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Como ele descobriu tudo?

O Leo vai acabar comigo...

O desespero corria com tanta intensidade que eu não fui capaz de contê-lo.

Estou entregue ao medo e não sei por onde começar.

-Não quero ir a escola hoje--falei na segunda-feira quando minha mãe entrou no quarto para me chamar, já que eu não havia aparecido.

-Por que não? Para de frescura e vá se arrumar logo--ela bateu na minha bunda.

-Mãe...não quero--falei, tentando conter o choro que se embargava em minha garganta.

-Está doente? Não está!--colocou as mãos na cintura.

-Eu estou doente--uma lágrima desceu--aqui dói--peguei no meu peito.

Ela não entenderia.

-O Jaemin vai se atrasar por sua culpa, garota fresca.

Aquilo realmente doia mais do que está nas mãos de Leo.

Olhei para o lado oposto do dela e mordi meu lábio, evitando soluçar em meio aquelas lágrimas.

-Isso é tudo culpa da sua avó--soltou, puxando minha coberta--ninguém da família do teu pai presta. É claro que ficou mal criada depois de viver lá todos os dias.

A olhei e a vi revirar os olhos.

Como minha mãe tinha coragem de dizer aquelas palavras?

Por que não me dava um tapa na cara de uma vez?

Seria mais direto e não doeria tanto.

-Não fala da vovó assim--falei--ela me entende!

-Porque ela é louca igual à você.

-O-O quê?

Ela me encarou por segundos antes de soltar: -Minha paciência tá acabando. Não vai pra escola, né?

-Não vou--disse firme tentando limpar aquelas lágrimas perdidas.

-Okay...--suspirou--mas limpe a casa. Faça algo de útil--abriu a porta--mas essa conversa ainda não acabou.

Ela saiu do quarto e eu suspirei.

Por que tudo resolveu dar errado tão de repente?

Eu nunca deveria ter me mudado de casa.

Sei que não posso fugir das aulas para sempre, mas por hoje...só por hoje eu quero fugir.

Quando ouvi o último bater de porta, corri para sala para tranca-la.

A neura leva à segurança.

Tentei praticar um vídeo de meditação guiada, mas só fui ladeira à baixo.

Eu não tinha cabeça para aquilo.

Quando fui tomar banho, encarei meu reflexo no espelho e tentei entender que emoção eu estava sentindo ao me ver.

Eu estava péssima.

As pontas do meu cabelo estavam ressecadas e mal cuidadas. Isso nunca aconteceu antes.

Em um estado - talvez não - de surto, peguei uma tesoura e reparti meu cabelo em partes.

Eu não posso desistir.

Se eu quiser acabar com o monstro, tenho que enfrentar ele.

Respirei fundo antes de cortar a primeira mecha.

Azul de Pérsia [Choi Yeonjun]Onde histórias criam vida. Descubra agora