Talvez uma solução.

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Alerta Gatilho! 

Esse capítulo contem cenas de crise de pânico, então se você é sensível a esse tipo de conteúdo, ou fica engatilhado, não leia.







Me viro para Sam, ficando cara a cara com ele. Se arrependimento matasse, eu com certeza seria um homem morto. Por um tempo ele ficou calado, apenas me olhando, até respirar fundo e se aproximar.

— Por que você fez aquilo? — ele pergunta, olhando em meus olhos.

A verdade é que eu não sabia, estava tão confuso quanto ele, não sabia porque eu tinha o beijado, eu queria saber, eu realmente queria, mas minha cabeça não conseguia formular uma resposta para isso.

— Eu não sei... — respondo com sinceridade, mas sua expressão revelava que um simples "Eu não sei" não bastaria.

— Como não sabe? Foi você quem fez aquilo, você que queria , eu preciso bem mais do que isso para tentar te entender. — ele fala ficando realmente irritado, podia sentir o ódio em suas palavras.

— Ah é? Eu era o único que queria? Se foi assim por que você retribuiu? Porque você me beijou de volta? — pergunto já perdendo minha paciência.

Será que ele não conseguia entender que eu não tinha uma resposta pra isso? Que eu fiz, mesmo querendo não fazer? Não era minha intenção beija-lo, mas aconteceu. Um silêncio constrange se instalou no local, e eu comecei a me perguntar o por que eu tinha feito tudo aquilo. Então eu lembrei do escudo, do Steve, e do verdadeiro motivo de eu ter ido parar naquela situação.

— Olha, será que a gente não pode simplesmente esquecer tudo isso e focar no que realmente importa? Existem coisas muito mais importantes acontecendo, e que precisam da nossa atenção. — falo tentando me fazer acreditar que era aquilo que eu realmente queria falar, queria dar um jeito de fazer aquele dia ser apagado da minha memória.

— Você não pode estar falando sério, né? Você me beijou Bucky, isso pode ate ser normal para mim, em outra situação eu não estaria reclamando, mas cara, você é literalmente uma pessoa que eu mal conheço, tudo bem que eu lutei com o Steve por você, mas isso não te da a permissão de me beijar assim sem mais nem menos. — ele fala alterando seu tom de voz, me deixando confuso, ele beijava outros homens?

— Eu estou confuso, isso nunca tinha acontecido antes, eu não sei o que fazer. — digo sendo sincero com ele, era estranho eu expor algo que penso para alguém, mesmo que fosse apenas uma frase pequena ou uma simples expressão. Mas com ali me pareceu muito mais fácil.

— Acho que aceitar que você não é hétero já é um bom começo. — Sam fala voltando com seu tom normal de voz — Bom, eu acho que você não precisa me responder isso agora, vamos fazer o seguinte, você pensa sobre isso, e quando tiver uma resposta, você me responde, pode ser? — ele parecia sereno, e totalmente certo no que falava.

Fiquei paralisado por alguns segundos, ele era compreensivo , de alguma forma, com apenas algumas palavras minhas ele conseguiu me entender e agora estava me dando um tempo para pensar... Eu nunca imaginaria que ele era assim. Mas eu estava chocado de mais, e lucido também, por isso nunca diria essas coisas pra ele.

— Obrigado. — falo esboçando um breve sorriso.

— Certo, então temos que ir até o aeroporto mais perto, para que a gente possa encontrar o Torres e pensar no próximo passo dessa missão maluca. — ele fala checando aquela espécie de mini computador super evoluído em seu braço, não fazia ideia de qual era o nome daquilo.

A ida até o aeroporto foi como um borrão pra mim, meu corpo estava ligado no modo automático, eu apenas seguia o Sam, enquanto minha mente trabalhava as informações de suas palavras. Ele realmente beijava homens, já tinha chegado a essa conclusão, e isso não era estranho, o estranho era que eu também tinha feito isso, eu também tinha beijado um homem, e eu tinha gostado.

O primeiro passo seria aceitar tudo isso, para seguir para o próximo, por que eu tinha o beijado. Na verdade, talvez eu já tivesse a resposta para isso, eu só não queria aceitar. Quando me dei conta, já havia voltado para o avião, estava deitado nos bancos laterais, olhando para o nada. Foi quando eu percebi o quão cansado estava, na verdade eu estava extremamente exausto, e sem perceber, acabo caindo no sono.







Acordo assustado, por um momento eu me esqueço onde estava. Aquelas malditas imagens passando por minha cabeça, memórias que eu fazia de tudo para encobrir, mas elas infelizmente voltavam em forma de pesadelo, para me assombrar, para me fazer lembrar de quem eu realmente era.

Eu não era uma pessoa boa, eu sabia que aquilo tudo não era culpa minha, mas não podia deixar de me sentir quebrado. É, eu estava quebrado, quebrado de uma forma que não dava mais para concertar, todos esses anos como Soldado Invernal faziam parte de mim, eu querendo ou não.

Eu só queria acabar com tudo aquilo, com a dor das milhares de pessoas que tiveram seus conhecidos e familiares mortos por mim, eu queria acabar com a minha própria dor, parar de sentir aquilo de uma vez.

Me levanto rapidamente com a garganta travada, estava prestes a ter uma crise. O pânico me consumia, eu tinha que acabar com aquilo de uma vez por todas.

— Bucky? — escuto a voz de Sam, estava longe, mas eu ainda podia ouvi-lo.

— Bucky! — escuto novamente, dessa vez estava mais perto, eu sentia isso.

Foram minutos até minha visão retornar, eu não estava mais deitado no banco do avião, estava sentado no chão, encolhido, e Sam estava ao meu lado. Podia sentir as lágrimas em meus olhos, elas ameaçavam sair a qualquer momento.

— Ei Buck, fala comigo, o que aconteceu? — ele pergunta preocupado, dava para perceber isso pela sua voz.

— Eu estou bem. — digo com a voz tremula, foi a única coisa que conseguiu sair de minha boca antes de eu começar a chorar.

— Não você não está nada bem — ele fala se aproximando, e fazendo uma coisa inesperada. Ele me abraçou, mas eu estava mal de mais para pode focar nisso. 

E ali, abraçado ao Sam, eu continuei chorando e soluçando por um bom tempo, enquanto recebia carinho e algumas palavras de conforto a todo momento.

segundos - sambuckyOnde histórias criam vida. Descubra agora