Anny
Eu e Mel terminamos de arrumar nossas coisas e colocamos as malas na caminhonete. Enquanto Mel foi verificar se os meninos já estavam prontos, entrei na caminhonete e, assim que fiquei sozinha, as lágrimas finalmente escaparam.
Eu odeio me sentir vulnerável a ponto de chorar na frente das pessoas. Estava tentando me recompor quando escutei uma batida leve na janela. Enxuguei as lágrimas rapidamente e abaixei o vidro.
— Oi, Marcos — falei, forçando um sorriso para disfarçar a tristeza.
Ele me olhou com aquele jeito brincalhão de sempre.
— Desce desse carro, Anny. Para de tentar ser durona.
Suspirei e desci, sabendo que não adiantava fingir.
— Eu tô bem — insisti, mesmo sem acreditar nas minhas próprias palavras.
Marcos cruzou os braços e arqueou uma sobrancelha.
— Eu te conheço, Anny. Sei que você odeia que vejam você chorando. Vem cá.
Ele me puxou para um abraço apertado, e eu cedi, deixando a tensão escapar por alguns segundos.
— Apesar de você ser um babaca às vezes, ainda te acho incrível — falei, sorrindo entre lágrimas.
Ele riu.
— Eu sei, e nunca deixei de te achar incrível também.
Fiquei um instante em silêncio antes de perguntar:
— Por que, desde que você voltou, nossa amizade nunca mais foi a mesma?
Marcos suspirou, passando a mão pela nuca.
— Acho que eu fiquei com vergonha depois de tudo...
— Vergonha de quê? Não precisava — falei, balançando a cabeça.
Minha história com Marcos é longa, mas vou contar para vocês depois. Agora, havia outras coisas na cabeça dele.
— Mas chega de drama. Senta aqui e me conta essa história sua com o Maycon — ele disse, apontando para a lateral da caminhonete.
— Como você sabe? — perguntei, desconfiada.
— Eu desconfiei assim que vi vocês juntos, mas só tive certeza agora — ele disse, rindo.
— Você jogou verde e colheu maduro, né? — provoquei, e nós rimos juntos.
Nos acomodamos na caçamba da caminhonete e ficamos ali, conversando e rindo, como nos velhos tempos.
Maycon
— Vocês já terminaram de arrumar as coisas? — perguntou Mel, entrando no quarto.
— Ainda não — respondeu Luís, meio distraído.
— Eu já terminei. Só faltam esses dois aí — falei, apontando para Noah e Luís.
— O Noah tá trancado no banheiro faz um tempão — comentou Luís.
Mel soltou um suspiro divertido.
— Ele e a Anny são iguais.
— Como assim? — perguntei.
— Eles tentam se fazer de durões, mas, na verdade, só não querem que ninguém os veja tristes — explicou Mel.
— Já vi a Anny triste algumas vezes — falei, lembrando de momentos que ela havia se permitido ser vulnerável comigo.
— É porque ela gosta de você — disse Noah, saindo do banheiro com os olhos inchados de choro.
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Mudanças - Meu Novo Vizinho
Teen Fiction"Fora do padrão." É assim que a sociedade costuma rotular quem não se encaixa nos moldes pré-estabelecidos. Quer saber minha opinião? Para mim, estar fora do padrão significa ser única. Neste livro, vou contar a história de Anny, uma jovem que já en...