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Boa leitura!________
Durante o almoço, o clima estava um pouco estranho. Juliette sentiu que o assunto em que tinha tocado era desconfortável para Sarah. As duas estavam sentadas uma do lado da outra no balcão, comendo o risotto, mas praticamente não trocavam nenhuma conversa.
Depois de alguns minutos naquela tensão, Juliette resolveu quebrar o silêncio:
- Ei... - ela disse, fazendo com que Sarah olhasse pra ela - Eu disse algo que não devia?
A loira ficou encarando Juliette por alguns segundos e depois desviou os olhos para o prato quase vazio
- Não... Fica tranquila, eu só... - a loira suspirou - Eu só não gosto de falar muito sobre meu passado... Só isso - Sarah disse com um sorriso triste
- Entendi... - Juliette disse remexendo a comida no prato
- Mas você tá morrendo de curiosidade, não é?
- Tô! - Juliette praticamente interrompeu Sarah e as duas riram - Mas eu entendo, de verdade... É assunto seu...
- O que você quer saber? - a loira perguntou tranquila, olhando para a advogada e recebeu uma expressão de surpresa em resposta.
- Como assim? Qualquer coisa? - Juliette perguntou e Sarah sorriu afirmando
- Eu já falei que não minto pra você... - a publicitária respondeu
- Onde você nasceu? - a morena perguntou
- Cristalina... É uma das cidades vizinhas daqui de Brasília. Nasci e vivi lá até os meus dez anos... - Sarah fez uma pausa olhando o vazio e respirou fundo - Depois fui pra Goiânia, onde eu conheci o Rodolffo na faculdade e depois fomos pra Brasília pra cuidar da Matthaus.
- E seus pais ainda moram lá em Cristalina? - a advogada perguntou tranquilamente mas logo se arrependeu.
Sarah ficou encarando Juliette com uma expressão indecifrável, mas a morena percebeu que a mulher empalideceu na mesma hora e seu corpo se enrijeceu. A loira desviou o olhar e apertou os punhos, engolindo em seco.
- Sarah se você não quiser respond...
- Não... Eu falo - a loira disse decidida e olhou Juliette com um olhar triste que a morena nunca tinha visto em seu rosto - A minha mãe morreu quando eu tinha dez anos, Juliette...
A advogada prendeu a respiração se sentindo super sem graça. Pela primeira vez estava vendo Sarah claramente emocionada com um assunto. Sua expressão mostrava uma mágoa gigante com aquilo, tão grande que a morena nem se atreveria a perguntar como a mãe da loira tinha falecido.
- Eu sinto muito, eu não queria...
- Fica tranquila... - a loira olhou pra ela e deu um sorriso triste - E bom o meu pai... Eu nem sei se ta vivo. Ele desapareceu na mesma época...
Juliette arregalou os olhos surpresa:
- Pera que? - a morena indagou - Você foi abandonada pelo seu pai quando sua mãe morreu?
Sarah demorou um pouco pra responder. Desviou o olhar suspirando e começou a descascar o esmalte do polegar em um sinal de nervosismo:
- É mais ou menos por aí... - Sarah disse num tom amargurado - Ele era viciado em drogas. Se perdeu completamente.
A loira olhava o vazio e seu rosto denunciava que aquilo era um ponto muito frágil da sua história. Juliette sentiu uma enorme vontade de abraçá-la. Mas quando Sarah olhou para cima, como se estivesse evitando chorar, e suspirou, a morena achou melhor não fazer nada.
A morena começou a entender o porquê do bloqueio de Sarah com sua vida antes de se casar.
- Quando eu te disse que fui pra Goiânia com dez anos, foi porque eu fui mandada pra um orfanato lá. - Sarah explicou e Juliette franziu o cenho
- Orfanato? Não tinha nenhum parente pra cuidar de você? - a morena perguntou e Sarah negou.
- Nenhum... A gente não tinha contato com ninguém. E como éramos muito pobres nem ligaram muito pra procurar algum familiar... - a loira suspirou e continuou - Eu cresci lá, nunca fui adotada... Com dezoito anos fui liberada, estudei bastante e consegui entrar na UFG em publicidade. - Sarah disse e Juliette sorriu
- Aposto que nem foi tanto assim... Tua inteligência é algo admirável! - a morena a elogiou e recebeu uma resposta inédita.
Sarah encolheu os ombros e corou sorrindo. Pela primeira vez Juliette tinha a certeza de que um momento entre elas estava sendo completamente sincero. Até ali, ela sentia que essa tinha sido a única conversa onde a loira estava sem nenhuma barreira.
A publicitária mordeu o lábio olhando o prato e deu uma batidinha na mesa:
- Bom, mas... Acabou a entrevista? - Sarah perguntou de forma bem humorada e Juliette riu assentindo - Bora trabalhar, doutora?
- Vamos... Eu te ajudo com a louça! - a morena disse já se levantando e pegando seu prato, talheres e copo e indo até a pia
- Não, Juliette você é minha convidada! - Sarah disse indo na mesma direção e correndo pra chegar antes dela.
As duas riram quando a loira passou apressada pelo lado de Juliette e lhe empurrou com o quadril para tirá-la da frente da pia. A morena ficou do lado da publicitária a olhando e sorrindo:
- Acho que eu já sou mais que uma mera convidada, né? - Juliette disse colocando as louças na pia do lado da maior.
Sarah virou o rosto e deu uma piscadinha para a morena que fez as duas sorrirem em um clima muito descontraído.
Ainda a observando ensaboar os pratos, Juliette se aproximou e sussurrou:
- Ei... - a morena chamou e Sarah virou o rosto para olhá-la de novo - Obrigada por ter sido tão verdadeira comigo, agora...
Juliette levou uma mão para a bochecha da loira e fez um leve carinho. O olhar de Sarah era de total cumplicidade com a morena, mas ao mesmo tempo seu coração batia com uma espécie de medo daquilo tudo.
Sarah se inclinou e colou seus lábios nos de Juliette, a beijando suavemente e depois a encarou de novo para repetir o que tinha falado minutos atrás:
- Eu nunca minto pra você!
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Curtinho mas é pra preparar vocês pro tombo 👀
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Jogo Perigoso | Sariette
Fiksi PenggemarJuliette é contratada para contornar um escândalo envolvendo casinos clandestinos. Porém não imaginava que Sarah, a esposa de seu chefe, seria um coringa em suas mãos: A carta fundamental do caso e sua possível perdição.