quinze

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QUINZE

Às sete horas daquela noite o humor de Ingrid se transformou de modo espantoso. Ou talvez não tão espantoso. Chego ao corredor de baixo e vejo-a saindo da sala de estar com um copo de coquetel, olhos injetados e rosto vermelho.

- Então! - diz benevolente. - Você vai sair com Emma esta noite.

- Isso mesmo. - Olho-me no espelho. Escolhi uma roupa bem informal. Jeans, uma blusa simples, sandálias. Cabelo novo brilhante. Clic.

- Ela é uma mulher muito atraente. - Ingrid me olha com ar interrogativo por cima do copo. - Muito... forte.

- É... é. Acho que sim.

- É isso que você vai usar? - Ela passa os olhos pela minha roupa. - não é muito chamativa, não acha? Deixe-me emprestar alguma coisa.

- Não me incomodo em não ser chamativa - começo, sentindo algum receio, mas Ingrid já desapareceu escada acima. Alguns instantes depois reaparece segurando uma caixa de bijuterias.

-Aqui estamos. Você precisa de um pouco de brilho. - Pega um prendedor de cabelo, de strass, em forma de cavalo marinho. - Comprei em Monte Carlo!

- É... lindo! - digo olhando-o horrorizada. Antes que possa impedir, ela puxa meu cabelo de lado e o prende. E me olha, avaliando. - Não... acho que você precisa de uma coisa maior. Aqui. - Ela pega um grande besouro cheio de pedras e prende no meu cabelo. – Pronto. Está vendo como o ruby caiu bem em você? 

Olho meu reflexo, sem fala. Não posso sair com um besouro brilhante na cabeça.

- E isso é muito chique! - Agora está pendurando uma corrente dourada na minha cintura. – Deixe-me pendurar os pingentes na...

Pingentes?

- Sra. Mitchell... - começo, aturdida, enquanto George sai do escritório.

- Acabei de pegar o orçamento para o banheiro-diz ele a Ingrid.

- Esse elefante cheio de brilho não é lindíssimo? - diz Ingrid, prendendo-o no cinto dourado. - E o sapo!

- Por favor - digo desesperada. - Não sei se preciso de nenhum elefante ...

- Sete mil - George me interrompe. - Parece bem razoável. Mais o imposto de valor agregado.

- Bem, quanto é o imposto? – pergunta Ingrid, remexendo na caixa. – Onde está aquele macaco?

Estou me sentindo uma árvore de natal. Ela vai colocando cada vez mais penduricalhos no cinto, para não mencionar o besouro. E Emma chegará a qualquer momento ... e vai me ver...

- Não sei! - retruca George impaciente. - Quanto são dezessete e meio porcento de sete mil?

- Mil duzentos e vinte e cinco - respondo distraída.

Há um silêncio perplexo.

Merda. Isso foi um erro.

Levanto os olhos e vejo Ingrid e George me espiando arregalados.

- Ah ... sei lá - digo com um riso distraído. – Só tentei adivinhar. Então ...tem mais algum pingente?

Nenhum dos dois me dá a mínima importância. Os olho de George estão fixos no papel que ele segura.

Muito devagar ergue os olhos com a boca se mexendo estranhamente.

- Ela está certa - diz com voz estrangulada. -Está totalmente certa. É a resposta correta. - Ele bate no papel. - Está aqui!

- Ela está certa? - Ingrid inala com força. – Mas como ...

- Você viu. - A voz de George cresce até um guincho ridículo. - Ela fez de cabeça!

Regina Mills, executiva do lar - SwanQuennOnde histórias criam vida. Descubra agora