Chegando no avião, eu e Sam vamos para lugares diferentes, ele vai resolver alguma coisa com o Torres e eu vou tomar um banho, porque querendo ou não eu estava fedendo. Tinha sorte de ter um banheiro ali, caso contrario eu nem me daria o trabalho de procurar algum lugar para fazer isso. Pego uma muda de roupas que tinha dentro de minha mochila e caminho em direção ao banheiro. Começo a me despir pensando em tudo que tinha acontecido hoje, foi tanta coisa que é bem difícil de processar, mas o mais inacreditável foi meu beijo com o Sam. Quando eu vim atrás dele por conta do escudo eu nunca pensei que acabaria assim. Bom, na verdade eu acho que isso é só o começo.
Deixo a água cair em meu corpo, me fazendo sentir por alguns minutos um momento de paz. Ser eu era difícil, ter a mente que eu tenho também, porque sempre que eu tinha momentos assim, onde eu não me preocupava com nada, minha mente me mandava as memórias, memórias que me faziam sentir que eu não merecia esses momento, não merecia momentos de paz.
Termino meu banho em poucos minutos, não queria ficar ali por muito tempo. Visto minha roupa e saio do banheiro, indo automaticamente atrás de Sam, eu só havia percebido que tinha indo atrás dele quando já estava parado a poucos metros do mesmo. Ele estava sentado no chão encostado na parede do avião, enquanto mexia super concentrado em seu celular. Me aproximo dele e me sento ao seu lado, meus olhos vão diretamente para a tela de seu celular, ele estava digitando, conversando com uma tal de Sarah, quem diabos era Sarah?
— Quem é Sarah? — pergunto por impulso, querendo me matar após ter feito uma coisa tão idiota.
— E por que eu te contaria? — ele responde com outra pergunta, ainda com a cara grudada no celular.
— Será que é porque eu estou perguntando? — rebato com outra pergunta.
— Minha vida pessoal não te interessa Buck. — ele fala desligando o celular e virando seu rosto levemente para o lado me encarando.
Abro minha boca diversas vezes mas nada sai. Isso era verdade, aquilo não me interessava.
— Você tá certo, não é da minha conta. — falo já me levantando para ir em outro lugar, mas antes de fazer isso sinto a mão de Sam puxar meu pulso.
— Eu estou brincando Barnes, Sarah é minha irmã. — ele fala me fazendo sentar novamente ali ao seu lado.
— Não sabia que você tinha uma irmã. — digo o olhando. Aquilo era verdade, eu não sabia muita coisa sobre Sam, e isso me incomodava.
— Você nunca perguntou. — ele fala colocando seu celular em seu bolso.
— Faz sentido... — completo dando de ombros — Você gosta de animais? — pergunto a primeira coisa que vem em minha cabeça.
— Acho que eu nunca pensei sobre, mas eu acho que teria um cachorro, e você? — ele pergunta inclinando seu corpo levemente para o lado para continuar mantando o contato visual.
— Sempre quis ter uma gatinha. Me lembro de contar isso para o Steve lá na década de 40, ele riu da minha cara. — respondo soltando uma pequena risada nasal, me lembrava desse dia, de cada detalhe.
— E por que você não adota uma? — Sam pergunta enquanto cruzava suas pernas e apoiava seus cotovelos nas mesmas, usando suas mãos para apoiar seu queixo, deixando escapar um sorriso, aquilo era adorável. Faço uma pequena nota mental de que eu gostava de ver Sam Wilson naquela posição, dedicando toda sua atenção para mim.
— Não acho que seria um ótimo dono. — respondo enquanto bocejava.
— Pois eu acho o contrario. — ele completa me olhando — Acho que você deve ir dormir.
— Não. — respondo de imediato.
— Por que não? — ele pergunta mudando sua expressão para preocupado.
— Eu não estou com sono. — Invento uma desculpa que obviamente não iria rolar.
— Você literalmente acabou de bocejar na minha frente Bucky, qual é o problema? — ele pergunta desfazendo as pernas cruzadas e se aproximando ainda mais de mim.
— Não tem problema nenhum. — respondo chegando um pouco para o lado na tentativa de me afastar.
— São os pesadelos? — ele pergunta ao mesmo tempo que pegava em minha mão robótica e entrelaçava nossos dedos, podia parecer que não, mas aquela coisa tinha sensores que fazia com que meu corpo inteiro sentisse e reagisse ao seu toque.
Eu não respondi, e acho que nem precisava, ele já sabia da resposta. Respiro fundo e começo a encarar o chão, evitando o olhar que Sam jogava sobre mim. Era difícil falar, na verdade nunca foi fácil, me lembro de quando eu comecei a fazer a terapia como parte do meu perdão, as primeiras duas semanas eu mal falava algo, bem depois que eu comecei a falar alguma coisa ali e aqui, mas nunca deixou de ser doloroso.
— Você não pode ficar sem dormir, sabe disso. — ele diz acariciando minha mão levemente com seu polegar — Sabe, eu também já tive problema com pesadelos, o que me ajudou foi falar sobre eles, ou você pode apenas escrever sobre eles, ou talvez eu possa só ficar aqui do seu lado te fazendo companhia, você é quem sabe. — volto a encarar ele.
— Não precisa se preocupar Sam. — falo o olhando, não gostava de quando as pessoas sentiam pena de mim.
— Eu sei que não preciso, mas eu quero Bucky, eu quero te ajudar. Eu sinto que é o certo a se fazer. — ele fala me fazendo piscar algumas vezes, talvez eu estivesse um pouco chocado.
Queria poder agradecer pela preocupação, ou por ele ser tão aberto sobre isso, mas eu estava travado, não sabia como me expressar. Minha primeira reação foi desentrelaçar nossas mãos e me mover levemente para sua direção, levo minhas mãos para seu pescoço, o puxando para um beijo. Eu era simplesmente terrível em me expressar usando palavras, mas esperava que talvez pelo meu gesto eu poderia tentar dizer o que eu não conseguia.
Pude ver que havia o pegado de surpresa, porque ele não reagiu de imediato, mas ele logo corresponde colocando suas mãos de uma forma desajeitada em minha cintura. Aquela sensação que me fazia sentir em outro mundo me invadiu, não conseguia acreditar que em tantos anos eu nunca tinha sentido isso, e nem que o Sam poderia despertar isso em mim, era como um imã, eu sempre acabava sendo atraído para ele.
Demorou apenas segundos para eu tirar a conclusão concreta de que eu gostava dos lábios de Sam, não que eu já não tivesse pensado nisso, mas admitir para mim mesmo era bem diferente de apenas pensar na possibilidade. Talvez não fosse apenas de seus lábios que eu gostava.
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segundos - sambucky
RomanceNão era para acabar daquele jeito, aquilo não tinha que acontecer, era só a merda de uma missão com o irritante do Sam, não era para acabar tudo isso com nós dois se beijando.