Já estava na cela, esperando que alguém me tirasse dali. Na real eu não sabia o que viria a seguir, esperava que a Dra. Raynor ou talvez o Sam conseguisse fazer com que me liberassem. Até isso acontecer, eu ficaria ali, sentado naquela cadeira enquanto pensava ou falava comigo mesmo. Eu ja tinha deixado claro para mim mesmo que odiava isso, meus pensamentos iam longe em poucos segundos.
E isso me irritava, me irritava muito. Eu poderia estar agora, tentando achar uma pista dos flag-smashers ao lado de Sam, isso manteria minha cabeça ocupada, e evitaria que eu pensasse. Pensar. Nunca pensei que eu odiaria tanto pensar. Que fase, hein James?
Agora eu me via novamente naquela rua, suas palavras ecoavam em minha cabeça de novo... "Também é estranho pra mim, é a primeira vez que eu beijo um cara e logo de primeira sinto coisas que eu nunca havia sentido." Essa frase era uma das coisas que talvez eu nunca esqueceria, não que eu tivesse uma memória ruim, mas ela estaria guardada em um lugar especial.
Me achava um completo idiota, talvez eu até fosse bipolar, se você for analisar eu era um completo maluco. Eu beijei um cara por impulso, depois entrei em choque com o que eu tinha feito, descobri que eu também gostava de homens, cogitei ter sentimentos por esse cara, me convenci que era só atração e agora estou me sentindo mal ter de certa forma falhado com ele. É, talvez eu fosse mesmo louco.
Mas tinha algo que me intrigava em tudo isso, o fato de que eu sempre era contornado por minha própria mente. Sempre me convencia de algo mas depois minhas ações demonstravam que eu estava completamente errado. Pra mim era só atração o que eu sentia por Sam, mas quando ele se aproximou de mim, naquele avião, eu quase perdi o controle.
E mais uma vez James Buchanan Barnes estava confuso, olha que novidade não é mesmo!?
Talvez tudo isso fosse uma conspiração contra mim, o universo me castigando, ou talvez fossem sinais, mas sinais do que exatamente? Antes de poder pensar em uma resposta para isso, escuto a tranca da cela ser aberta, revelando um policial do outro lado da porta.
- Sr. Barnes, você será liberado.
Sigo até a recepção e logo vejo Sam, a Dra. Raynor, e até o merdinha do calopsita estava lá. Ele estava falando alguma coisa, mas eu nem me dei o trabalho de tentar entender. Apoio um de meus braços no balcão, e o outro pousa em minha cintura, e fico esperando o calopsita sumir da minha vista.
- James, seção condicional de liberação agora. Você também Sam. - a Dra. Raynor fala ja seguindo para a sala. Após eu ouvir aquilo eu quase entrei em pane, porque ela queria que o Sam participasse da sessão de terapia junto comigo?
- Não tudo bem, eu vou ficar aqui fora com o meu...- Sam começa a falar mas é interrompido por ela.
- Isso não é um pedido.
Seguimos silenciosamente até a sala, e logo nós dois já estávamos sentado de frente para uma mesa, e do outro lado da mesa estava a Dra. Raynor. Ela bate seu caderninho na mesa e começa a folhear ele.
- Então, quem gostaria de começar? - ela pergunta olhando de mim para Sam.
- Ta legal, Dra. Raynor não é? Eu entendo o porque de você querer que eu fale com ele, mas eu to 100% bem. - Sam fala. Ele queria sumir dali tanto quanto eu.
- É o meu trabalho garantir que esteja bem. - ela fala, me fazendo encarar o chão, não queria mesmo saber onde tudo isso ia dar - Então sim, pode parecer anti-profissional, mas é a unica forma de ver que está superando o que está de consumindo. - isso fez 0 sentido pra mim.
- Isso é ridículo. - ele fala.
- É eu concordo. - completo.
- Viram? Estamos fazendo progresso. Então, quem quer ir primeiro? - Nenhum de nós dois responde. - Nenhum voluntario? Nossa que surpresa. - ela diz ironicamente. - Vamos fazer um exercício, é uma coisa que eu faço com casais quando estão descobrindo que tipo de vida querem construir juntos. - okay isso está ficando levemente estranho. - Vocês conhecem a pergunta do milagre?
