Capítulo 35

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Naquela noite Sina não conseguiu dormir. 

Ao contrário de Heyoon, que havia tomado um leve calmante, a loira não pôde fazer tal coisa devido aos efeitos que o medicamento poderia fazer se misturado aos seus remédios para dor.   

Ela olhou a namorada ressonando tranquilamente sobre metade do seu corpo e delicadamente pôs a coreana deitada totalmente na cama, conferindo se a mesma havia despertado, e levantando-se quando Heyoon nem sequer se mexeu.   

Calçou o par de sandálias e inclinou-se, beijando a testa da menor e saindo do quarto sem fazer barulho.   

Quando seus pés tocaram a cozinha, seus olhos logo foram até porta aberta que levava à área dos fundos, e hesitante, moveu-se até lá, soltando um suspiro de alívio quando observou a figura sentada na borda da piscina, com as pernas submersas na água, segurando um objeto em mãos.   

Sina caminhou lentamente até parar ao lado da irmã, retirando as sandálias e sentando-se, pondo as pernas dentro da água. A noite não estava fria.   

A temperatura era agradável e o céu estava totalmente iluminado pelas estrelas e pela lua que brilhava forte e glamourosa, mostrando todo o seu poder. As pequenas luzes que residiam no fundo da piscina mantinham-se ligadas, iluminando ainda mais aquela área.   

Prudence moveu os olhos até encarar a caçula, sorrindo fracamente e entregando-lhe o álbum de fotos que segurava anteriormente.   

A mais nova franziu o cenho assim que viu seu nome em letras douradas na capa preta do objeto. Rapidamente ela o abriu, sentindo seus olhos marejarem assim que os pousou sobre a primeira foto.   

Era Mary... mas não apenas Mary. A mulher segurava um pacotinho em seus braços enquanto possuía os cabelos loiros desarrumados e o rosto totalmente suado, todavia, ela sorria. O sorriso mais sincero que Sina nunca havia visto, e que com certeza nunca veria se não fosse através daquela imagem. Fora o único sorriso dado antes de descobrir que seu filho na verdade era uma filha intersexual.   

A legenda abaixo da fotografia estava escrita em uma caligrafia forte e elegante.   

23 de abril de 2004. A chegada de Sina Maria Deinert.   

— Eu o achei dentro do cofre do escritório. — Prudence mantinha a voz suave. — Eu nunca havia aberto aquele cofre, mas hoje eu precisei procurar um lugar seguro para guardar alguns papéis da empresa e então eu o abri. — Sorriu docemente. — O álbum era a única coisa que estava lá dentro. Acho que era a coisa mais preciosa que o papai possuía. A única coisa que lembrava você. — Passou a mão nos cabelos da caçula.   

Sina não conseguiu falar nada. As palavras morreram na sua garganta um soluço escapou, denunciando o choro silencioso da mais nova, enquanto observava as outras fotografias.   

Na próxima imagem Kleber estava ao lado de Mary e do pacotinho envolto com a manta azul do hospital. O homem trajava a touca e a bata hospitalar e beijava o topo da cabeça da esposa, enquanto a mulher sorria.   

E então na foto seguinte, apenas o pacotinho azul preenchia a fotografia. O rostinho do bebê era a única coisa visível. A pele era branca com os poucos fios loiros no topo da cabeça. Os olhos ainda estavam fechados.   

A legenda com as letras imponentes também estava ali e Sina sentiu o choro aumentar de intensidade quando a viu. Seus dedos passearam pelas duas palavras como se pudessem vivenciar o momento em que foram escritas.   

Minha garotinha.   

— Eu gostaria tanto que você o tivesse conhecido. — Prudence envolveu o corpo da irmã com um dos braços.   

「 O preço da volta 」- Siyoon e Joalina Onde histórias criam vida. Descubra agora