Capítulo 17: Ardente

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Enquanto ainda não estava com a sua companhia frequente, Fa resolveu visitar seu querido amigo. Ela quase não o viu direito nesses três últimos dias, e claro, sabia muito bem o motivo. Tudo que queria era distância daquele homem, definitivamente não gostava dele de jeito algum, admitindo com muita relutância, o jovem príncipe de fato fazia muito bem para André. "Você tem estado ocupado."

"Eu estava, consegui resolver todos os casos e participei do tribunal, não poderia estar melhor, ah, hoje não vi o Nando." Respondeu André.

"Ele vai embora, amanhã pela manhã, ouvi dizer que já acabou os assuntos entre o Oeste e o Leste."

André arregalou os olhos e em seguida fez uma expressão triste. "Eu preciso procurar ele!"

"Espere. Ele virá até aqui. Eu estou saindo."

"Por que você não o quer conhecer?" Perguntou curioso.

Fa o olhou com uma enorme tristeza. "É algo que você entenderá no futuro."

Bernado chegou novamente até a biblioteca no momento em que Fa disse suas últimas palavras. Assim que o viu, imediatamente foi embora. Bernado não ligou muito para a sua reação e foi direto até sua paixão, se sentando na mesa, notou que André parecia um pouco abatido. "Aquela mulher te disse algo? O que houve?"

"Não é nada, Nando é só que, você irá embora amanhã?" Seu tom era desanimado.

Bernado suspirou, ele parecia estar um pouco triste também. "Infelizmente. Eu e o rei resolvemos tudo que foi possível. Nos tornamos bons amigos eu diria, mas ainda tenho que voltar até o Oeste, recebi uma carta, meu pai piorou. Uma pena que não pude ver a praia de perto."

"Eu entendo. Espero que seu pai melhore." Disse André desviando o olhar.

"Não faz diferença. Mas você não ouviu o que eu disse?"

André ficou um pouco confuso. "Como?"

"Não me levará até a praia?" Respondeu Bernado com um sorriso quente.

André terminou todas as suas lições na biblioteca, Bernado também o ajudava a resolver questões, apesar de não parecer, ele era um bom estudante, e em seu tempo livre no exército de fato estudava. Quando terminaram tudo o que André precisava fazer, já estava no fim da tarde, o que era realmente bom, a chance de ver o pôr do sol, uma ideia brilhante.

O casal andava tranquilamente até a praia, não havia nada em volta, e como era inverno ninguém ficava próximo. O som das ondas e das aves era muito gostoso de se ouvir, a paisagem, melhor ainda. Bernado olhou para o horizonte de boca aberta, ele nunca viu uma vista tão bela assim. André deu uma risada, os olhos de Bernado eram tão azuis quanto o mar, o reflexo do sol, o brilho, o jovem não conseguia parar de encarar.

"Dé, você tem sorte de morar aqui, é a coisa mais linda que eu já vi." Falou Bernado.

André pegou a mão de Bernado e o levou para caminhar um pouco na areia. "Ninguém realmente gosta de vir aqui no frio. Mas ainda sim é muito lindo de se ver. Em alguns minutos o sol irá se pôr, que tal sentar e assistir?"

Bernado balançou a cabeça concordando. Com alguns minutos de caminhada, pararam até que estivessem longe o suficiente das ruas e se sentaram em uma enorme pedra. As ondas batiam próximo a costa e caiam algumas gotas de água em suas botas, a brisa era suave e algumas mechas de seus cabelos se mexiam com muita calma.

"Me desculpe." Começou Bernado.

"Por que diz isso?" Respondeu André franzindo as sobrancelhas.

"Três anos atrás, eu não queria ter sido rude, André, eu sinto muito. Não houve um dia em que eu não pensasse em você." Com suas palavras finais, ele encarava firmemente os olhos de sua paixão.

André suspirou e riu. "Está tudo bem, eu jamais te culpei, Nando eu fico feliz que nunca deixamos de ser amigos. Ver você novamente me deixou feliz."

Eles riram um pouco juntos, e quando a noite caiu, ainda continuavam a olhar o mar e o céu estrelado. O coração de Bernado batia ainda mais rápido, havia algo que ele queria dizer para André.

Bernado estava com um rosto de cachorro pidão. "Dé, na verdade tem algo que eu quero te contar."

André pareceu preocupado. "O que é ?"

"Eu estou sofrendo!" Bernado bateu com a mão em seu peito próximo ao coração.

"Sofrendo? Como?" Exclamou André, sua preocupação crescia.

Ele olhou para baixo como se estivesse triste. "Na verdade..." Bernado piscou os olhos. "No exército eu tenho sofrido muito, eles são tão cruéis comigo, por causa de uma coisa que eu não fiz!"

"O que você não fez? Eu posso te ajudar com algo?" André estava com os olhos arregalados e com medo de seu amigo estar sofrendo com apelidos maldosos.

Ele estava hesitante. "Eu...Você irá me ajudar?"

"Sim!"

"Eles estavam tirando sarro de mim...Já que eu nunca beijei ninguém. Estava me perguntando se você me ajudaria, pela nossa amizade, mas acho que estaria indo longe demais." Bernado terminou fazendo biquinho.

André se sentiu um pouco envergonhado, não queria que seu amigo sofresse, por outro lado, admitindo que tinha uma paixão pelo mesmo, era na verdade uma boa vantagem, mas usar seu amigo assim? André se sentia um pouco culpado, talvez ele não teria outra chance como essa. "Nando...Eu farei isso, assim eles não poderão te ofender."

Bernado pensou que seria recusado, isso o deixou um pouco chocado. Aproximando-se um do outro, os rapazes não tinham ideia do que fazer, mas o jovem príncipe se lembrou do livro que leu alguns dias atrás, talvez seria útil para esse momento. Seu coração estava saindo pela boca, e tremia disfarçadamente. André estava confuso, ele também jamais beijou alguma pessoa, então pensou em avançar primeiramente. Colocando a mão no lado direito da bochecha de Bernado, ele falou, "E-eu irei te beijar agora."

Com a proximidade de ambos, seus lábios encostaram, André não sabia o que fazer, mas seu amigo se lembrava claramente do livro. Bernado abriu a boca e André acompanhou seu ritmo, o beijo era quente e terno, como se estivessem tentando expressar seus sentimentos mais ocultos com uma simples ação, Bernado não teve tanta coragem de fazer algumas outras coisas, como usar a língua e morder, tinha medo de afugentar sua paixão. O beijo acabou com muita relutância, os dois estavam um pouco ofegantes. "Dré. Eu espero ver você no futuro! Ao meu lado!"

Bernado se levantou e correu de volta para o palácio. Seu coração estava ardente, no futuro, sua única certeza a ideia de estar ao lado do homem de sua vida. Enquanto um corria de volta, o outro continuou em seu lugar, o rosto de André estava tão vermelho, seus batimentos desordenados e rápidos tentando se recuperar. "Ah, eu beijei ele!"

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Pela manhã, Bernado partiu de volta para sua casa, estava totalmente satisfeito, e tinha certeza que a viagem valeu a pena. O rei do Leste insistiu em oferecer uma carruagem, ele não recusou, e antes de sair, foi avisado que depois de alguns dias o presente estaria no castelo do Oeste. Quando entrou em sua carruagem, não parava de suspirar, a todo momento lembrando do primeiro beijo. 

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Notas: que desculpa esfarrapada Bernado kkkkkk

Vida Longa Ao ReiOnde histórias criam vida. Descubra agora