- É claro que não.
- Nunca ouvi.
- Tá bom é mais ou menos assim. Suponha que quando esta dormindo, um milagre ocorrerá, quando você acorda, o que gostaria de ver que tornaria isso melhor? - ela pergunta.
- O meu milagre seria ele falar menos. - isso não deixava de ser verdade, quanto mais ele falava, mais confuso eu ficava.
- Exatamente o que eu ia dizer. Irônico, não? - Sam indaga. Agora pronto, resolveu ficar na defensiva.
- Assim vocês me deixam sem escolha, é hora do exercício de olhar a alma. - ela fala me fazendo rir, que diabos de nome era esse?
- Eu gosto mais desse.
- Ele vai adorar esse.
- É, eu to pronto.
- Virem-se, virem-se, vocês devem encarar um ao outro. - ela fala e eu começo a virar minha cadeira.
- Você deve gostar muito desse né?
- Já estou gostando.
- Eu sei que está.
- Sam tem que encarar um ao outro. - ele então começa a virar sua cadeira.
- É um bom exercício, obrigada querida. - digo ironicamente.
- Isso, agora aproximem-se - eu e ele chegamos nossas cadeiras mais próximas - Aproximem-se, vamos.
Aproximo mais minha cadeira, porém nossas pernas já estavam se encostando.
- Pra onde você quer ir?
- Você vai mover sua perna ou não?
- Direita ou esquerda?
- Quer saber? Aqui. - ele me puxa para frente, fazendo com que nossas pernas ficassem intercaladas, estávamos grudados, literalmente, eu conseguia sentir seu joelho relando em partes que eu não recomendaria.
- Tá perto de mais.
- Tá muito perto, era o que você queria não é?
- Rapazes! - Dra. Raynor fala chamando nossa atenção - Ótimo agora olhem um para o outro, precisam olhar nos olhos um do outro. - encaro Sam e ele faz o mesmo - Pronto, viram? Não foi difícil. Tá legal, James, o que o Sam provoca em você? - ela pergunta me fazendo umedecer meu lábio inferior - E não diga alguma coisa infantil.
- Por que você disse aquilo? - pergunto voltando a encara-lo
- Aquilo o que?
- Aquilo que disse na rua, quando a gente estava indo para a casa do Isaiah.
- Ah Bucky, pelo amor de deus! Eu pensei que a gente já tinha conversando sobre isso.
- Mas aquilo não sai de minha cabeça Sam, eu não consigo fazer para.
- Parar o que?
- As vozes, meus próprios pensamentos, eu não consigo controlar eles.
- Talvez você devesse pensar menos e agir mais, assim como você fez lá naquele campo... Quer saber? Esquece isso, porque a gente não deixa tudo isso de lado, fingimos que nada aconteceu, terminamos essa merda de missão e depois tiramos férias longas, um bem longe do outro. - Sam fala me fazendo entrar em um surto interno, ele literalmente tinha dito para eu beija-lo novamente - Obrigada Dra. pelo constrangimento, te vejo lá fora Bucky. - foi a ultima coisa que ele falou antes de sair pisando forte da sala.
Fico por alguns segundos ali, apenas digerindo suas palavras, ele queria aquilo de novo, ele tinha falado isso, mas eu queria aquilo? Eu acho que sim.
- O que você tá esperando? Vá atrás dele. - Dra. Raynor fala me fazendo sair de meu pequeno transe.
Me levanto o mais rápido possível e vou atrás de Sam, saio da sala logo dando de cara com um corredor, Sam estava na metade dele, quase chegando na recepção.
- Sam! - o chamo e ele se vira - Eu quero fazer o que você sugeriu, pensar menos e agir mais.
Sam anda em passos largos até onde eu estava, segura meu pulso e me arrasta para dentro de um banheiro que havia ali por perto. Ele tranca a porta, me empurra na parede do banheiro e se aproxima.
- Você tem certeza? - ele pergunta.
Balanço minha cabeça em sinal de sim. E sem ao menos me dar tempo de analisar, ele pega em minha cintura e sela nossos lábios.
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segundos - sambucky
RomanceNão era para acabar daquele jeito, aquilo não tinha que acontecer, era só a merda de uma missão com o irritante do Sam, não era para acabar tudo isso com nós dois se beijando.