27 - Preciso ir

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Puxei um dos livros que estavam na estante e comecei a folheá-lo procurando por algo, mesmo sabendo que não tinha nada de útil ali. Fiz isso com vários outros livros enquanto o Alex ficou andando de uma estante para a outra enquanto lia o título gravados nas capas. Eu peguei uns cinco livros e me sentei na mesa para examinar seus conteúdos.

-São muitos livros. – Falou e eu o olhei, ele parecia encantado com tudo aquilo. – Foram eles que você destruiu?

-A maioria foram destruídos. – Ele me olhou e ficou assim por bastante tempo. – O que foi?

-Eu gosto de você. – Essas palavras foram o suficiente para fazer o livro cair da minha mão. O peguei desastradamente e o coloquei em segurança na mesa. – Mas eu gosto de verdade, e acho que você não sente o mesmo por mim.

-Eu estou confusa. – Fiquei olhando para ele enquanto meu cérebro processava aquilo tudo.

-Me deixe te ajudar com isso. – Me levantei e ele já estava tão perto que eu não pude reagir. Alex me beijou e eu fiquei sem reação por poucos segundos até retribuir o beijo. – Espero que funcione. – Ele falou após se afastar e sair do escritório.

-Isso só me confundiu mais. – Voltei a me sentar enquanto sentia a sensação do beijo dele.

-Não gostei nada disso, mi amore. – Lex apareceu sentado bem na minha frente.

-Não faz isso! – Gritei com o susto que eu levei. – Você viu?

-Vi, e não gostei. – Sorriu para mim e suspirou. – Mas eu já estou morto, não posso fazer nada.

-Eu estou muito confusa. – Falei para ele esperando que ele soubesse me dizer o que fazer.

-Você gosta dele? – Abri a boca para dizer que não mas ele me interrompeu. – Diga a verdade.

-No começo eu queria ficar com ele, para substituir você, mas agora eu vejo como são diferentes e isso me deixa confusa. – Olhei para as minhas mãos. – Eu sinto algo por ele, mas não posso fazer isso com você.

-Ella, eu estou morto. – Falou sério. – Não posso fazer mais nada, você precisa seguir a sua vida, caso não consiga, serei obrigado a parar de vê-la. – Não falei nada, continuei olhando para as minhas mãos sem conseguir olhar para ele. – Me desculpe, mi amore, preciso ir.

Senti sua presença desaparecer, não só do escritório, mas de dentro de mim. Não foi tão doloroso como quando ele morreu, mas doeu sentir ele partir novamente. Continuei sentada olhando para a minha mão, algumas lágrimas escorreram pelo meu rosto mas não demoraram para cessar.

-Você vai treinar? – Olhei para cima e vi o Boaz perto da mesa. Balancei a cabeça negativamente e respirei fundo.

-Preciso acertar minha vida antes de entrar em uma guerra. – Passei a mão pelo meu rosto para secar as lágrimas.

-Ele foi embora, não foi? – Ele também podia sentir.

-Acho que dessa vez ele não volta. – O olhei e dei um sorriso fraco.

-É melhor assim. Quanto mais tempo o espírito passa aqui, menores são suas chances de fazer a passagem. – Eu não podia discordar.

Boaz se retirou e eu me levantei para arrumar os livros nos seus devidos lugares nas prateleiras enquanto tomava coragem para ir até o quarto do Alex falar com ele.

Dei umas leves batidas na porta e esperei que ele abrisse.

-Você me deixou mais confusa. – Falei assim que a porta se abriu e ele apareceu do outro lado.

-Eu não queria isso. – Ele sorriu para mim.

-Não tem problema. – Sorri de volta e respirei fundo para falar o que faltava. – Lex foi embora e eu acho que ele não volta mais.

-Isso é ruim? – Pra ele com certeza não era.

-Eu não sei, não sei de nada, entende? – Senti a vontade de chorar ficar presa na minha garganta. – Tem uma cidade nas minhas mãos, milhares de vidas dependem de mim e a única coisa que consigo pensar é nos meus problemas. – Respirei fundo para tentar manter a calma. – Eu estou surtando, Alex. Eu queria ficar com você e, ao mesmo tempo, quero correr de você. Eu não sei o que eu fiz ou o que tenho que fazer.

-Primeiro você terá que se resolver. – Ele estava muito calmo. – Comece com você, com o que você quer e como quer, não irá resolver nada do jeito que está agora. – A calma dele era invejável.

-Não consigo resolver nem quando estou calma. – Fiquei jogando o peso do meu corpo de uma perna para a outra.

-Então você nunca vai sair do lugar. – Ele falou igual a minha mãe. – Ella, seja sensata, uma vez na vida aja com cautela, pense antes de fazer ou falar. Depois venha falar comigo.

Ele fechou a porta e eu fiquei lá olhando sem saber o que fazer, então fui para o meu quarto e me joguei na cama. Várias coisas passavam pela minha cabeça.

Quando eu estive aqui pela primeira vez, o que eu queria? Primeiro eu queria ir para casa, depois queria o Ben, logo depois eu queria o Lex, e queria matar o Ben, isso é algo que eu ainda quero. Agora Lex está morto, Ben vivo, e eu tenho que seguir a minha vida. Eu sabia exatamente o que eu queria.

-Eu sei o que eu quero. – Falei após bater algumas vezes na porta do Alex várias vezes até ele abrir. – Eu quero você ao meu lado, comigo, me ajudando. Você quer estar o meu lado? – Perguntei quando ele abriu a porta.

-Você é rápida. – Ele sorriu e eu retribui.

-Não tenho tempo para perder, posso acabar não vivendo até amanhã, então quero viver o hoje. – Me aproximei e ele me beijou, foi diferente do primeiro, eu me senti viva novamente.

-Ella, não temos tempo para isso, a cidade está um caos, as pessoas estão em pânico.

-Ella, não temos tempo para isso, a cidade está um caos, as pessoas estão em pânico

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