Continuava ali, naquela mesma posição, parado o olhando, e me amaldiçoando por não conseguir sair do lugar. Sam em algum momento havia percebido minha presença, e ele também estava me olhando, como se estivesse esperando algo.
— Vai continuar aí me encarando ou eu vou ter que te tirar do lugar? — ele pergunta arqueando uma de suas sobrancelhas. Pensando bem aquilo não seria uma má ideia.
— N-não precisa. — digo deixando escapar um leve gaguejo.
Meu deus James Buchanan Barnes você é um completo idiota. Aquilo tudo era patético, vergonhoso e horrível. Ultimamente tenho passado por uma motanha-russa de sentimentos, e eu não sei se isso é bom ou ruim. A verdade era que minha vida toda era uma completa desgraça, tudo até os anos 40 ia bem, mas depois tudo virou um pesadelo e agora eu estou aqui, uns 80 anos depois sofrendo com os "efeitos colaterais" desse pesadelo. Ah, não posso deixar de citar o pequeno penhasco que eu estou começando a ter por Sam Wilson, o antigo melhor amigo do meu melhor amigo. Eu estou definitivamente no fundo do poço, maldito Steve, tinha que escolher um parceiro tão bonito e encantador como o Sam para trabalhar junto com ele.
Que decadência James, você não consegue criar mais nenhum pensamento sobre si mesmo sem que ele termine com você pensando sobre o Sam. Engulo em seco e vou me sentar em um acento, e adivinha, estava tão apavorado ao ponto de sem perceber me sentar no banco que ficava de frente para o de Sam. Se existisse um premio para a pessoa mais idiota do planeta, eu com certeza o ganharia.
Sam me encarava, eu sabia que sim, mas eu estava fazendo de tudo para não o encarar de volta. Eu olhava para a janela, para minhas mãos, meus sapatos, e as vezes até para Zemo, mas era impossível uma vez ou outra eu acabava passando meus olhos por ele. Toda vez que por uma fração de segundos meus olhos caiam sobre ele, eu sentia algo, era bom, era caloroso, sentia meu corpo em chamas, sem falar em minhas mãos, ela soavam, e o coitado do meu coração quase que errava as batidas. O desgraçado do Wilson tinha me pegado de jeito.
— Hey, vai ficar ai ou vai descer do jato? — Sam pergunta de repente, me fazendo acordar de meu transe. Zemo já havia até descido e eu continuava aqui, parabéns nota 3 pela burrada.
Ele começa a caminhar em direção a porta de saída do jato, mas antes de fazer isso ele para, fica por alguns segundos olhando para o chão e depois me olha.
— Olha, me desculpa por hoje mais cedo, eu sabia que a ida até Madripoor iria te afetar, então eu só queria te ajudar, não pensei que isso poderia te assustar ou algo do tipo, não tinha pensado por esse lado. — ele fala então continua sua trajetória para fora do jato.
Fiquei por alguns momentos pensando sobre o que tinha sido aquilo, Sam realmente havia pedido desculpas por algo que ele não tinha culpa nenhuma, a única pessoa que era o culpado da situação era eu. A maioria de minhas suspeitas tinham sido respondidas com isso, e o que aconteceu na cabine depois de Sam se retirar confirma ainda mais elas. Não podia continuar com aquilo sem que ele se machuque, mas não tinha muito tempo para pensar sobre isso no momento.
Suspiro e olho pela janela do jato, era hora de botar o plano em ação. Me levanto e caminho em passos largos para fora, lá encontrando Sam e Zemo me esperando, só rezava para que eu não tivesse ficado muito tempo lá dentro.
— Agora chega de enrolação, vamos. — Zemo fala começando andar em direção da cidade, em seguida eu e Sam fazemos o mesmo, cada um ocupando um lugar ao lado de Zemo.
Foi só naquela hora que eu tinha começado a reparar nos detalhes da famosa Madripoor, e bom, ela era meio diferente do que eu me lembrava, a paisagem em si era linda, todos aqueles prédios cheios de luzes coloridas dava um certo charme, e a noite totalmente sem estrelas aparentes no céu ajudavam ainda mais a concretizar a beleza daquele lugar. Mas eu sabia que não iriamos para aquele lugar em especifico.
— Temos que fazer alguma coisa, eu sou o único daqui que parece um cafetão. — Sam comenta dando uma leve olhada em sua própria roupa. Ah, qual é, nem eu consigo dizer que ele não está bonito naquele terno.
