xxv. conselheira amorosa, pro hero número 5.

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Até que ponto uma mentira pode ser sustentada?

É relativamente saudável contar uma ou duas, mas quando você começa a criar mais vinte para sustentar as primeiras, talvez já não seja mais tão tolerável nem para si mesmo.

Mentir pra si mesmo de que está tudo bem quando na verdade o mundo fora dos seus pensamentos parece desabar também não parece ser muito bom.

Você sentia que aquela conversa não tinha acabado ali, embora as palavras proferidas tenham sido rasas, a profundidade estava no bruto que foram ditas - e isso definitivamente muda todo o jogo.

Queria voltar no tempo e se impedir de fazer alguma coisa, tudo poderia ter ficado bem se não fosse a maldita vontade de querer mostrar uma raiva - que convenhamos ter sido desnecessária - pra provar o seu ponto.

Afinal, apenas a sua palavra valia? E quanto a dele? Por que é tão mais fácil acreditar em superstições mentais criadas por uma mente insegura e dilacerada que em uma pessoa que - com certeza - jamais faria algo tão repugnante trair a confiança de alguém? Quer dizer, ele se provou ser uma boa pessoa em todos os sentidos, por que não se focar esses atos sólidos e esquecer aquelas cenas mal-interpretadas?

Mentir pra si mesma de que acreditava fielmente que aquela garota poderia ter algo com ele era extremamente devastador. Você não acreditava de fato naquilo, não mesmo. Mas visivelmente era impossível dizer que aquilo poderia ser só uma encenação por parte dela.

Se sentiu mal por ter se colocado; colocado ambos nessa situação chata. E não importa se aquela conversa terminou de um jeito amigável, não podiam negar que o clima entre vocês - mesmo que ambos estejam em lugares muito distintos agora - estava pesado e tenso.

Suspirou fundo com os olhos fechados e encarou o seu reflexo naquele minúsculo espelho enquanto dava os últimos retoques no seu cabelo, passava um creme com uma essência de cheiro satisfatório enquanto mantinha seus pensamentos presos em ter que parecer estar feliz e sorridente pra cumprimentar a todos durante a pequena festa. Não seria nada muito festeiro, nem formal demais, era só um jantar.

Logo logo acabaria - Você sorriu, treinando os músculos do rosto para parecer um ato genuíno de felicidade que seja convincente.

Era por volta das dez e meia. A orla de Fukuoka estava movimentada para uma terça-feira bem tarde da noite. Havia banhistas, pessoas caminhando em grupos já outras, com seus animais de estimação; os estabelecimentos - felizmente - estavam repletos de pessoas, as mesas pareciam não existir com tantas pessoas. Do outro lado da praia, um canto mais reservado, tinha um ensaio de fotos acontecendo.

Era uma noite espetacular e comum para os habitantes de Fukuoka.

Menos para Keigo, ele não estava totalmente triste mas não podia dizer que estava satisfeito com algo.

A brisa gelada que o mar levava e trazia era refrescante e combinava perfeitamente com o clima gostoso da noite estrelada e iluminada pelas lanternas coloridas que pairavam sob sua cabeça naquele pequeno quiosque.

Encarar as pessoas no meio da areia estava começando a ficar entediante pra ele. É chato apenas assistir, mas é mais chato andar até lá sozinho sem muitas expectativas de que vá mudar algum pensamento.

Keigo estava sentado na cadeira de um quiosque qualquer na beira da calçada acompanhado de Rumi e Tokoyami - geralmente ele não convida seus estagiários para esse tipo de coisa, na verdade é bem raro o herói número dois ser visto em momentos de lazer, mas o garoto educadamente se ofereceu para fazer companhia. Keigo resolveu abrir uma exceção quanto à essa última informação, ele não conseguiu dizer não, qualquer companhia era bem-vinda.

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