Capítulo 23: Conferência Parte II

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O salão entrou em um profundo silêncio, Bernado chamou alguns guardas e os pediu para que levassem o garoto até o médico. Ao virar-se, lá estava André se segurando para não dar risada, pois seria um desrespeito.

"O que aconteceu?" André perguntou.

Bernado balançou a cabeça e fez biquinho. "Ele estava tentando me paquerar, mas não deu certo."

"Como ele caiu no chão?"

"Acontece que ele tentou se jogar em mim, eu apenas saí da frente." Ele falou como se fosse uma vítima.

André colocou a mão direita em seus lábios e riu disfarçadamente. Bernado ficou um pouco tímido, e não parava de pensar na beleza de sua paixão, até mesmo essa calça que usava lhe despertava uma vontade de apertar. "Dré você está tão...Esplêndido com essas roupas, eu..." Ele se aproximou um pouco.

"Você o quê?" Perguntou o rei Josias que simplesmente surgiu.

Bernado se afastou de André, e continuou, "Pai, o que o senhor está fazendo aqui?"

"Oras, é o meu castelo, eu até mesmo melhorei! E que surpresa o Aliado das quatro regiões na verdade ser o amigo de infância do meu filho!" Exclamou o rei Josias.

"Sua Majestade." André curvou-se, "Devo dizer que ainda não tivemos nossa audiência."

"Vou deixar isso nas mãos de meu filho." O rei Josias piscou para Bernado e foi embora.

Bernado suspirou, "Discutiremos outro dia ou terá de ir embora mais cedo ou mais tarde?"

"Ficarei aqui. Comprei uma mansão um pouco afastada do vilarejo. É tranquilo e tem até mesmo uma biblioteca." Respondeu André.

"O quê?" Bernado estava com seus olhos arregalados. André veio para ficar aqui, no Oeste? "E sua família?"

André fez uma cara triste. "Minha mãe faleceu, e meu padrasto foi embora, eu não sei onde meu pai biológico está, então, não tenho mais ninguém, se eu ficar no Oeste, terei ao menos você e Anabel."

"Você está falando sério? Dré isso é incrível, eu e você podemos fazer tantas coisas como nos tempos antigos." Exclamou Bernado.

O breve momento de paz não poderia durar tanto assim, enquanto o casal conversava, houve um anúncio incomum, o príncipe do Norte havia chegado e descia as escadas, suas roupas eram de tons azuis, o mesmo modelo de roupa que príncipes como Bernado utilizava. Seus cabelos eram castanhos com a pele bronzeada, ele poderia ser considerado bonito, mas não acima da beleza de Bernado e Anabel. Aquele príncipe mantinha um olhar arrogante e cheio de desprezo para todos.

Ele olhou em direção a Bernado, seguindo em sua direção. "Oh, então é você o príncipe do Oeste? E você é o aliado das quatro regiões? Por que meu pai quis fazer uma trégua com você?" Seu tom era de superioridade.

"E ele manda a criança dele? Tem medo de sofrer um acidente, quem sabe?" Bernado devolveu seu olhar arrogante.

O garoto riu, "Acha mesmo que teremos medo de um príncipe que precisou dormir com um diplomata para conseguir um aliado?"

Bernado franziu as sobrancelhas. "Você por acaso tem algum direito de dizer qualquer coisa por aqui?"

André resolveu entrar na briga. "Por favor, não há necessidade de brigar em uma época de comemoração."

Ele olhou para André, "Oh, eu entendi. Quem está dormindo com o príncipe para ter um aliado é você! Está aproveitando os lençóis do príncipe?"

O príncipe do Norte caiu no chão. Bernado aguentaria qualquer coisa dirigida a sua pessoa, mas no momento que o garoto arrogante falou de sua paixão, foi como se uma linha tivesse rompido, inconscientemente ele o socou no lado esquerdo de seu rosto.

