O obstáculo.

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O jipe para um pouco a frente de nós dois, Sam olha pra mim antes de continuar a caminhar como se nada tivesse acontecido. Acho que só agora fui me lembrar da raiva que sentia por aquele homem infernal, que além de sair por ai se achando o dono da américa também tinha interrompido o Sam. Respiro fundo, e começo a caminhar, agora acelerando o passo para que eu ficasse ao seu lado. Aquele abutre já tinha estragado o momento mesmo, pelo menos enquanto ele não sair do nosso pé eu podia continuar agindo como se nada tivesse acontecido.

A calopsita parece perceber que nem eu e nem Sam queríamos conversar com ele, ele murmura algo como "vamos continuar" para o motorista e avança em nossa frente novamente. Eu sei que eu não posso julgar ninguém antes de conhece-lo, mas esse tal de Jonas Walter ou sei lá o nome dele me estressava, e muito.

— Pelo menos nós sabemos o que estamos enfrentando. — ele diz como se existisse um "nós". Esse cara não sabe com o que ele tá mexendo. — E temos quase certeza que é um dos grandes 3 então...

— Aliens, androides ou magos? — eu não estava acreditando que eles tiveram a façanha de falar a mesma coisa que o Sam.

— Basicamente. — a calopsita responde.

— Não existe essa coisa de magos. — falo tentando não perder o restinho de paciência que ainda me restava.

— Então são aliens ou androides. — e por alguns segundos eu pude ter um pouco de empatia por ele, essa coisa de magos era maluquice. Mas esse sentimento foi passageiro.

— Ou Super Soldados. — Sam se pronuncia pela primeira vez após a chegada de Walter.

— Droga, Super Soldados, é sério? — o parceiro do calopsita pergunta.

— É. — Sam responde.

— Wow, tá legal então temos que trabalhar juntos. — O calopsita diz. Esse cara tá mesmo pedindo para entrar na minha lista de maiores inimigos.

— Não vai rolar. — respondo já querendo dar um fim naquilo.

— Acho que vamos ter muito mais chances se todos nós... — e antes que o abutre terminasse, eu o cortei.

— Só porque carrega o escudo não quer dizer que seja o novo Capitão América. — digo já perdendo toda minha paciência.

— Eu faço o trabalho, tá? — quem esse cara pensa que é pelo amor de deus.

— Já pulou em cima de uma granada? — repondo sua pergunta rebatendo com outra.

— Na verdade já, quatro vezes, é uma coisa que eu faço com meu capacete, é um capacete reforçado mas isso é uma longa história, enfim. — com um capacete super reforçado até eu pularia em cima de uma granada — São 30k até o aeroporto, precisam de carona — e nenhum de nós dois dissemos uma palavra — Gente... Garry para, — ele fala e abre a porta do traseiro do jipe — Entra.

Sam para e olha pra mim com uma cara que eu conhecia bem, ele queria que a gente entrasse no jipe. Bom, se acontecer algum acidente envolvendo o tal do Jonas, eu poderia colocar a culpa no Sam depois.

Eu e Sam entramos e ficamos em silencio, mas é claro que o matraca tinha que começar a falar.

— Temos oito Super Soldados em um deposito de suprimentos, por que? — a calopsita pergunta.

— Dizem que a missão deles é fazer as coisas voltarem como eram antes do Blip, talvez só queiram ajudar. — tinha inveja de Sam, ele estava conseguindo ver um lado "bom" em tudo aquilo.

— Forma engraçada de ajudar. — falo olhando para ele.

— Aquele soro não tem exatamente um ótimo histórico, sem ofensa. — eu que o diga.

Começo a encarar o calopsita tentando mostrar qual era o tamanho do meu ódio, o cara sai por ai se achando o Capitão América e acha que tá tudo bem. E ainda estragou meu momento com o Sam.

— Temos que descobrir para onde estão indo. Como os rastrearam? Os flag-smashers? — Sam pergunta me fazendo me perguntar o mesmo, como o abutre os achou?

— Não rastreamos eles, rastreamos vocês. — o que esse maluco estava falando? — Através do Redwing. — e era por isso que eu tinha tanto ódio por aquela coisa, se Sam não tivesse confiado nele, nada disso teria acontecido, drone desgraçado.

— Me hackearam? — Sam indaga. Não me lembrava muito bem o que isso significava hackearam, mas Sam parecia bravo.

— Me desculpa, não é exatamente hackear, é propriedade do governo, mais ou menos do governo. — ele fala abrindo um sorriso estúpido.

Começo a encara-lo de novo, a única coisa que passava em minha cabeça era quando eu poderia ter a oportunidade de socar a cara dele.

— Ele sempre fica encarando assim? — Walter pergunta para Sam, se referindo a mim.

— Você se acostuma. — Sam responde.

— Tá bom olha, as coisas ficaram meio... — meu deus esse cara não sabe fechar a boca por um segundo.

— Caóticas. — seu parceiro completa.

— É o CRG tá fazendo o que pode para fazer as coisas voltarem a funcionar depois do Blip. — e ele continua.

— Reativando cidadania, seguro social, plano de saúde, basicamente remanejando recursos para os refugiados que ficaram desabrigados depois que voltaram. — seu parceiro complementa.

— O Conselho de Repatriação Global faz tudo isso, eu entendo, mas por que exatamente vocês estão aqui? — Sam pergunta.

— Eles fornecem os recursos e mantemos tudo estável. — o parceiro do calopsita responde.

— É, revolucionários não são bons para a causa de ninguém. — o abutre completa.

— Geralmente dito por aqueles com recursos. — Sam alfineta.

— Bom, nós temos muito recursos, se vocês se juntarem a nós...— e ele começa com essa conversa de novo.

— Não. — respondo antes de deixa-lo continuar.

— Eu tenho um baita respeito por vocês dois mas estavam levando uma surra até a gente aparecer — o parceiro do calopsita fala e eu olho para ele.

— Quem é você? — pergunto.

— Lemar Hoskins. — ele responde agora me olhando.

— Vi um cara saindo de um helicóptero com equipamento tático, preciso mais do que Lemar Hoskins. — Sam argumenta. E não é que ele era bom de briga?

— Estrela Negra, o parceiro do John. — eu não sei o que esse cara tinha na cabeça, porque aquele apelido era completamente ridículo.

— Estrela Negra? — pergunto para ter certeza de que havia ouvido certo — Para o carro. — grito para o motorista.

O carro para e eu logo desço, sabia que Walter continuava a tagarelar, mas eu não estava dando a mínima. Começo a caminhar pela pequena estrada que havia de encontro com a que o jipe estava seguindo.

Toda a minha raiva pelo calopsita tinha feito eu me esquecer do que tinha acontecido, do beijo, da merda o ato impulsivo que eu tinha dado. E então o turbilhão de pensamentos e sentimentos que haviam me invadido antes do Jonas aparecer voltaram. Podia sentir minha respiração acelerar, o nervosismo me consumir novamente, e uma onda de medo percorrer todo meu corpo.

Ali, caminhando naquela estrada, eu só desejava que tudo isso acabasse logo, que fosse um sonho, ou melhor, um pesadelo.

— Bucky, precisamos conversar... — escuto a voz de Sam, me fazendo acordar de meu surto mental, e me fazendo perceber que ele estava me seguindo até lá.


segundos - sambuckyOnde histórias criam vida. Descubra agora