vinte e quatro

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VINTE E QUATRO

Estou errada. O interesse da mídia não diminui. Acordo na manhã seguinte e encontro o dobro de jornalistas de ontem, acampados do lado de fora, além de dois furgões de TV. Quando desço, carregando uma bandeja de xícaras de café sujas, vejo Elsa encostada na janela, olhando a cena.

- Oi - diz ela. - Já viu quantos jornalistas?

-É. - Não consigo deixar de parar junto dela e olhar de novo. - É totalmente maluco.

- Deve ser realmente esmagador. - Ela joga o cabelo para trás e examina as unhas por um momento. -Mas você sabe... estou aqui para o que der e vier.

Por um momento acho que devo ter ouvido mal.

- É... o que...?

- Estou aqui para ajudar você. - Elsa levanta a cabeça. - Sou sua amiga. Vou ajudá-la a passar por isso.

Estou pasma demais até mesmo para rir.

- Elsa, você não é minha amiga - digo o mais educadamente que posso.

- Sou sim! - Ela parece totalmente inabalável -Sempre admirei você, Regina. Na verdade, sabia o tempo todo que você não era realmente uma empregada doméstica. Sabia que havia mais alguma coisa.

Não acredito. Como ela pode ficar ali parada, tão cara-de-pau?

- De repente você é minha amiga. - Não tento esconder o ceticismo. - E isso não tem nada a ver com o fato de ter descoberto que sou advogada? Ou com o fato de você querer uma carreira no direito?

- Sempre gostei de você - diz ela teimosamente.

- Elsa, qual é! - Dou-lhe o olhar mais duro que consigo, e para minha satisfação vejo apenas um minúsculo tom de rosado aparecer em volta de suas orelhas. Mas a expressão permanece impassível.

Odeio dizer, mas essa garota vai ser uma ótima advogada.

- Então... quer mesmo me ajudar? – pergunto franzindo a testa, pensativa.

- Quero! - Ela assente, com uma fagulha de empolgação no rosto. - Poderia servir como elemento de ligação com a Carter Spink... ou você poderia me contratar como porta-voz...

- Será que poderia levar isto? - Entrego-lhe a bandeja que estava carregando, com um sorriso doce. -E tenho uma camisa que precisa ser passada. Só tenha muito cuidado com o colarinho, certo?

Sua careta é inestimável. Tentando não rir, continuo a descer e entro na cozinha. George está sentado à mesa coberta de jornais e levanta a cabeça quando entro.

- Você saiu em absolutamente todos os jornais. - informa. - Olhe. - E mostra uma matéria de duas páginas no Sun. Há uma foto minha superposta em um vaso sanitário, e alguém desenhou uma escova de limpar privada numa das minhas mãos. "Prefiro lavar privadas!" Está escrito em letras enormes perto do meu rosto.

- Ah, meu Deus. - Afundo numa cadeira e olho a foto. – Por quê?

- É agosto - diz George, folheando o Telegraph. Não há mais nada no noticiário. - Diz aqui que você é "uma vítima da sociedade atual obcecada pelo trabalho". - Ele vira o jornal para me mostrar um pequeno item com a manchete FIGURONA DA CARTER SPINK ESCOLHE TRABALHO BRAÇAL DEPOIS DE BOATOS DE ESCÂNDALO.

- Diz aqui que você é "uma judas para as mulheres profissionais em toda parte". - Atrás de mim Melissa largou a bandeja na bancada com um estrondo e pegou o Herald.

- Olhe: essa colunista, Mindy Malone, está realmente furiosa com você.

- Furiosa? - ecôo perplexa. - Por que alguém estaria furiosa comigo?

Regina Mills, executiva do lar - SwanQuennOnde histórias criam vida. Descubra agora