As vezes pensamos ser algo que não somos. As vezes descobrimos a verdade da forma mais inusitada possível. Verdade essa que pode ser outro mundo, outra vida, outra personalidade, outro amor, outra paixão... Tudo pode passar de verdade a mentira num...
Ver a reencarnação do Lex me deixou muito assustada e desesperada, eu necessitava saber se era ele e porque ele voltou sem memória, era atormentador pensar que ele não fosse se lembrar de mim e do que passamos naqueles poucos dias juntos. Não consegui evitar em não ir até a Cassandra, que ficou me olhando como se eu fosse louca enquanto contava sobre o ocorrido, por pouco ela não riu da minha cara.
-Isso é impossível, ele foi atingido por trevas, ele morreu, Ella. – Ela falou da forma mais calma e compreensiva. – Você o viu dentro do caixão, se lembra?
Claro que eu me lembrava, nunca ia me esquecer dele deitado, vestindo um terno elegante, dentro do caixão de madeira, tão bonito quanto era quando estava vivo, porém pálido e imóvel. A olhei com os olhos cheios d'água e respirei fundo para não chorar.
-Ele falou comigo, mas não parecia se lembrar de mim. – Falei desesperada pra ela me dizer que ele estava vivo ali. – Eu o vi, Cassandra!
-Meu amor, você precisa superar. – Ela veio na minha direção pronta para me abraçar.
-Para! – Me movi para longe dela, fugindo do seu abraço. – Por que não acredita em mim?
-Eu sei que é impossível, Ella! – Ela gritou fazendo eu me assustar com seu tom de voz.
-Me explica o que eu vi! – Gritei de volta e comecei a chorar.
Ela ficou me olhando de longe, sem se aproximar, com receio de eu fugir do seu abraço novamente.
-Ella, eu acredito que seja alguém parecido. – Me olhou com calma e falou com paciência. – Lex está morto.
Já havia se passado mais de um ano da morte do Lex e essa frase ainda acabava comigo, eu não conseguia aceitar o fato de que ele tinha se ido para sempre e eu nunca pude fazer nada quanto a isso. Nem ao menos vingar sua morte.
-Eu vou para casa. – Falei me recompondo e a olhei, uma parte de mim queria correr para os seus braços e chorar, a outra parte estava chateada demais para ficar no mesmo ambiente.
Eu só queria alguém que acreditasse em mim.
-Ella, você precisa de algo? – Notei o tom de urgência na sua voz, ela devia ter medo de que eu me matasse. – Eu sei como é difícil...
-Não me trate como louca. – A interrompi e fui para perto da porta.
Senti o formigamento familiar começando nas pontas dos meus dedos e respirei fundo, ficar com raiva era um ótimo gatilho para o fogo.
-Você tem dormido bem? Sei que o Caio pode consumir seu sono, e sei que é você quem cuida dele, não sua mãe e ainda existem as outras coisas. – Respirei fundo e fiz muito esforço para não pensar em explodir a cabeça dela.
Sorri para ela e sai de sua casa sem falar nada, não suportava mais ficar ali ouvindo o que ela tinha a dizer, ouvindo seu apoio emocional, eu não precisava disso naquele momento. Era tão difícil que alguém acreditasse no que eu vi? Deveria ser, eu tinha sensação de que todos agiriam da mesma forma.
Fiquei distraída pensando no que aconteceu com o provável Lex e com a forma que a Cassandra me tratou, como se eu estivesse alucinando, que nem reparei no meu caminho e esbarrei em uma pessoa fazendo com que quase caíssemos.
-Olha... Ella! – A voz mudou de puta para animada em um segundo, eu conhecia aquela voz e não fiquei nada feliz em encontrar a quem pertence. – Fiquei sabendo que você é mãe agora. – Eu juro que preferia ter esbarrado com Ben do que ter esbarrado com ela.
-Não sou mãe. – Respondi sem olhar para a cara dela.
-Não tem que ter vergonha disso, querida, algumas pessoas não sabem se cuidar. – Ela deu uma risadinha e eu fechei meus olhos para que ela não os visse mudando de cor. – Também soube que você estava na reabilitação, tempos difíceis? – Ela estava se esforçando para me irritar com essa história inventada para explicar meu sumiço.
-Foi muito bom revê-la, Ashley. – Falei a olhando e vendo sua cara de assustada ao ver as cores dos meus olhos.
Eu podia o sentir queimando, podia sentir a raiva em mim e eu só queria colocar ela toda para fora. Observei-a sair andando, quase correndo, para longe de mim, com certeza ficou com medo. Admito que fiquei satisfeita em ver isso, principalmente porque nunca gostei dela e depois disso ela nunca mais iria encher meu saco.
Fui para casa e fiquei lá largada no sofá, minha mãe parecia não estar em casa, provavelmente tinha ido à casa de algum parente com o Caio, só sei que eu estava feliz com o silêncio e a paz naquele momento. Silêncio esse que foi interrompido pelo toque do meu celular.
-Alô? – Falei após atender ao número desconhecido.
-Lembra de mim? – A voz soou pelo telefone e meu corpo ficou tenso. – Sou o Alex, o cara para quem você deu o número mais cedo.
-Ah... Oi, Alex? – Minha respiração ficou pesada e foi difícil de respirar.
-Então, você quer sair comigo? – Respirei fundo ao ouvir a pergunta e fiquei olhando para o teto. – Eu deveria interpretar a demora como um não?
-Não, é só que... - Fechei meus olhos, não sabia se estava preparada para vê-lo novamente. – Pode ser amanhã.
-Ótimo! – Sua voz estava animada. – Que horas?
-As três, no parque. – Falei me arrependendo dessa escolha.
-Até amanhã, Ella.
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