43 - Ella...

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O Dia da Batalha. O dia final. A incerteza de que sairíamos de lá vivos me corroia por dentro. Caio foi afastado desse mundo, sendo deixado com a família que cuidou do Alex em seu coma, se algo acontecesse comigo, eles cuidaram dele até que alguém fosse o buscar.

-Não sei se consigo fazer isso. – Falei para o Boaz que era a única outra pessoa pronta ali. – Se eu morrer vocês já eram.

-Não coloque muita pressão em cima de si mesma. – Ele me olhava com esperança. – Relaxe um pouco. Você vai conseguir, nós vamos estar lá com você.

Os outros se juntaram a nós e eu peguei os colares que reunimos, todos eles, incluindo o que estava com o Ben, eu não sairia de lá de mãos atadas.

-Vamos fazer isso logo. – Falei colocando os colares no meu pescoço e observando eles se tornarem apenas um.

Por incrível que pareça, na noite em que atingi o Ben com os raios de Luz, o Sol se restaurou sem muito esforço da minha parte, a minha dor emocional deve ter superado a sensação dele saindo de mim e indo de volta para o céu.

No momento em que chegamos à fortaleza de Ben, o eclipse iniciou. Seu exército de sombras nos aguardava na entrada, e não pouparam tempo para nos atacar. Segurei a mão do Alex e criei uma proteção de luz entre a gente para conseguirmos passar por eles sem nos ferir. O que deu muito certo.

Fomos ao encontro de Ben, que estava usando uma roupa branca esquisita que fazia com que as trevas parecem uma neblina negra a sua volta. Me separei do Alex um pouco antes que Ben nos visse para que ele colocasse o plano em ação.

-Aqui está uma mulher de palavra. – Ele falou abrindo os braços e sorrindo.

-Eu falei que voltaria. – O olhei com raiva sentindo as chamas começarem a circular pelo meu corpo.

-Mas voltou muito tarde e sem o herdeiro da luz. – Ele sentiu prazer em me dizer essa última parte. – Você perdeu!

-O herdeiro da luz é um medroso. – Falei como se não fosse nada. – Ele não viria nem se eu implorasse.

-Então você está cercada de medrosos. – Me aproximei do seu altar e ri daquilo.

-Estou sozinha aqui, então não acho que esteja cercada de medrosos. – Falei para ganharmos mais tempo e manter a atenção dele em mim.

-Você já foi mais esperta. – Ele riu para mim e eu o olhei confusa.

-Ben, por que está conversando comigo? – Parei em frente aos degraus que davam até ele. – Você sabe que pode me destruir, por que ainda não o fez?

-Porque estou esperando seu namoradinho sabotar a minha Maquina Sombria. – Que nome mais idiota. – Gostou do nome? Acabei de inventar.

-Ah, você estragou a surpresa! – Fingi estar chateada e levantei as mãos.

-Adoro acabar com surpresas. – Escutamos um estalo e logo em seguida o Ben riu.

-Ele conseguiu. – Falei rindo e o ataquei de surpresa, o derrubando.

-Acha que me atrasar vai me impedir? – Ele gritou tentando me acertar em um combate corporal.

-Não acho, eu vou. – Falei acertando um soco direto no seu nariz e o derrubando no chão novamente.

Ben começou a me atacar com as trevas e eu a revidar com minha luz enquanto tentava acertar mais golpes nele. Alex correndo até a gente me distraiu e eu acabei sendo derrubada para fora daquele altar. Olhei para ele que parecia estar atrás de uma parede de vidro que o impedia de chegar até a mim.

-Você deveria ter ficado comigo, nós iriamos governar o mundo! – Ele falou numa forma triunfante e eu me levantei limpando o sangue que escorria da minha boca.

-Eu nunca ficaria ao seu lado. – Falei em desgosto a essa ideia estúpida dele.

-Não fale isso, o verdadeiro Ben pode ficar magoado. – Ele disse fazendo uma careta de dor e levando a mão ao peito. O olhei confusa e o ele sorriu ao perceber isso. – Eu sou as trevas. Posso ter vários nomes ou formas e, no momento, eu uso essa aqui. – Nós estávamos em um local escuro, só eu e ele, sem nada em volta. – Uma bela forma, devo dizer. Dessa vez vou te mostrar o que aconteceu.

Ele tocou minha testa e eu vi o Ben saindo da casa da Cassandra, as luzes da rua começaram a piscar, e ele para na porta confuso. Isso foi no dia em que ele veio me procurar, já parecia estar meio atordoado assim que saiu, e ficou mais ainda quando ninguém falou "Olá, Ben." E ele explodiu em trevas de dentro para fora.

-Sentiu? – Ben perguntou assim que voltamos ao local dele. – Você passou um tempão odiando ele, mas na verdade ele só queria ajudar você, só queria salvá-la desse mundo.

-Ele sabia que era o herdeiro das trevas? – Perguntei me afastando de seja lá quem ele for.

-Sabia, por isso não morava aqui, longe das fronteiras eu não poderia alcançá-lo, mas ele voltou. – Ele me olhou sorrindo, triunfante. – Por você.

-Eu odeio sejá lá o que você for! – Gritei explodindo de raiva.

-Eu sou o que o mundo fez de mim. – Ele falou alto o suficiente para que nossos amigos no portão escutassem. – Eu sou a dor, o medo, a raiva, a fome. Eu sou tudo o que as pessoas querem evitar mas não conseguem. – Ele sentia prazer em dizer isso. – É impossível matar algo que já esteja morto. É impossível acabar com a escuridão.

Eu o ataquei e fui atingida pelas sombras que me derrubaram mais uma vez, e nas duas tentativas seguintes. Quando tentei me levantar novamente, a mão de Ben foi segurada, impedindo que ele exercesse o poder.

-Você não vai fazer isso.

Thomas falou e eu me levantei indo lutar junto com ele, enquanto Alex, Cassandra, Max e Boaz ficavam observando pela parede de vidro. Fechei meus olhos e me concentrei para utilizar o poder do sol que deveria brilhar sobre nós naquele momento enquanto Thomas o conjurava, eu sentia as ondas de calor e luz pelo meu corpo, e sentia todas as vezes em que ela acertava o Ben, como uma bela tortura para aquele ser.

Eu respirei fundo e olhei para o Thomas antes de usar todo o meu poder para acertar o Ben em cheio, e para a minha sorte, Thomas fez o mesmo com o dele. O corpo de Ben se iluminou de luz e caiu no chão, olhando para cima, para o céu escurecido pelo eclipse.

-Ella...

-Ella

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