12 - Gentileza

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Após o ocorrido com o Ben, ele teve a certeza de que os quatro elementos estavam em harmonia dentro de mim, e de que eu estava muito mais forte do que ele esperava. Mas resolveu não focar nisso, ele tinha que se preocupar em pegar as flores e o sangue do meu pai.

Ele já estava andando a horas, a fronteira já estava a bem atrás dele, as frutas que ele levou estavam na metade e já só tinha mais um gole d'água. Para a felicidade dele a civilização estava logo a sua frente, e as casas de campo começaram a aparecer. Ben resolveu para na primeira e pedir um pouco de água para encher sua garrafa. Era uma casa de campo grande o suficiente para uma família de seis pessoas ou mais. Ele bateu na porta e uma garotinha de uns oito anos atendeu a porta.

-Olá, será que você poderia me dar um pouco de água? – Perguntou gentilmente e sorriu para a menininha.

-Você deveria saber que desse lado da cidade não existe gentileza. – Ela sorriu para ele e bateu a porta.

Ben ficou encarando a porta fechada e riu de raiva.

-Já que não existe gentileza. – Ele apoiou a palma da mão na porta. – Quer brincar de pique-esconde? – A porta foi arrancada das dobradiças e jogada para dentro da casa.

Ele entrou na casa e não viu a garotinha, começou a andar procurando por ela. Ben a achou escondida no armário da cozinha, um esconderijo esperto. Ele se abaixou e ficou a observando, a menina estava com medo e seu olhar demonstrava isso. Ben apenas estalou os dedos e a menina caiu no chão, morta, ele olhou para ela e observou uma poça de sangue se formando em volta de sua cabeça.

-Eu só pedi água. – Sorriu e foi encher as garrafas.

Ben saiu da casa, pelo visto só a menininha estava lá, ele seguiu seu caminho e começou a procurar por um lugar para dormir. Ele poderia ter parado em alguma casa, mas um local pelo caminho chamou sua atenção, uma caverna, quase imperceptível, mas Ben a viu. Dentro da caverna ele se sentiu mais forte, e também sentiu que não estava sozinho. A luz da sua lanterna fez com que ele enxergasse cada um deles.

-Olá, meus filhos. – Ele observou cada um deles, encantado com o que via.

Eles se chamam Darkfook, são pessoas possuídas pelas trevas, eram uma lenda para assustar as crianças, mas ninguém imaginava que fossem reais.

Após um tempo de observação, todos os Darkfook se curvaram, como se estivessem na presença de um rei.

***

Pela primeira vez em que eu estava ali, eu comi uma comida de verdade e na presença do Lex, que ficou sentado ali me olhando comer ao invés de comer sua própria comida. Eu acabei com tudo o que estava no meu prato em poucos minutos, meu estômago aguentava muito mais quando a campainha tocou e o Lex se levantou para atender, [e claro que, curiosa do jeito que sou, fui atrás para ver quem era.

-Ao que devo a honra? – Lex perguntou ao Max e ao Abe, que estavam parados o olhando.

-Eu não sei, mas tem algo errado com o equilíbrio. – Abe falou preocupado.

Eu comecei a me sentir estranha, parecia que tudo dentro de mim estava sendo triturado por um liquidificador, não consegui me manter em pé e minha consciência ficava indo e vindo, foi torturante e doloroso.

Max entrou correndo na casa assim que me viu caindo, ele segurou minha cabeça para que não ficasse no chão e Lex se aproximou.

-Os olhos dela não param de mudar de cor. – Max falou e eu queria gritar por ajuda.

Eu podia ver eles ali, escutar, mas não conseguia falar, meus pulmões pareciam estar cheios d'água, mas aquilo não me matava.

-Ella, tente se controlar. – Lex segurou meu rosto e eu me concentrei nele.

A escolhidaOnde histórias criam vida. Descubra agora