Capítulo Vinte

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A maioria estava no convés, a ilha verde cada vez mais perto. Estava ao lado de Henry no timão, Jack e Kailani próximos, pela primeira vez Kailani usava calças ao invés do vestido branco.

As palavras de Aleksandra ecoavam na minha cabeça, não tive coragem de contar nem para Abigail sobre o sonho.

A bruxa estava no convés, disse que iria porque não queria perder esse momento, ela não teve nenhuma visão.

- Sophia.- sai dos meus pensamentos com Henry me chamando, o navio já estava parado, a rampa posta para a saída.

- Eu estou bem.- digo, Henry me deu um selinho nos lábios e meu coração doeu.

Descemos do timão e saímos do navio. Eu usava calças e botas marrons, um corpete de alça e uma blusa branca com as mangas arregaladas no meu cotovelo, na cintura eu sentia o peso da pistola.

Nenhum pirata morreu quando pisou na areia da praia, o que era um bom sinal. Alguns ficaram no navio para tomar conta dele.

Henry segurou uma bússola nas mãos e Abigail foi para perto dele.

- Para onde agora?- digo, vendo a bússola apontar para frente.

- Dentro da floresta.

Entramos nela, alguns usaram suas espadas cortando as plantas para abrir um caminho, escutava som de pássaros voando entre as árvores.

- Esse templo é no meio de uma ilha?- pergunto.

-  A parte onde estamos já foi uma cidade litorânea, habitada por humanos. Mas um tsunami engoliu boa parte do continente depois da maldição, transformando em uma ilha e matando as pessoas, a natureza tomou conta do lugar desde então.- Abigail explicou.- Dizem que no fundo do mar, perto daqui, pode se achar as ruínas das casas.

- Depois eu posso nadar para ver se é verdade.- sorrio fraco com o comentário de Kailani.

Andamos até acharmos uma espécie de escada com degraus largos, fui para frente ficando entre Abigail e Henry.

A entrada do templo.

Meu poder se agitou dentro do meu peito quando eu subi o primeiro degrau, sentia aquele deja-vu como se eu já tivesse estado aqui.

Subimos os degraus com cuidado para não escorregar por causa do musgo preso nas pedras. Chegando no templo, sua entrada tinha duas pilastras grandes de pedra cinza cobertas pela natureza.

A porta de madeira estava quebrada, passamos pela porta entrando no lugar, mesmo acabado com o tempo, ele era lindo.

Era maior que uma igreja, o teto tinha formato abóbadas, a pintura dos Santos estava gasta e quase irreconhecível. As janelas que um dia foram de vidro, estavam quebradas com alguns galhos de árvores entrando.

O chão tinha pedaços de pedras soltos, tomado por natureza e musgo.

Onde era para ser o altar tinha a mesa de pedra branca polida, não estava quebrada, perto das paredes havia cinco pilastras com esqueletos e natureza em cima, as roupas era similares de sacerdotes.

- Guardiões do templo.- Henry disse olhando os esqueletos sentados em uma altura alta.

- Homens devotos a proteger o templo até o fim de suas vidas, uma prática banida pela igreja a séculos, porque seria maluquice alguém morrer por uma igreja. Sem ofensas.- Abigail disse e eu dei de ombros pelo pedido.

Paramos de andar no meio do templo, ainda distante do altar ou dos esqueletos. Raios do sol entraram no lugar e uma magia dourada se formou, entrando nos esqueletos.

Os ossos começaram a se mexer, todos deram passos para trás, segurei a mão de Henry e ele a apertou, alguns homens murmuraram preces de banimento.

As cabeças dos cinco esqueletos se viraram para nós, era assustador a visão.

- Piratas!- gritaram repetidas vezes, as vozes eram de arrepiar espinhas, antigas e sinistras.

- Viemos quebrar a maldição dos Santos.- Henry disse aumentando o tom de voz.

- Maldição. Maldição.- eles repetiram várias vezes.

- Onde está o santo reencarnado?- o esqueleto do meio disse, os outro quatro continuaram a murmurar coisas.

- Sou eu.- dei um passo para frente, soltando a mão de Henry. Quero acabar logo com isso.

- Aleksandra.- os esqueletos murmuraram.

- Reencarnada de Aleksandra, santa da justiça e proteção. O que deseja saber?- o esqueleto do meio perguntou, sua mão de ossos apontou na minha direção.

- O que devemos fazer para quebrar a maldição?- os buracos onde deveria ser os olhos dos esqueletos transmitiram uma luz dourada.

- Eu amaldiçoo todos os piratas dos treze mares, pelo que fizeram em meu templo e por duvidarem de mim e outros Santos, todo pirata nunca mais deverá pisar em terra firme, se pisar morrerá!- os esqueletos falaram juntos, eles estavam nos mostrando o que tinha acontecido naquele templo.

- Perdão, santa, tenha misericórdia.- o fantasma de um pirata apareceu perto do altar, estava ajoelhado, depois como fumaça ele sumiu.

- Misericórdia? Pós bem, para quebrar a maldição dos Santos, qualquer pirata deve trazer a reencarnação de um santo para esse templo e matá-lo, apenas com o sangue fresco do santo reencarnado que a maldição pode ser quebrada e todos os piratas dos treze mares estarão livres.

Quase caí para trás escutando a voz dos esqueletos.

Matá-lo.

Eles tinham que me matar.

Eu iria morrer.

- Não.- Henry disse.- Tem que ter outro jeito.

A luz dos olhos dos esqueletos se apagaram.

- Não há outro jeito, pirata. Essa é a maldição.

Henry me puxou.

- Quem tentar puxar um gatilho, será um homem morto.- Henry disse quase rosnando para sua tripulação, ninguém fez nenhum movimento, seus rostos estavam em choque.

Eles não queriam a minha morte.

- Não...eu não..

- Vai ficar tudo bem.- Henry disse segurando meu rosto.

Porém de repente o templo foi invadido por mais piratas.

A Maldição dos SantosOnde histórias criam vida. Descubra agora