Ainda sem respostas.

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Eu e Sam seguíamos calados até a casa de Isaiah, ele não tinha falado um nada, nem na hora de descer do avião, ele só saiu e eu o segui. Não sabia o porque de ele estar assim assim, não tinha motivos... Ou será que tinha? Será que eu tinha feito ou falado algo que o incomodou? Ele começou a ficar estranho depois que eu o disse que gostava de homens também, mas ainda assim eu não conseguia decifrar o que ele disse depois que eu contei.

Sam era alguém reservado, não era muito difícil de perceber isso, não costuma expor muito do que pensa, nem do que sente, além de ser totalmente indecifrável. Comecei a perceber que eu sabia muita coisa sobre ele, não porque ele tinha falado ou algo do tipo, mas porque eu tinha reparado e percebido. Isso com certeza vai para a lista de coisas estranhas que eu acabei descobrindo.

Ainda tinha uma pulga atrás da orelha, sentia que eu tinha deixado algo passar, algo muito, muito importante. Respiro fundo e faço uma revisão de tudo que havia acontecido no avião, reparando e lembrando de cada detalhe. Relembro do pesadelo, de eu ter acordado assustado, da crise de pânico, de Sam preocupado, dele me acalmando e me confortando durante um bom tempo.

Minha cabeça estava confusa, olha que milagre, não é mesmo? Odiava quando isso acontecia, gostava de ter as respostas, gostava de saber como prosseguir, mas sentia que aquele era um caminho que eu nunca havia feito, nunca havia pensado nas repostas porque nem se quer pensava que nessa altura do campeonato eu estaria me fazendo essas perguntas. Isso era uma droga, uma droga mesmo, várias coisas estavam acontecendo ao mesmo tempo, várias perguntas surgiam a cada segundo, sejam elas da mesma coisa ou de assuntos distintos.

Quando isso acontecia, eu costumava tomar remédios para dormir, fazia isso para que meus próprios pensamentos não me enlouquecessem, para que as vozes parassem de ecoar em minha cabeça, fiz isso até a Dra. Raynor descobrir e me proibir de fazer tomar os remédios, segundo ela adiar esse processo não faria com que ele sumisse, era só eu arrumando um solução temporária.

Mas eu não conseguia, não era capaz de acabar com isso sozinho, já tinha tentado de tudo, tentei arrumar coisas que me mantinham ocupado, coisas que normalmente eu fazia e prendia muito minha atenção, mas nem isso acabou com as vozes. Elas estavam ali, e sempre estariam, não importa o que eu fizessem, elas nunca iriam parar de sussurrar, me lembrando de tudo que eu só queria esquecer. Eles me sufocavam, me forçavam a ter pensamentos que eu não queria ter, me faziam querer não existir.

— Ei, você tá bem? — escuto voz de Sam, me viro para ele, meu olhar vai de encontro com o seu por uns segundos, mas desvio o olhar e começo a encarar o chão. — Você pode me olhar, por favor? — ele pede me fazendo oscilar. Eu não queria, mas era mais forte que eu.

— Você não pode ficar bravo comigo e depois fazer isso e fingir que nada aconteceu. — falo não me aguentando e olhando para ele.

— Olha, você não é o único que está confuso com isso tudo. — ele diz antes de respirar fundo e se virar para mim. — Também é estranho pra mim, é a primeira vez que eu beijo um cara e logo de primeira sinto coisas que eu nunca havia sentido. Pode ser estranho eu estar falando isso assim, mas eu gosto de ser sincero com as pessoas, e eu gostaria que você também fosse em relação a isso.

E neste exato momento eu entrei em pane, ele havia sentido algo. E eu não tinha sentido, bom, eu senti, mas foi só atração, né? Mas do jeito que ele falou ele parece ter sentido mais do que só atração...

— Olha Sam, eu sinto muito mas eu não senti nada de especial. — falo desviando meu olhar para o chão de novo. Mas mesmo depois de falar isso algo ainda parecia errado, isso soava como uma mentira e eu não fazia ideia do por que.

segundos - sambuckyOnde histórias criam vida. Descubra agora