Capítulo 27: Um Agradecimento

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Alguns dias após a volta da tropa, Bernado foi devidamente tratado, porém dormiu cerca de três a quatro dias. Houveram notícias sobre como o castelo do Norte foi incendiado, e apesar de construírem uma estratégia, não foi ninguém do Oeste que colocou fogo. A situação foi um pouco misteriosa, por hora, era melhor ignorar.

André dormiu em sua cadeira com as mãos e a cabeça encostada sobre a cama de Bernado. A luz do sol bateu em seu rosto, e uma mão enorme pousou em sua cabeça. Ele imediatamente acordou, e com alguns movimentos, ouviu uma voz. "Dré, eu te acordei?"

"Você...Está melhor?" André levantou-se e observou Bernado que estava com diversas ataduras. No torso, nos braços, em sua mão, até mesmo em seu olho esquerdo. Mesmo desse jeito, ele sorriu calorosamente.

"Não em meu melhor estado, mas pode se dizer que sim. Vai ser difícil me alimentar sem minha mão direita."

"Eu, eu cuidarei de você nos próximos dias, até que esteja bem." André o olhou preocupado.

Bernado ficou aliviado. "Obrigado! Terei que depender de você nos próximos dias! Acho que devo lhe agradecer apropriadamente."

"Você não precisa..." André foi surpreendido pela rapidez de sua paixão, Bernado colocou sua mão esquerda no rosto dele, e no momento, o beijou com tanta ferocidade. Mordendo e lambendo. Pensando no que poderia acontecer, André correspondeu entrando com sua língua na boca de Bernado, essa ação o deslumbrou, logo em seguida foi como se houvesse uma dança em seus lábios grudados. Eles se separaram por um momento para tomar ar, mas não se sentiam satisfeitos. Bernado colocou o polegar na bochecha e o restante de seus dedos na nuca de André, o puxando para mais alguns amassos quentes. Assim que acabaram, o jovem príncipe sorriu.

"Obrigado, por me salvar."

"Mnn...Isso...F-foi seu agradecimento?" André processava o que aconteceu.

Bernado pegou uma mecha do cabelo de André e o levou até seus lábios. "Isso foi um agradecimento, mas se você quiser, pode me procurar para mais beijos como este."

André suspirou. "Sério, você deve parar de brincar assim."

Bernado continuou em silêncio e sorriu.

O rei Josias, que acabou de chegar, viu pela primeira vez o seu filho sorrir. Em todos esses anos, o homem sempre falou com seriedade. Ele nunca o viu sorrir, e pela primeira vez, se arrependeu profundamente por ter sido um pai apenas na fala. Era seu filho biológico, não havia dúvidas, mas quando agiu como um pai de verdade? Até mesmo o marechal Roberto tinha mais posição de pai do que ele. Quando a morte vier, o rei Josias estava certo de que seu filho não ficaria nem triste, nem feliz, talvez ele apenas fale, "Oh, aquele homem com quem divido o castelo morreu. Uma pena." Esta era sua realidade, o fardo de não ter aproveitado. Talvez a morte seja um esclarecimento para todos os seus antigos erros. Sua esposa morreu por seu rei, quando este rei se for, alguém ao menos sentirá falta?

"Meu filho. Vejo que acordou."

André se levantou e o cumprimentou deixando o quarto. O sorriso no rosto de Bernado se foi. "Pai."

O clima em sua volta era frio, Bernado não sentia nada por seu pai, mas ainda sim o conhecia, é claro que ele queria saber sobre relíquias recuperadas.

"Você...Está bem?"

Bernado suspirou. "Não consegue descobrir ao olhar? Com quatro dedos e uma perna quebrada, ainda me pergunta se eu estou bem?"

O rei ficou furioso. "Eu me preocupei com você! E me responde com essa total falta de respeito perante ao seu pai?"

"Preocupar? Desde quando o senhor virou bobo da corte?" Bernado riu com sarcasmo. "Eu jamais o considerei meu pai. Tudo que você fez foi apenas me utilizar como uma peça de xadrez. Mandar uma criança para a guerra? Você apenas senta em seu trono e se chama de rei, eu faço todo o seu trabalho. Disseste uma vez que minha falecida mãe morreu por você, mas eu não irei fazer isso."

Vida Longa Ao ReiOnde histórias criam vida. Descubra agora