xxiv. festa de aniversário.

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- Feliz aniversário! - Koji me encarou com o rosto inchado de sono. Eram cinco e meia da manhã e eu estava de pé ao lado da sua cama com uma felicidade tirada sabe-se lá de onde. - Acorda, vamos nos arrumar.

- Sai daqui. - Ele resmungou meio sonâmbulo.

- Vem antes que a Daisy venha - Insisti, segurando seu braço e fazendo um leve esforço para tirá-lo da sua cama. Mas seu corpo estava pesado o suficiente para responder a qualquer toque.

É comum que Koji não goste muito de comemorar o próprio aniversário, ele acha que está ficando muito velho pra essas coisas. Eu tenho uma opinião meio diferente, gosto de festinhas, mas depende muito do meu humor no dia.

Hoje eu estava bem humorada pra mais tarde porque Olly e Yoshi virão. Eu estava feliz em finalmente vê-los de novo, eu precisava contar sobre o meu novo trabalho e... Mas se eles perguntarem sobre o Hawks? O quê eu digo? Provavelmente eles não farão isso, não na frente da mamãe e do papai.

Mas o tio Yoshi não tem medo de afrontar a mamãe.

Por Deus. Eu precisava pensar no que fazer caso aconteça uma situação parecida. Eu e ele não estamos brigados - quer dizer... Ele só não sabe o motivo ainda.

- O que você ainda 'tâ fazendo aqui? - Koji pergunta enquanto tira as cobertas do rosto, me lançando um olhar fuzilante.

- Ok, desculpa vou respeitar o aniversariante. - Falei dando de ombros enquanto me movia lentamente em direção a porta do seu quarto.

Deixando o cômodo, fiquei parada por um tempo no corredor pouco iluminado graças ao crepúsculo presente no céu, eu caminhei até a janela do corredor e lentamente a abri, já sentindo a primeira ventania da manhã bater no meu rosto. Ficar ali encarando os prédios a longa distância me deixou reflexiva.

Acho que não foi justo eu tratar Keigo daquela maneira, ele parece estar tão perdido quanto eu. Eu não posso perder ele pra minha desconfiança besta, até porque eu não vejo muitos motivos pra ele perder tempo comigo pra no final acabar tendo outra.

Eu quero confiar nele, quero muito. Mas parece que quanto mais aquela garota concretiza suas mentiras, mais insegura eu me sinto. Ele nunca me deu motivos pra eu não acreditar nele, pelo contrário, eu acho que entreguei minha vida inteira na palma de sua mão.

Mas eu ainda tinha a parte de mim que gritava que eu poderia estar sendo feita de otária. Eu não tenho que baixar muito a minha guarda, mas também não preciso ir com um exército pra cima dele.

Bom, se ele realmente tiver alguma coisa com aquela menina eu sinceramente não poderei fazer nada a respeito. Vou ter perdido ele sem mesmo ter tido a oportunidade de chamar ele de "meu."

Eu percebi que não estava preparada para os desafios da vida real.

Respirei fundo sentindo o cheiro das folhas molhadas pelo orvalho da manhã e permitindo que o ar circule lentamente pelos meus pulmões. Uma boa respirada consegue mandar oxigênio o suficiente para o cérebro.

É disso que você 'tá precisando mesmo.

Como ontem, acabei não comendo nada no café, apenas tomei um gole de suco - mas com aquele medo de que possa me fazer mal com o passar do dia.

- Você precisa comer, senão ficará muito fraca. - Daisy dissera enfiando torradas no meu prato. Eu as encarei esperando que sumissem da minha frente magicamente, mas não aconteceu, infelizmente. - Coma. - Ela insistiu.

Papai e mamãe levantam depois da gente, ontem foi um daqueles dias que chamamos de 'exceções' onde o nosso pai nos levou para a faculdade. Hoje seremos nós por nós mesmos.

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