Capítulo 3 - Perdida no bosque

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O caçador foi chamar Zelda em seu pequeno quarto. A princípio ela não acreditou que sua madrasta permitira que ela fosse passear pelos vastos campos de Hyrule. O caçador a convenceu dizendo que a rainha estava à espera da visita de seus pais e não queria que a garota perturbasse o encontro.

Zelda se encheu de alegria com a novidade. Pela primeira vez, ela iria conhecer o belo Bosque de Faron, situado nas proximidades do reino. Ela se vestiu com seu melhor vestido, um belo vestido roxo e branco, adornado com detalhes em ouro, que uma vez pertencera à sua falecida mãe. Arrumou o cabelo, fazendo uma pequena trança na ponta e enfeitou com fitas brancas duas mechas de cabelo que ficavam na frente de seu rosto. Colocou uma tiara dourada que seu pai lhe enviara de presente quando ela tinha 13 anos, através de um mensageiro. Aquele presente era para provar que ele ainda estava vivo. Mesmo tendo se passado três anos sem nenhuma notícia dele, no fundo ela sabia que ele voltaria.

Logo que terminou de se arrumar, ela desceu as escadarias do castelo e avistou o caçador a esperando na porta que dava para os jardins do palácio. O homem assim que a avistou sentiu um enorme aperto no peito. A princesa estava linda. Era a primeira vez que ele a via vestida como uma princesa e não como uma criada, com roupas maltrapilhas e cabelo despenteado e sujo. Como a rainha poderia querer ver morta uma moça tão linda e doce?

Rusl desviou o olhar imediatamente. Não poderia ter pena da moça. Se não fizesse aquilo que a rainha lhe ordenara, estaria pondo em risco sua vida e a vida de sua família. A princesa então se aproximou do caçador, com uma cesta em mãos.

– Podemos ir? – ela sorriu ligeiramente para o homem. – Mal posso esperar para sair desse lugar e conhecer o lindo bosque. Espero colher flores muito bonitas por lá!

O caçador olhou para baixo, sentindo a consciência pesar. Em seguida olhou para a jovem princesa que parecia muito ansiosa com seu primeiro passeio fora do castelo e sem dizer nada, fez um sinal para que a princesa caminhasse junto com ele em direção ao Bosque de Faron.

Ao longe, Midna observava tudo da janela de seus aposentos. Com um sorriso perverso, ela observou os dois até que suas figuras sumissem na imensidão do bosque. Tudo estava saindo como ela planejara.

No bosque, os olhos da princesa se arregalaram diante da imensa beleza do lugar. O sol brilhava intensamente e calorosamente através das árvores, iluminando todo o local revelando a beleza das flores coloridas que enfeitavam a grama esverdeada que cobria o chão. O perfume das flores flutuava pelo ar fresco e borboletas e passarinhos voavam graciosamente ao redor. Era tudo tão lindo que parecia até ser um sonho.

Zelda sentou-se sob uma pequena árvore próxima a um riacho, onde ela esperava colher muitas flores belas. E para sua sorte, haviam muitas a ser encontradas. Cravos, rosas e lírios de diversas cores enfeitavam os arbustos próximos ao riozinho. A jovem colocou para trás uma mecha de cabelo castanho e começou a cantarolar uma melodia suave. Parecia apropriada para esse lugar de infinita beleza, com os brotos de grama verde que cresciam abaixo de seus pés.

Distraída, ela nem mesmo percebeu o caçador se aproximar lentamente por trás, com uma faca na mão. Mas quando viu o reflexo do homem na água cristalina do riacho, ela soltou um grito de pavor que ecoou pela floresta, fazendo os pássaros voarem assustados de seus ninhos.

Ela fechou os olhos, esperando pelo pior. Porém nada aconteceu. Apenas ouviu o barulho de alguma coisa caindo no chão ao seu lado. Quando abriu os olhos, viu que a faca que estava na mão do caçador estava agora caída no chão, próxima a ela. Levantando o olhar, ela viu o caçador chorando e se lamentando.

– E-eu não posso! Não posso fazer isso... É muita maldade...

A princesa se levantou e se aproximou do homem, com um olhar indeciso.

O caçador olhou para ela e, num ato de desespero, se atirou aos seus pés e começou a soluçar.

– Princesa, perdoe-me! E-eu nunca quis te ferir... A rainha! Ela me ordenou que eu viesse aqui e a matasse! Ela é uma bruxa má e invejosa, você deve ficar o mais longe o possível dela! – ele se levantou e segurou os ombros da moça. – Você deve fugir daqui, princesa. Fuja o mais rápido que puder! Se algum dia seu pai retornar, poderás voltar em segurança, mas por enquanto mantenha-se o mais longe possível desse castelo! Se a rainha souber que você ainda vive, tentará de tudo para matá-la! Corra, princesa, corra!!!

Desesperada e sem saber o que fazer, Zelda se pôs a correr sem rumo para dentro do Bosque Perdido. Percorreu a selva durante horas e estava exausta, faminta e assustada, sem lugar para se esconder. Depois de horas vagando pela floresta, sem destino algum, a fome e o cansaço a venceram e ela adormecera ali mesmo, no meio da escuridão da mata selvagem.

The Legend of Zelda - Branca de NeveOnde histórias criam vida. Descubra agora