Todo esse tempo.

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Medo. Uma sensação desagradável desencadeada pela percepção de perigo, seja ele real ou imaginário. O medo é uma sensação em consequência da liberação de hormônios como a adrenalina, que causam imediata aceleração dos batimentos cardíacos. É uma resposta do organismo a uma estimulação aversiva, física ou mental, e a função é preparar o sujeito para uma possível luta ou fuga. Antes de sentir medo, a pessoa experiência a ansiedade, que é uma antecipação do estado de alerta. Entre outras reações fisiológicas em relação ao medo, podemos citar o ressecamento dos lábios, o empalidecimento  da pele, as contrações musculares involuntárias, como tremedeiras. Essa era uma sensação que constantemente me perseguia, não tinha nada capaz de sobrepor o medo, era como um praga, ele sempre estava lá. Não tinha cura, e muito menos um remédio que conseguisse impedir ele de me perseguir. 

Respiro fundo e tiro minha camiseta, estava em uma cabine fechada do jato, segundo Zemo eu deveria estar caracterizado em meu personagem, com isso deveria usar as roupas que ele próprio havia separado. Estico minha mão para pegar a muda de roupas, mas sou interrompido por mãos quentes e macias que passavam por meu abdômen, e que me abraçavam por trás. Eu não pude nem mesmo reagir ao seu toque, por que primeiro eu entrei em pânico por alguém ter me tocado, e no segundo seguinte meu corpo automaticamente reconheceu aquele toque, e eu entrei em pânico de novo por que eu sabia muito bem de quem eram aquelas mãos.

— Você está tenso. — ele fala apoiando seu queixo em meu ombro, enquanto suas mãos passeavam por meu tronco. Aquilo estava me causando arrepios, e talvez até uma pontada de insegurança.

— É. — digo soltando um suspiro, seu ato estava me desconcentrando, seus dedos neste exato momento estavam passando por meu abdômen, fazendo que eu solte outro suspiro.

Literalmente ninguém poderia descrever em palavras o que se passava dentro de minha cabeça naquele exato momento.

— Eu acho melhor você parar de fazer isso. — digo engolindo em seco, já era possível ver meu peito subindo e descendo por conta de minha respiração acelerada. — Sam, para. — ele se afasta e eu peço mentalmente para que ele saia de lá, mas por eu não ter o escutado sair ele aparentemente só havia dado alguns passos para trás.

— Qual é o problema, eu fui rápido de mais? — ele indaga deixando transparecer em sua voz sua preocupação.

— O problema não é você. — respondo pegando a camiseta que havia no topo da muda de roupas, a colocando.

— Então o que foi? — ele pergunta enquanto eu pegava uma espécie de jaqueta que era vinho, e que não tinha a manga esquerda, para que pudesse deixa à mostra meu braço de metal. Coloco ela mais uma vez pedindo mentalmente para que Sam se retirasse, não queria passar por aquilo de novo, não aqui dentro de um jato em que o Zemo também estava.

— Não é nada. — respiro fundo e me viro para ele — Só não é o melhor momento. 

— Então tá. — ele fala, saindo da cabine em seguida.

Eu não conseguia controlar, sabia que Sam tinha boas intenções, e talvez em outra vida eu não ligaria por ele ter me tocado, mas era nessa vida, eu não conseguia deixar aquilo acontecer, era mais forte que eu. 

Se alguém pudesse ler meus pensamentos e estivessem os lendo agora mesmo, provavelmente me acharia no mínimo esquisito eu não querer o toque de uma pessoa que era o que o Sam era para mim, mas isso vai muito além de eu querer ou não ele por perto, o ponto crucial de tudo era: eu não merecia. 

Estava cansando, cansado de me castigar por tudo aquilo, cansado de me sentir daquele jeito, cansado de tudo. Eu queria um fim, que tudo isso acabasse logo de uma vez, mas quanto mais o tempo passava mais a minha teoria de que essa tortura não acabaria nunca se tornava real, e eu tinha medo disso.

E novamente aquilo estava de volta, junto com o sussurros, é claro. E misturado com o medo que por alguns momentos tinha ficado de fora a vontade de chorar me invadia. Os últimos dias passam novamente por minha cabeça e eu começo a me xingar por tudo. Os momentos com o Sam eram maravilhosos, mas eles me faziam esquecer, me faziam parar de pensar. Mas que droga Samuel, eu só queria conseguir pelo menos te odiar.

Começo a fazer o exercício de respiração que a Dra. Raynor havia me recomendado mas aparentemente aquilo não iria passar. Me encosto na parede e me deixo ser tomado pela fraqueza de minhas pernas, fazendo com que eu sentasse no chão. Me encolho, trazendo minhas pernas para mais perto, as abraçando com meus braços. As aperto o máximo que eu podia, não forte o suficiente para me causar alguma lesão, mas nem tão fraco para que eu pudesse me aliviar com aquilo. 

Se passam alguns segundos, que com o tempo se tornam minutos, logo se transformando em horas. Na fazia ideia de quanto tempo eu tinha passado ali, naquela mesma posição, mas sabia que fora por bastante tempo. Deixo meus braços relaxarem e depois de algum tempo, em seguida me levanto e termino de colocar aquela roupa. Percebo pela janela do jato que já havia escurecido, sinal de que não faltava muito para que chegássemos em Madripoor. Eu não podia fugir daquilo, até por que quem me colocou naquela situação fui eu mesmo.

Respiro fundo e caminho até a porta da cabine, sem fazer muito rodeios e a abro e passo pela mesma. Meus olhos automaticamente vão à procura de Sam, e quando eu o encontro eu me repreendo mentalmente por aquilo, mas também me surpreendo. 

Aquele terno... Meu deus aquilo acabaria comigo, ele estava perfeito, aquela roupa o fazia ficar mil vezes mais atraente do que ele já era, isso era possível? Eu queria mais que tudo olhar para outro lugar ou parar de pensar o quão bonito Sam Wilson ficava com esse terno, mas era impossível. Eu não sabia reagir, e nem explicar aquilo, a única coisa que eu sabia era que eu estava feito um idiota parado no lugar o encarando e ainda por cima com a boca aberta. Mas que maravilha.


segundos - sambuckyOnde histórias criam vida. Descubra agora