Violet

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Piper

Violet não era uma mulher. Era um barco. 

Um lindo veleiro.

Alex  ajudou seu avô a bordo e depois estendeu a mão para mim.

— Obrigada — eu disse, quando entrei no convés traseiro. Seu avô desapareceu na cabine imediatamente.
 
— Ele vai colocar Frank Sinatra. Às vezes ele esquece sua esposa. Às vezes ele vagueia e se perde. Mas ele nunca se esquece deste barco ou de Frank.

Olhei em volta da ampla área de estar nos fundos. — Eu posso ver o porque. Este barco é incrível.

— Obrigada. Vovô o construiu quase sessenta anos atrás. Ele me deu de presente no meu vigésimo primeiro aniversário.

— Oh, isso é realmente especial.

— Ele o construiu como uma amostra, para usá-lo para vender barcos e receber pedidos quando iniciou seu negócio de fabricação de barcos. Ele pediu dinheiro emprestado a um agiota que teria quebrado as pernas se ele não devolvesse o dinheiro. Mas ele vendeu mais do que poderia construir na primeira vez em que foi apresentado em um show de barcos. — Alex  riu. — O neto do agiota tem o modelo mais novo, e Vovô joga cartas com o agiota, que vive em um asilo agora.

Eu olhei para o logotipo na lateral do barco. — Eu não sabia que sua família era da Vause Craft. Não sei muito sobre barcos, mas esses são realmente lindos. Eu os vejo nos filmes de vez em quando.

Alex  balançou a cabeça. — Minha família não é mais dona. Bem, temos uma parte das ações de quando foi vendida, mas é uma empresa pública há muito tempo. Vovô continuou a administrando após a venda, mas ele se aposentou dez anos atrás, depois de se certificar de que a nova gerência era tão apaixonada pela construção de barcos quanto ele. Ele e minha avó costumavam ter um barco grande na marina, mas eles o colocaram em um depósito alguns anos atrás, depois que ele foi diagnosticado. Este é especial para ele, e ele gosta de vir visitá-la.

Eu sorri. — Isso é compreensível.

Frank Sinatra começou a tocar pelos alto-falantes e, um minuto depois, Vovô saiu da cabine. Ele tinha uma caixa de charutos em uma mão e um aceso na outra. Seu roupão estava aberto, revelando uma camiseta branca e uma cueca branca.

— Vovô, por que você não amarra seu roupão?

Vovô entregou a caixa a Alex  e apontou seu charuto para mim. — Você parece com aquela atriz... — Ele estalou os dedos algumas vezes, tentando se lembrar. — Qual é o nome dela, você conhece? — Snap. Snap. — Aquela com os grandes...

Eu pensei que sabia onde ele estava indo com isso. Mas então ele estalou mais algumas vezes e gritou: — Aquela com as bolas grandes!

Alex  e seu avô ficaram histéricos de tanto rir. Eu não tinha ideia do que diabos estavam rindo, mas vê-los me fez sorrir de qualquer maneira. Notei também quão diferente Alex  parecia quando estava relaxada e tinha um sorriso genuíno. Ela parecia muito mais jovem, muito menos intimidadora.
Alex  ainda estava rindo quando explicou o que era tão engraçado. — Há alguns anos, levei Vovô à loja para comprar sapatos novos. Ele apenas começara a lutar com sua memória e queria sapatos com sola de apoio, mas não conseguia se lembrar das palavras solas de apoio. Por alguma estranha razão, ele achou que a palavra que procurava era bolas, então ele gritou que queria bolas, bem alto.

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