— Só um americano pensaria que um negro fashionista pareceria com um cafetão. — Zemo fala tirando seu celular de seu bolso — Parece exatamente o homem que está interpretando. O sofisticado e charmoso, mulherengo africano Conrad Mack, o Tigre Sorridente. — okay talvez eu não tivesse gostado muito dessa parte de mulherengo, mas iria guardar para mim. Zemo entrega seu celular para Sam, possivelmente com a foto do tal Conrad.
— Ele tem até um apelido ruim. — Sam fala olhando a foto — Mas pior que parece comigo.
— Sentem o cheiro? — Zemo indaga me fazendo rir internamente, é claro que eu sentia o cheiro, por que até onde eu sabia eu tinha um olfato funcionando.
— Sim, o que é isso? Ácido? — Sam pergunta, me fazendo eu me perguntar também que droga era aquela.
— Madripoor. — Zemo responde — Não importa o que aconteça, permaneçam no personagem, nossas vidas dependem disso. Sem erros. — solto um suspiro discreto tentando me preparar para o que viria a seguir. Percebo um carro estacionado à poucos metros de onde estávamos, provavelmente à nossa espera — A Cidade Alta é lá. — ele comenta dando uma inclinada na direção da mesma — Não é um lugar ruim para visitar, mas a Cidade Baixa é do outro lado.
Sem esperar algum tipo de aviso ou menção, eu abro a porta do carro que agora não estava muito longe e entro no mesmo. Zemo é o primeiro a reproduzir meu ato, enquanto Sam dava a volta no carro para entrar pelo outro lado.
— Deixe-me adivinhar, não temos amigos na Cidade Alta. — Sam fala, logo em seguida abrindo a porta e entrando no carro.
A primeira parte do percurso foi lenta e silenciosa, acho que eu estava tão ansioso que o universo fez questão de tornar essa parte tardia. Durante todos esses dolorosos minutos, o que se passava em minha cabeça era se eu conseguiria passar por aquilo, se eu era capaz ou não de tal coisa. Por muito tempo eu me afastei disso, dessa parte sombria de mim mesmo, estive por meses tratando isso, tentando fazer com que parecesse certo, é claro que eu não tinha conseguido uma solução, mas eu poderia pelo menos tentar fingir que ela não existia. Mas agora não tinha escapatória eu teria que encarar o que eu estive evitando por muito tempo.
Estava vivendo meu pior pesadelo, podia aparentar estar completamente bem por fora, mas por dentro era bem diferente, podia se dizer que estava à beira de um colapso. Aqueles famosos sintomas que sempre se manifestavam estavam a tona. O coração batendo mais forte que o norma, todas as dobras de meus dedos suando, a súbita sensação de que eu iria desmoronar, a ansiedade e o medo. O medo com certeza era o pior de todos. Discretamente começo a fazer um exercício de respiração, que por algum tempo funciona, até eu perceber que não funcionava mais. Não estava preparado para o que viria a seguir se eu não tivesse sentido o dedos de Sam lentamente se entrelaçando aos meus, sentir o calor de sua pele não estava nem no top 20 de coisas que eu poderia fazer para aquilo passar, mas era como se ela sempre estivesse ali, esperando o momento certo para aparecer.
Pode ser estranho, mas apenas com seu toque Sam conseguiu me dar esperança, esperança de que eu iria conseguir passar por aquilo. Aquele sentimento estranho mas também familiar estava de volta, era como um pré-borboletas no estômago, mas ele também me incomodava, me intrigava, mas não conseguia distinguir o por que.
Recomeço a fazer o exercício de respiração, e aos poucos meus batimentos cardíacos foram se normalizando, e eu consegui perceber uma coisa. Sam não era exatamente uma "cura" para tudo isso, ele estava mais para um incentivo, ele era quem conseguia me fazer acreditar que tudo iria ficar bem, que iria dar tudo certo.
Não conseguia relaxar porque ainda tinha peças soltas nesse imenso quebra cabeças, já tinha passado da fase da negação e da aceitação, e na qual eu estava era a se eu deveria, ou se conseguia me deixar fazer aquilo. Era incapaz de responder isso no exato momento, mas por agora isso era tudo que eu tinha.
VOCÊ ESTÁ LENDO
segundos - sambucky
Storie d'amoreNão era para acabar daquele jeito, aquilo não tinha que acontecer, era só a merda de uma missão com o irritante do Sam, não era para acabar tudo isso com nós dois se beijando.