17 - Vingança

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Ele não ser o Lex era impossível, era tudo muito parecido, algumas coisas idênticas, principalmente o rosto, eu via o Lex ali na minha frente.

-O que foi? – Ele perguntou incomodado com o fato de eu estar o encarando muito. – Está me deixando sem graça.

-Me desculpa, é que você me lembra uma pessoa. – Minha mente estava projetando o Lex no lugar do Alex, e a angústia ao ver isso me fazia ter vontade de chorar.

-Isso é bom? – Ele perguntou e eu desviei meu olhar. Eu tinha que parar de pensar no Lex.

-É estranho, mas quem sabe? – Olhei em volta para as pessoas que passavam e tentei desfazer a imagem do Lex na minha mente, não era ele, ao menos não era o jeito dele ali. – Você tem certeza que não me conhece?

-Eu não me esqueceria de alguém como você. – Ele sorriu sem graça, me fazendo sorrir de volta.

Eu também nunca me esqueceria dele.

-O quão importante essa pessoa era pra você? – Ele perguntou intrigado com o fato de se parecer com alguém.

-Muito importante, mas você não quer saber dos meus problemas. – Se ele fosse o Lex, deveria estar fingindo que não se lembra de nada.

-Eu quero conhecer você e isso significa conhecer os seus problemas. – Eu não sabia se estava preparada para dividir isso com mais alguém. – O que aconteceu com ele?

Olhei para ele e fiquei pensando em como acreditar que Lex estava morto se eu o estava vendo bem ali.

-Ele morreu. – Não seria legal falar que ele foi assassinado. Alex, ou Lex, ficou me olhando sem saber o que dizer. – Já faz um tempo, então não precisa fazer essa cara de pena. – O olhei tentando sorrir. – Conte-me sobre você. – Se eu continuasse falando poderia acabar contando mais do que devia.

-Bem, eu tenho uma irmã mais nova. Sofri um acidente que me deixou em coma por cinco anos. Acordei a pouco tempo, como se eu tivesse me assustado. – Falou olhando para as suas mãos, claramente incomodado com o assunto. – Tem três meses que eu acordei, estou redescobrindo o mundo agora. – Sorriu para mim, um sorriso encantador.

O observei enquanto minha esperança dele ser o Lex evaporava.

-Deve ser confuso descobrir que dormiu por cinco anos. – Comentei e desviei meu olhar para o chão. – Apesar de eu ter vivido coisas mais confusas. – Me arrependi do que disse logo em seguida.

-Mais confusas? – Pude sentir seu olhar em mim, me analisando. – Você tem um olhar distante, parece ter visto coisas ruins demais para uma garota. – Eu vi coisas ruins demais para qualquer um. – Espero que possa me contar um dia. – Tentei sorrir para ele e respirei fundo.

-Você não acreditaria em mim, me acharia maluca. – Seria apenas mais um achando isso. – Mas quem sabe um dia eu te conte.

-Vamos mudar de assunto para algo bom, me fale do seu irmão. – Deu um sorriso ao ouvir para qual assunto ele queria ir e o olhei.

-Meu irmão é a melhor coisa que aconteceu na minha vida. – Falei boba sobre o meu pequeno irmão. – O nome dele é Caio.

-Caio, um nome pequeno, mas forte. – Ele sorriu e meu coração doeu mais um pouco.

Era uma tortura estar ali com ele, ver aqueles olhos, aquele sorriso, e saber que de alguma forma não é o Lex.

-Ah, eu tenho que ir. – Falei após ver a mensagem da minha mãe aparecendo na tela, me levantei e passei as mãos pela minha blusa. – Eu adoraria vê-lo novamente qualquer dia desses.

-Estou disposto a sair com você todos os dias, se quiser. – Ele se levantou também e sorriu.

-Amanhã, aqui, no mesmo horário. – Me virei e sai andando na direção da minha casa.

Fique pensando nas diferenças entre ele e o Lex, o corpo era a diferença mais visível, o jeito de falar e de se expressar também eram bem diferentes, mas de resto eram idênticos, a cor do cabelo, dos olhos. Quando cheguei em casa, descobri que minha mãe só queria que o Caio parasse de chorar. O seu choro estava um pouco diferente, eu o peguei no colo e ele pareceu se acalmar rapidamente. Caio dormiu logo em seguida, o levei até o quarto e voltei para ficar conversando com a minha mãe. Contei a ela sobre o suposto Lex e sobre o encontro, ela me achou doida de ter ido me encontrar com ele, mas o que eu iria fazer? Perder a oportunidade de descobrir quem ele era de verdade? É claro que não.

Notei a parede atrás dela ficando cada vez mais escura, uma forma densa e escura se formou ali, uma forma que eu conhecia muito bem.

-Sentiu saudades? – Me levantei ao ouvir aquela voz, e antes que eu pudesse reagir, ele sumiu.

-Ella, o que foi? – Minha mãe perguntou olhando para trás.

-Ele deveria estar morto. – Notei que eu estava com as mão em chamas e me controlei para que apagasse.

-Quem? – Ela me olhou com medo.

-Ben. – Respondi e respirei fundo. Não era possível que ele tivesse sobrevivido.

-Ella, você precisa descansar. – De novo ela me tratando como se eu fosse louca.

Fui para o meu quarto e nem troquei de roupa para me deitar, apenas entrei embaixo da coberta e fechei meus olhos para conseguir dormir. Eu estava quase apagando quando me assustei.

-Aproveite bem o descanso, logo não o terá mais. – Era ele de novo. Me sentei e procurei por ele pelo quarto.

-O que você quer de mim? – Gritei para ele, mesmo que não estivesse ali, sabia que estava me escutando.

-Eu vou me vingar. – Ele gritou de volta e eu senti a paz voltar para o quarto.

Ben tinha-se ido, mas voltaria a qualquer momento.

Ben tinha-se ido, mas voltaria a qualquer momento

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