Cuspindo sangue, o príncipe do Norte falou, "Você é muito bom em recorrer a violência. Definitivamente o tipo de líder que o povo precisa. Um gay violento." Bernado o chutou. André foi em sua direção para o segurar. O salão continuava em silêncio até que uma senhora de cerca de oitenta anos resolveu se pronunciar.

"Devo dizer que Sua Alteza não é um homem violento. O seguimos por ser um bom líder, diferente de vocês pestes do Norte que só querem poder e dinheiro."

Aquele garoto mimado que deitava-se no chão começou a rir. "Sua Alteza conseguiu enganar até mesmo idosos com sua falsa bondade? Me poupe."

Anabel que mantinha-se perto, percebeu algo errado. Esse príncipe não tinha nenhuma cortesia e ainda agiu como se não conhecesse André. Ela olhou para Tomás. "Não faz sentido. Seus comportamentos são estranhos, tenho medo que algo aconteça. Irei até os guardas reais para verificar a situação, se algo acontecer venha até mim imediatamente."

Tomás concordou, ele reparou que o rei Josias já não se apresentava no salão em um momento tão crítico como este. Tudo estava um pouco estranho.

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Anabel chegou ao corredor que deveria ter no mínimo cinco guardas. Todos estavam mortos. Ela seguiu em direção à sala de tesouros reais. Ouvindo vozes, arrombou a porta e viu alguém pulando pela janela. Foi possível ouvir alguns gritos, Anabel resolveu ir até a cozinha, alguém deveria estar por lá.

Leonardo ficou vigilante a noite inteira, não houve nada que passasse por ele, quando Anabel apareceu, ele arregalou os olhos. "O que houve?"

"Tem guardas mortos, aconteceu alguma coisa, quero sua ajuda para chegar até o salão, preciso de cobertura."

"Certo, minha senhorita, devemos tomar todo o cuidado possível."

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O lustre caiu, todas as outras luzes foram apagadas imediatamente. Os nobres ficaram em pânico. Bernado deu sua mão para André. "Foi apenas uma distração. Eu deveria ter notado."

"Não foi seu erro. Mas, cadê ele?" André tentou olhar ao redor. Ouvindo um barulho de portas abrindo, o rei Josias surgiu e começou a gritar.

"Eles! Eles nos roubaram!"

Os guardas reais que o acompanhavam trouxeram tochas para iluminar todo o local. Bernado e André foram em direção ao rei. "Pai? Como assim?"

"Meu filho, fui ver a sala de tesouros, eles roubaram tudo o que era de sua mãe. E alguns itens que ganhamos em guerra." Ele parecia desesperado.

Anabel regressou até o salão junto de Leonardo. "Eles mataram alguns de nossos soldados e levaram livros de nossa biblioteca. Tudo foi apenas uma distração maior. Não deveríamos ter confiado na região do Norte."

Bernado pareceu pensativo. "Ainda temos tempo para pegá-los."

Todos ficaram espantados. Anabel o questionou. "Como faremos isso?"

"Demora de três a cinco dias até a viagem daqui ao castelo do Norte, eles devem ter parado nas redondezas próximas, podemos nos dividir, cada um lidera uma equipe em uma direção diferente." Bernado sugeria um plano em sua cabeça o qual ele tinha total certeza de sua vitória, um homem como ele não gostava de errar, muito menos de perder, ele sabia que iria funcionar.

Leonardo começou a falar, "É bom, mas não podemos seguir a noite, será mais complicado, durante o dia estaremos descansados e preparados, assim, o plano já pode ser executado."

"Ele está certo. Nós vamos nos preparar amanhã pela manhã, André, Tomás, farão parte?" A entonação era séria na voz de Anabel.

"Eu não sou bom lutando, mas desde que haja um bom arco, eu irei." Respondeu Tomás.

André concordou.

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Notas: Só aquilo que roubaram? E pq? Fica ai a dúvida...


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