estalando os dedos na frente do seu rosto, te fazendo acordar para o mundo real. - Você está bem?
Estava dedilhando o teclado de um jeito desengonçado, tocava e não tocava nada. Sentiu as suas bochechas arderem por ter sido chamada atenção e encolheu um pouco os ombros e pescoço.

- Desculpa. - Balançou a cabeça tentando se desvencilhar dos pensamentos. - Estou um pouco distraída.

- É melhor você voltar pra terra - Ela encostou no teclado. - Olha, você está tocando no tom errado. - Ela disse e você retirou suas mãos do instrumento, deixando que ela pudesse lhe mostrar melhor. - Essa música que você me pediu é de tom B, você está tocando em tom C, dó maior. - Ela corrigiu, fazendo agora de forma certa, dedilhando as teclas numa facilidade tremenda. Você apenas a encarou incrédula. - Viu só?

- Você é realmente muito boa nisso, Marie. - Não pôde negar, a garota fazia os acordes em pé e com certeza conseguiria tocar tranquilamente com os olhos fechados.

- Você também é, só precisa se concentrar mais. - Deu um leve tapinha na sua cabeça pra te repreender. - Faltam cinco minutos pra tocar a campa, melhor irmos embora pra aula.

Você assentiu com a cabeça, retirou-se da frente do teclado e catou a mochila que estava na beira do palco. Marie andava com a sua nos ombros, marchando até a saída da sala, você logo acelerou os passos para acompanhar ela.

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