Capítulo 1 - O Rei vai para a guerra

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Há muito tempo atrás, existiu um reino magnífico chamado Hyrule onde um rei e uma rainha governavam com muita sabedoria. Um dia, porém, a rainha desejou muito ter uma filha que fosse a mulher mais bela que já havia existido. Esse desejo foi tão forte, que um dia, uma fada concedeu à rainha uma bela criança, de cabelos castanhos como os da mãe e profundos olhos azuis que lembravam os céus de Hyrule, e a pele tão clara como a neve. A rainha deu-lhe o nome de Zelda.

Com o nascimento da princesa, todo o reino foi tomado pela alegria. Todos celebravam por toda a parte. Haviam grandes festas e todos homenageavam a princesinha com muitos presentes. Mas essa felicidade toda só durou por dois anos, pois a rainha havia sofrido de uma doença gravíssima e pouco tempo depois acabou falecendo, para a tristeza de todos no reino.

O rei, preocupado com o futuro do reino e da pequena princesa, tratou de arrumar logo uma nova esposa. Havia conhecido em um vilarejo distante uma linda donzela de cabelos ruivos, chamada Midna, por quem havia se enamorado. O casamento foi realizado sem muitas festanças, devido ao luto do reino. A nova rainha era uma mulher muito bela, porém muito vaidosa. Ela possuía um espelho mágico, o Espelho do Crepúsculo, ao qual ela sempre fazia a mesma pergunta todos os dias:

— Mágico espelho meu! Existe mulher mais bela do que eu?

E o espelho sempre respondia:

— Não. És tu, majestade, a mais bela de todas.

E a rainha enchia-se de orgulho. Mas apesar das respostas do espelho mágico, a rainha nunca se dava por satisfeita. Aonde quer que fosse, só ouvia falar da princesa Zelda e de como era uma garotinha bela. Mesmo a princesa sendo ainda uma criança, a rainha se enchia de inveja, mas nunca demonstrava isso na frente de ninguém, especialmente do marido. Sempre havia tratado a princesa com carinho, embora no fundo se enchesse de ciúme pela criança.

Cinco anos haviam se passado e a princesinha já com sete anos, era a criança mais linda do reino, para o desgosto de sua madrasta. Não somente era bela, como também era gentil com todos. Sempre passeava pelos arredores do castelo junto com seus amigos animais e tratava as pessoas com muito respeito.

Um dia, passeando pelos jardins do castelo, ela ouviu um dos guardas chamarem seu nome.

— Alteza! Seu pai deseja falar convosco. Esta à espera na sala do trono. É muito importante.

— Não se preocupe! – Disse ela, com um sorriso calmo e doce – Eu já vou!

O rei aguardava por sua filha na sala do trono ao lado de sua esposa. Estava vestindo uma roupa que Zelda nunca vira antes. Era uma armadura dourada e nas costas podia-se ver uma bainha portando uma espada. Ele estava sério.

— Zelda, chamei você aqui porque tenho algo importante a lhe dizer.

— E o que é, papai? – Perguntou a princesa, ainda surpresa com as roupas que seu pai vestia.

O rei a olhou tristemente, suspirando de leve.

— Vou ter que partir para muito longe. Ficarei muito tempo fora.... Os tempos têm sido difíceis para o reino e não terei mais condições de ficar por aqui. Terei que resolver as coisas por mim mesmo. – O rei fez uma breve pausa, depois continuou. – Mas não se preocupe, quando as coisas melhorarem, eu voltarei. Até lá, você ficará com sua madrasta Midna. Prometa-me que será obediente a ela.

— Sim papai! – Respondeu a garotinha fazendo uma reverência.

O rei se aproximou de sua filha e a abraçou fortemente, como se nunca mais fosse soltá-la.

— Sentirei sua falta. – Ele disse, tentando esconder as lágrimas. – Por favor, fique bem, minha filha.

Ele se despediu da princesa com um beijo na testa, depois partiu. A garotinha não sabia por quanto tempo ele ficaria fora, mas já sentia a falta do pai. A madrasta, porém, ficou indiferente. Sentando-se no trono, ela chamou pela garota.

— Pare de choramingar, garota tola. Não resolverá nada. Venha até aqui, quero falar contigo.

A princesa ficou espantada, pois nunca ouvira a madrasta falar daquele jeito com ela. A garotinha inocente aproximou-se do trono e passou a observar a madrasta, que a olhava com uma expressão séria no olhar.

— Pois bem. – A rainha começou a falar num tom rude. – Agora que seu pai não está mais aqui, quem dirá as ordens sou eu. E não pense que serei boazinha, pois você já é uma moça! Deve saber limpar o chão, varrer, cozinhar, lustrar os móveis, tirar o pó, lavar os estábulos e dar banho nos animais.

— Mas isso não são os criados que fazem? –Perguntou a jovenzinha, curiosa.

— De agora em diante será você que fará tudo isso! – A rainha rosnou cheia de fúria. – E se reclamar, farei com que você durma com os porcos! Eu mando aqui agora e você fará tudo o que eu disser!

A princesa começou a choramingar tristemente, mas a madrasta levantou-se de seu trono e gritou furiosamente:

— Pare de chorar, sua fedelha e comece a trabalhar!

Zelda não teve outra escolha a não ser obedecer ao que sua madrasta dizia. Lembrava-se das palavras de seu pai. Teria que ser obediente até que ele voltasse.

The Legend of Zelda - Branca de NeveOnde histórias criam vida. Descubra agora