Capítulo 4

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Maycon

Depois de cantar com a Anny, resolvi dar uma volta. Fui até um mercadinho próximo e comprei alguns salgadinhos, doces, refrigerante e água. Aproveitei e passei em uma lanchonete para comer algo rápido antes de voltar para casa. Quando cheguei, tomei um banho e me deitei num colchão no chão, já que a cama ainda não tinha chegado. O sono me venceu rápido.

Acordei por volta das 4:30 da manhã e, como não consegui voltar a dormir, fui até a varanda do meu quarto. O céu estava estrelado, e eu me sentei para apreciar a vista.

Anny

Acordei por volta das 4:55 da manhã, também sem conseguir voltar a dormir. Decidi ir até a varanda do meu quarto para espairecer um pouco. Assim que cheguei lá, vi o Maycon, sentado na varanda dele, olhando para as estrelas.

Ele é tão bonito... Pena que ele nunca se interessaria por mim. Eu, uma menina gorda e sem graça... Ele não veria nada além de uma amiga.

— Ei! Planeta Terra chamando Anny — disse Maycon, quebrando o silêncio e me tirando dos pensamentos.

— Ah, oi! Nem tinha te visto aí — menti, sem graça.

— Claro que não, você estava perdida nos pensamentos. Posso saber o que tanto pensava? — ele perguntou, curioso.

— Ah, nada demais... Apenas pensando nas minhas inseguranças noturnas — falei, tentando não parecer tão afetada.

— Inseguranças? E por que você se sente assim? — Maycon perguntou, olhando-me com interesse.

— Elas vêm do nada. Às vezes, é algo como cantar. Eu me sinto muito insegura cantando — confessei, um pouco envergonhada.

— Não entendo o porquê. Você canta tão bem — ele falou, sincero. — De verdade, nunca ouvi alguém cantar tão bem quanto você.

— Nossa, obrigada... — agradeci, sem jeito. — E você? O que está fazendo acordado a essa hora? — perguntei, mudando de assunto.

— Perdi o sono. E você? — ele devolveu a pergunta.

— Também perdi o sono. Você está morando aí sozinho? — perguntei, tentando manter a conversa.

— Não, minha mãe chega amanhã — ele respondeu.

— Ah, então vão ser só você e ela aqui? — perguntei novamente.

— Sim, só nós dois. Meu pai faleceu há algum tempo — disse Maycon, com um olhar triste.

— Sinto muito... — falei, sem saber o que mais dizer.

— Tudo bem. Mas olha, o amanhecer está incrível hoje — ele disse, mudando o clima da conversa.

— Verdade, está lindo — concordei, admirando o céu que começava a clarear.

Ficamos em silêncio por um tempo, observando o amanhecer. Depois de um tempo, o sono voltou a me dominar.

— Vou entrar agora. — me despedi.

— Eu também vou. Até mais — respondeu Maycon.

Entrei e me joguei na cama, dormindo rapidamente.

Maycon

Depois da conversa com a Anny, voltei para o meu quarto e dormi. Quando acordei, já eram 13h30, e minha mãe estava me ligando.

Ligação de "minha rainha 👸" on:

— Alô, filho?

— Oi, mãe.

— Se arruma aí que já estou chegando com as coisas.

— Tá bom, mãe.

— Estou levando comida. Beijos, até já!

— Ok, tchau, mãe.

Ligação off.

Levantei, tomei um banho rápido e coloquei uma bermuda folgada, ficando sem camisa. Comi algumas besteiras até o caminhão da mudança chegar. Ajudei os homens a descarregar tudo, enquanto minha mãe resolvia o pagamento. Depois, ela me pediu para colocar o carro na garagem do condomínio.

Anny

Acordei, fiz minha higiene matinal, tomei café e fiquei mexendo no celular até a Luna me chamar para ir ao mercadinho comprar algumas coisas que minha mãe pediu. Assim que saímos de casa, Luna paralisou no meio do caminho. Quando olhei para frente, entendi o porquê: Maycon vinha em nossa direção, sem camisa.

Ai meu Deus! Que homem é esse?!, pensei.

— Oi, meninas, tudo bem? — Maycon cumprimentou assim que se aproximou.

— Oi... tu... tu... tudo sim! — respondi, envergonhada.

— Menino, que corpo é esse? Jesus, chama uma ambulância que eu estou passando mal! — disse Luna, sem vergonha alguma, arrancando risadas de Maycon.

— Luna! — eu a repreendi, morta de vergonha.

— Ué, tô mentindo? — ela respondeu, completamente descarada.

— Relaxa, Anny. Ela é bem divertida — disse Maycon, ainda rindo.

— Não liga pra ela... Já temos que ir, né, Luna? Já chega de "babar" no vizinho — falei, tentando encerrar a situação.

— Ah, você também babou, eu sei — Luna provocou, me deixando ainda mais envergonhada.

— Babou? — perguntou Maycon, com um sorriso malicioso no rosto.

Ai meu Deus, que vergonha! pensei, querendo desaparecer.

— Babei? Que dizer... Não! Que dizer... Ai, meu Deus! Vamos, Luna! Tchau, Maycon! — falei, puxando Luna e saindo rapidamente para evitar mais constrangimentos.

Maycon

A Anny fica tão fofa quando está envergonhada. Assim que elas se afastaram, eu peguei o carro da minha mãe e o coloquei na garagem do condomínio ao lado. Quando voltei para casa, encontrei minha mãe arrumando as coisas.

— Já coloquei o carro na garagem — avisei, mas acabei assustando-a.

— Você quer me matar, moleque?! — ela disse, recuperando-se do susto.

— Foi mal! — respondi, rindo.

— Para de rir! Eu quase morri aqui! — disse ela, sempre dramática.

— Tá bom, vou parar — falei, tentando me segurar.

— Quem eram aquelas meninas? Já chegou paquerando, né? — perguntou ela, com aquele tom curioso de mãe.

— Primeiramente, elas são a nossa vizinha e sua prima. E segundo, não estou paquerando ninguém. Vamos logo terminar de arrumar as coisas antes que você me faça mais perguntas! — falei, fugindo do assunto, e fomos continuar a arrumação.

Anny

Eu ainda queria matar a Luna depois daquela vergonha! No mercadinho, peguei uma cesta e fui pegando as coisas que nossa mãe pediu.

— Eu quero te matar, sabia? — falei para ela.

— Foi mal, saiu automático! — ela se defendeu, sem um pingo de arrependimento.

— Não sei como você consegue ser tão descarada — falei, rindo.

— Nasci assim, querida! — ela respondeu, rindo também.

— Verdade — concordei, sabendo que era exatamente o jeito dela.

Depois de terminarmos as compras, voltamos para casa e subimos para o meu quarto. Começamos a preparar nossas fantasias de carnaval, como fazemos todo ano. Sempre combinamos os looks para os dias de folia, e naquele ano não seria diferente.

Mudanças - Meu Novo VizinhoOnde histórias criam vida. Descubra agora