xxvii. como um quebra-cabeça.

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Eu estraguei a festa de aniversário do meu irmão. Simplesmente isso, hoje deveria ser um dia feliz pra ele, mas acabou ficando marcado com um acontecimento horrível.

E tudo isso é culpa de quem? Exatamente, da mamãe por ela ser tão dramática e estressada, fala sério, não precisava de tudo aquilo. Poderíamos ter evitado essa briga se ela repelisse esses ideais malucos que ela tem.

Ou ela podia ter ficado quieta, tipo, e daí que a cunhada dela é uma heroína?

Ok, eu entendo os motivos dela, mas eu só queria poder fazer ela entender que não é fingindo que os problemas não existem que eles vão automaticamente sumir.

Eu andava resmungando, totalmente alheia do mundo.

- O que você 'tá falando aí? - Keigo perguntou enquanto balançava minha mão, tentando me tirar dos rodeios. - É algum segredo? - Ele perguntou novamente.

Estávamos andando de mãos dadas pelos becos escuros numa tentativa de nos desviarmos de muita atenção desnecessária. Apesar de ser uma ação perigosa e arriscada, eu não sentia medo algum, ele estava lá comigo, eu me sentia mais que segura, e não é nem porque ele é um pro-hero, é uma sensação inexplicável.

Mas também acho que ter socado a cara daquele maluco mais cedo me deixou mais confiante , talvez a presença de Hawks colaborasse para esse sentimento, de qualquer modo.

- Estou pensando em como o aniversário do meu irmão foi um fracasso. - Ergui os ombros encarando o chão. - E eu não me sinto culpada, estou me sentindo mal por não estar sentindo culpa. Você entende? - O encarei procurando por alguma aprovação.

Koji sabe de Keigo, e por ele estar ciente de tudo, ele acabou o chamando pra arquitetar um plano doido para que eu fosse até a casa da tia Olly e do Yoshi pra passar mais tempo com o Hawks e me fazer abrir os olhos pra perceber que nem tudo está perdido nessa família.

Eu sou diretamente responsável por essa discussão. Uma coisa levou a outra até chegarmos onde estamos.
Mas não me sinto culpada.

Estou em surto.

- Sinceramente, não. Mas dias melhores virão - Ele tentou me acalmar, me encarando para passar um pouco de paz e confiança. Mas ao encará-lo de volta, eu só me lembro de que estávamos aos beijos na agência e nos esbarrando vergonhosamente nas paredes. Meu rosto ardeu rapidamente. - E ainda dá tempo de reverter a situação, ainda é aniversário dele. São... - Checou o relógio de pulso. - Onze e vinte, dá um pouco de tempo sim. - Confirmou novamente.

Ele tentou me convencer com um sorriso no rosto e eu encarei o chão novamente corada. Notei que nossos pés caminhavam em sincronia.

Ele estava certo, eu poderia dar um jeito nisso.

Nossas mãos ainda estavam presas uma à outra, elas se encaixavam como se tivessem sido moldadas juntas - como se fossem duas peças de um quebra cabeça que finalmente encontraram seus respectivos encaixes. Quando sua pele tocava a minha, eu sentia fogos de artifício clichês explodindo em meu estômago. Eu deveria começar a me acostumar com esse tipo de contato porque eu sinto que será mais frequente.
Ficamos quietos.

- Eu fiz uma amiga... O nome dela é Marie, ela resolveu me ensinar a tocar teclado - Resolvi começar a contar sobre as novidades para evitar o silêncio, nesses dois dias, essas foram as únicas coisas de interessante que me aconteceu. Não iria citar a tal da Timothy, não mais, prefiro evitar mais confusão. - Ela é doidinha, mas ela é bastante legal e engraçada.

- Teclado? Legal, legal. - Ele balançou a cabeça positivamente. - Aprenda logo porque eu ainda quero te ouvir tocando. - Disse ele, eu notei sinceridade no seu falar.

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