Depois que ele se foi, eu subi as escadas, sentindo minha bochecha arder onde os lábios dele tocaram. Quase como se tivessem sido marcadas com um ferro quente, e não lábios macios. Rylee e Luna brincavam na minha cama, rindo uma para a outra.
— Já? — Lee perguntou assustada, quando me viu no batente.
— Já — falei, me sentindo derrotada, cansada.
— Quanto exatamente vocês conversaram? — ela indagou, curiosa, largando as bonecas, o que fez Luna a olhar com um bico que ela nem percebeu.
— Eu só disse que estava tudo bem entre nós, mas que não ia mais existir um nós — expliquei.
— Nós quem? — Luna perguntou, aguçando os ouvidos, e desfazendo o bico para assumir uma expressão inteligente demais para os seus míseros quase cinco anos.
— Ninguém, querida. Era só um... amigo da mamãe.
— Aquele das fotos? — perguntou.
— Como? — perguntei, surpresa.
— O das fotos. Essas que estão na caixa no armário. — Eu arfei, não fazia ideia de que ela já tinha mexido nas minhas coisas. Coisas que eu escondia até de mim mesma, na maior parte do tempo.
— Luna! Você não pode mexer nas coisas dos outros sem permissão! — ralhei. — Vai brincar no seu quarto.
Ela nem hesitou em pegar os brinquedos e sair, eu raramente levantava a voz com ela. Mas quando o fazia, ela se assustava e logo obedecia.
— Você ainda tem as fotos? — Rylee perguntou, sugestiva.
— Não consegui jogar fora — admiti, corando.
— Amy... você tem que contar para ele. Pra valer, tudo — falou.
Eu a olhei, sentindo minha face se contorcer, quando um pensamento estranho cruzou minha mente.
— Rylee, porque você não contou? — perguntei, nervosa. Teria sido mais fácil para ela do que para mim. Tudo teria sido muito mais fácil.
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Por que me deixou?
Romance"O beijo dele sugou tudo de mim: sanidade, amor, paixão. E, no fim, só me restaram as cinzas. Como as dos malditos cigarros dele." "Eu sempre tive alguns vícios: adrenalina, velocidade, cigarros, álcool..., mas nada no mundo me preparou para o que e...