15 anos atrás

450 35 11
                                    


Alex

Eu não conseguia parar de olhar.

A neve estava caindo muito forte, e a nova garota estava lá fora com a boca aberta, a língua para fora e sem sapatos quando girava com os olhos fechados.
Ela ria quando pegava flocos de neve na boca.

Jasmim.

Jasmim. Eu precisava colher algumas dessas flores para ver como elas cheiravam. Não que eu fosse burra o suficiente para pensar que Jasmim realmente cheiraria a uma, mas de alguma maneira sabia que o cheiro seria o melhor cheiro de todos os tempos.

Senti uma dor no peito enquanto observava da janela. A razão lógica para isso era a sopa de tomate e o queijo grelhado que mamãe preparara para o almoço mais cedo. Mas eu sabia que não era isso. Mesmo aos catorze anos, eu sabia como era o amor. Bem, eu não sabia até uma hora atrás, quando a campainha tocou. No entanto, agora eu estava absolutamente certa disso.

Jasmim.

Jasmim. Jasmim da Alex.
Até soa bem, não é?
Alex  e Jasmim.
Jasmim e Alex .

Se tivermos filhos, talvez eles também tenham nomes de flores, Violet, Poppy, Ivy. Espere. Ivy não é uma flor. É uma erva daninha. Eu acho?

Tanto faz.

Não é importante.

Inclinei-me mais perto da janela do escritório do meu pai, e minha respiração morna embaçou a vista. Levantando a mão, limpei com o punho da minha camiseta. O movimento chamou a atenção de Jasmim lá embaixo. Ela parou de girar, colocou as mãos em volta dos olhos para protegê-los da neve e olhou para mim.

Eu provavelmente deveria ter me esquivado para que ela não me visse, mas eu estava congelado, completamente e totalmente hipnotizada por essa garota.

Ela gritou algo que eu não conseguia ouvir com a janela fechada.
Então eu destranquei e a abri
.
Eu tive que limpar minha garganta para dizer as palavras. — Você disse alguma coisa?

— Sim. Eu disse, você é algum tipo de perseguidora ou algo assim?

Merda. Agora ela acha que eu sou estranha. Primeiro eu praticamente saí da sala quando minha mãe a apresentou para nós, e agora ela me pegou olhando para ela como uma espécie de perseguidora. Eu precisava jogar com calma.

— Não. — eu gritei. — Apenas observando para ver se algum dos seus dedos vai ficar preto e cair congelado. Você não viu “O dia depois de amanhã7
”?

Ela balançou a cabeça. — Eu nunca vi um filme.  

Meus olhos se arregalaram. — Você nunca viu um filme? 

— Não. Minha mãe não acredita em televisão ou filmes. Ela acha que a TV nos faz acreditar em coisas estúpidas.

— Mas se você tivesse assistido O dia depois de amanhã, estaria usando sapatos.
 
Ela sorriu e Meu. Coração. Literalmente. Pulou. Uma. Batida. Parecia que tinha dado um rápido salto mortal no momento em que ela piscou seus brancos perolados. Esfreguei o local no meu peito, embora não doesse nada.

Olhando novamente para Jasmim, eu gritei: — Ei, faça isso de novo. 

— Fazer o que?

— Sorria.

E lá estava, um inconfundível pulo da batida no meu peito.
Jasmim virou-se para olhar ao seu redor. — Você ouviu isso? 

— Ouviu o quê?

— Sinos tilintando?

Talvez nós duas estivéssemos imaginando coisas. 

— Não. Sem sinos.

InappropriateOnde histórias criam vida. Descubra agora