"Você devia obrigá-la a falar. Da noite", a voz de Rylee se repetiu em minha mente por diversas horas, até quase de manhã, quando eu apaguei de cansaço. Levantei tarde, e Rylee e Harry estavam na cozinha, preparando alguma coisa no fogão, ao passo que minha tia, que milagrosamente estava em casa, olhava para os dois com um meio sorriso, negando com a cabeça. Ela foi a primeira a me ver.
— Credo, Damien, que cara de morto. — disse ela, franzindo o cenho. Ela era bem nova ainda, tinha 36 anos apenas, e por isso sempre se deu bem com meus amigos. Ela praticamente se misturava, se não contássemos as saias justas e sérias e os terninhos que ela usava, ah, e o fato de ela trabalhar, tipo, 90% do dia.
Isso só tornava ainda mais especial tudo que ela fez por mim, anos antes, me tornando sua prioridade máxima.
— Ele resolveu dar uma de alcoólatra ontem. — Harry informou. Minha tia me olhou exasperada e eu dei de ombros. Ela odiava quando eu resolvia beber. Me dizia sempre que trazia para fora o pior de mim, tudo aquilo que os genes da minha mãe não foram capazes de impedir que meu pai impregnasse em mim.
— Aquela menina de novo? — Minha tia nunca dizia o nome dela, não desde a noite em que ela foi a primeira a ver o meu pior lado, bem a segunda, na verdade. Eu neguei para ela, mas Rylee e Harry disseram sim em conjunto, eu rosnei para eles. — Você tem que conversar com ela.
— Eu tentei, ela não quis — informei, dando de ombros. Suspirando cansado, exausto.
Era como se uma parte de mim tentasse conter a outra, segurar minha vontade de sentir aquilo de novo. Tudo aquilo que eu sentia pela Ames... antes... Aquilo que era tão estupidamente bom, que nem parecia ser real.
— Nesse caso, não tem que dois quererem nada não, você precisa conversar, ela vai ter que aceitar. Isso está acabando com vocês — minha tia disse, e foi tão semelhante ao que Rylee dissera que eu fiquei surpreso.
E concordei.
Concordei porque eu não aguentava mais ceder, eu não aguentava mais fingir, nem fugir, e, principalmente, eu não aguentava mais estar tão perto dela e não a ter, de verdade, em todos os sentidos, e não só de forma carnal.
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Por que me deixou?
Romansa"O beijo dele sugou tudo de mim: sanidade, amor, paixão. E, no fim, só me restaram as cinzas. Como as dos malditos cigarros dele." "Eu sempre tive alguns vícios: adrenalina, velocidade, cigarros, álcool..., mas nada no mundo me preparou para o que e...