Vinte e seis

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Ooie, demorei pouquinho mais do que o esperado mas aqui estou.
Chegamos ao último!!!
Muuuito obrigada por me acompanharem.
Espero que gostem e boa leitura!!

VINTE E SEIS

Sinto-me entorpecida. Realmente tudo acabou. Estou sentada num compartimento de primeira classe no trem para Londres, com os outros sócios. E um trem expresso. Em duas horas estarei de volta. Estou com uma meia-calça nova. Minha maquiagem foi consertada. Até dei uma nova declaração à imprensa, montada às pressas por Hilary.

— Ainda que eu sempre vá sentir afeto por meus amigos em Lower Ebury, nada é mais empolgante e importante na minha vida agora do que a carreira na Carter Spink.

Disse isso com bastante convicção. Até encontrei um sorriso em algum lugar quando apertei a mão de David Elldridge. É possível que eles possam publicar uma foto disso, e não aquela em que dou um soco em Daniel. Nunca se sabe.

Enquanto o trem sai da estação sinto uma pontada dolorosa e fecho os olhos um momento, tentando ficar composta. Estou fazendo a coisa certa. Todo mundo concordou. Tomo um gole de cappuccino, depois outro. Se eu beber café suficiente talvez ele me sacuda para ficar viva. Talvez eu pare de me sentir num sonho.

Espremido no canto diante de mim está o cinegrafista do documentário, junto com o produtor, Dorninic, um cara com óculos chiques e casaco de brim. Sinto a lente da câmera em mim, seguindo cada movimento, dando zoom, pegando cada expressão. Realmente gostaria de não ter isso.

— E assim a advogada Regina Mills deixa o povoado onde era conhecida apenas como empregada doméstica — está dizendo Dominic ao microfone em voz baixa, tipo documentário de TV. — A questão é... será que ela tem algum arrependimento? — Ele me dá um olhar interrogativo.

— Achei que você deveria só filmar sem dizer nada — respondo com olhar maligno.

— Aí está você! — Daniel larga um pesado monte de contratos no meu colo. — Este é o acordo da Samatron. Crave os dentes nisso.

Olho a pilha de papéis, com muitos centímetros de grossura. Houve um tempo em que ver um contrato novo em folha me causava uma descarga de adrenalina. Sempre queria ser a primeira a ver alguma anormalidade, a primeira a levantar alguma questão. Mas agora me sinto vazia.

Todo mundo no vagão está trabalhando. Folheio o contrato tentando juntar algum entusiasmo. Ora. Esta é minha vida agora. Assim que voltar ao pique começarei a curtir de novo.

— Dos livros de culinária aos contratos — murmura Dominic ao seu microfone. — Das colheres de pau às ordens judiciais.

Esse cara está realmente começando a me encher o saco.

Viro-me para o contrato. Mas as palavras se embaralham diante dos meus olhos. Não consigo me concentrar. Só consigo pensar em Emma. Tentei ligar, mas ela não atendeu. Nem respondeu aos textos.

É como se não quisesse saber mais de mim.

Como tudo pode estar acabado? Como ela pode simplesmente ter partido?

Meus olhos começam a se turvar com as lágrimas de novo e pisco furiosa para afastá-las. Não posso chorar. Sou sócia. Sócios não choram. Tentando segurar a onda, olho pela janela. Parece que estamos diminuindo a velocidade, o que é estranho.

Regina Mills, executiva do lar - SwanQuennOnde histórias criam vida. Descubra agora