Capítulo 5

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Um dia antes do Carnaval

Maycon

Me matriculei em uma escola perto de casa, mas ainda não comecei a estudar. Tenho ajudado minha mãe com a casa desde que ela começou a trabalhar recentemente. Decidi ir às aulas só depois do carnaval. Quando morava em São Paulo, fazia o ensino médio junto com um curso técnico em administração, e por sorte, essa escola aqui também oferece o mesmo curso, então poderei continuar de onde parei. Vou para o 2º ano, (sim, repeti), mas as aulas começam logo depois do carnaval.

Sobre a Anny e a Luna, eu as vejo de vez em quando, mas não tenho conversado muito com elas. Estava ocupado com a mudança. Hoje, estava no meu quarto tocando violão quando ouvi alguém me chamar. Saí na varandinha para ver quem era.

— Ô, mané! — gritou Luna, da varanda do quarto da Anny.

— Oi, Luna! — respondi, rindo.

— Então, eu, Anny e o irmão dela vamos dar um mergulho na piscina do condomínio. Quer ir com a gente? — perguntou.

— Claro! — respondi sem hesitar.

— Daqui a 15 minutos a gente tá indo, ok? — ela avisou.

— Ok, vejo vocês daqui a pouco — falei e voltei para dentro.

Coloquei uma sunga, peguei meu celular com uma capa à prova d'água e uma toalha. Vesti uma bermuda e fui para a sala.

— Vai pra piscina? — perguntou minha mãe.

— Sim, Luna me chamou pra ir com ela, Anny e o irmão da Anny — expliquei.

— Tá bom, aproveita! — ela disse, e eu saí para esperar o pessoal na frente de casa.

Anny

Estávamos em casa sem fazer nada, até que Luna sugeriu irmos à piscina do condomínio, e todos concordamos. Minhas aulas voltaram, mas pararam hoje por causa do carnaval. Fui me arrumar, coloquei um biquíni de cintura alta azul-escuro e fiz um coque no cabelo. Peguei uma toalha e coloquei um short por cima do biquíni.

— Convidei o vizinho — disse Luna entrando no quarto.

— O quê? — perguntei surpresa.

— Convidei o vizinho. Nem vem com besteira, ele vai com a gente e ponto. — Ela sabia que eu ia questioná-la.

— Tá, né — respondi, sem querer discutir. Afinal, ele parece ser gente boa.

Saímos de casa e passamos na casa do Maycon para chamá-lo. Ele atendeu rápido.

Maycon

Esperei um pouco até ouvir Luna me chamar.

— Oi, gente! — falei ao vê-los.

— Tá pronto? — perguntou Luna.

— Estou. Vamos? — respondi.

— Vamos! — Luna e o irmão da Anny, Noah, gritaram animados, mas percebi que Anny parecia um pouco distante.

No caminho, conheci Noah, e ao chegarmos à piscina, todos pularam na água. Depois de um tempo nos divertindo, notei que Anny ficou um pouco desconfortável quando algumas meninas chegaram e se deitaram nas espreguiçadeiras para tomar sol. Fui até ela, que estava no canto da piscina.

— Tá tudo bem? — perguntei.

— Uhum — ela respondeu, mas olhava para as meninas com um olhar pensativo e triste.

— Não parece... — insisti.

— Por que acha isso? — ela perguntou, me encarando depois de olhar para as meninas novamente.

— Só uma sensação. Desde que aquelas meninas chegaram, você pareceu ficar pensativa e meio triste. Elas fizeram algo? — perguntei, curioso.

— Não, elas são legais. Só estava pensando em uma coisa... — disse, desviando o olhar.

— Posso saber o que era? — perguntei.

— Talvez... Mas antes, me responde uma coisa. Pode ser? — ela falou, hesitante.

— Claro — respondi.

— Seja sincero, tá? — ela pediu, e fiz que sim com a cabeça. — Se você fosse ficar com alguma menina, ela teria que ter um corpo bonito, como o daquelas meninas, ou um corpo como o meu? — perguntou, me pegando de surpresa.

— Sendo sincero, o corpo não importa. O que importa pra mim é se a menina é gente boa e madura — falei com sinceridade, e ela sorriu.

— Pena que nem sempre isso é real — ela disse, antes de mergulhar, me deixando sem entender.

Depois de um tempo, voltamos para casa, mas fiquei pensando no que ela tinha dito.

Anny

Sabe quando você se perde nos próprios pensamentos? Foi assim que me senti. Minhas reflexões geralmente não são muito positivas. Quando as duas vizinhas chegaram à piscina para tomar sol, percebi Maycon olhando para elas. Conversamos, e ele disse que o corpo não importa, mas sim a personalidade. Claro que eu não acreditei muito. Depois de um tempo, fomos embora. Nos despedimos de Maycon, tomei um banho e me joguei nas redes sociais. Mais tarde, peguei meu ukulele e fui para a varanda tocar Legends, do Now United.

Maycon

Ouvi um som vindo da casa da Anny e fui ver. Era ela, cantando. Fiquei escondido, escutando. Não conhecia a música, mas ela cantava e tocava muito bem. Quando ela terminou, fui até a varanda e aplaudi.

— Nossa, você canta muito bem! E toca também! — falei.

— Obrigada — ela disse, um pouco envergonhada.

— Só tô dizendo a verdade — sorri, e ela retribuiu com um sorriso tímido.

Ficamos em silêncio por alguns segundos, até que decidi perguntar sobre a conversa na piscina.

— Ei — chamei, e ela me olhou. — O que você quis dizer com "pena que nem sempre isso é real"? — perguntei, e ela pareceu confusa. — A conversa que tivemos na piscina — expliquei.

Ela se sentou na rede, pensativa.

— Bom, vamos lá. O que quis dizer é que, mesmo que você diga que o que importa é a personalidade, na maioria das vezes, não é assim — ela começou.

— Ainda não entendi onde você quer chegar com isso — confessei, confuso.

— Suponha que um garoto bonito, como você, tenha duas amigas. Uma delas sempre está ao lado dele, sabe tudo sobre ele e apoia suas decisões. A outra também o apoia, mas não tanto. No entanto, essa segunda amiga é mais bonita. Se o garoto se interessasse pelas duas, com quem ele falaria? — ela perguntou.

— Com a que está sempre ao lado dele, pelo menos se fosse comigo — respondi, sincero.

— Aí é que tá. Vocês dizem que isso é o que importa, mas, na prática, acabam se atraindo pelo físico — ela rebateu.

— Eu não sou assim — falei, tentando ser firme.

— Bom, se você diz... — Anny respondeu, levantando-se e entrando em casa, me deixando com mais perguntas do que respostas.

Fiquei deitado na cama, pensando no que ela falou. Será que ela tem razão?

Mudanças - Meu Novo VizinhoOnde histórias criam vida. Descubra agora