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[Na Sorim]

Chegar em casa depois de um dia tempestuoso seria a melhor alternativa. Mas não quando você tem um capeta como irmão e uma mãe que acredita em tudo que ele fala.

-Mãe, sabe o que a Sorim fez na escola?

Tomei um susto de imediato, e por ato de reflexo, ameacei:

-Você nem ouse...

-Fala logo, Jaemin--nossa mãe ordenou, já sem paciência alguma.

-Eu vou falar, sou nem baú--me deu língua.

-Eu não sou mais sua irmã--declarei antes da bomba ser lançada.

-Deixa de implicar com sua irmã, Jaemin--nosso pai disse sem tirar os olhos do noticiário que passava na TV.

-Ela beijou um menino na sala de aula e brigou com a namorada dele no corredor.

Eu desejei que todos os asteroides existentes caíssem na cabeça daquele moleque.

Qual a necessidade dessa criatura existir além de me infernizar?

As vezes acho que minha vida não é real. Tudo não se passa de um filme adolescentes onde a melhor amiga da protagonista só se ferra.

Só que eu não tenho uma amiga protagonista.

-Então é isso que você faz na escola nova? Estudar que é bom, nada--os olhos dela estavam arregalados--isso é um absurdo!

-Você vai mesmo acreditar nas bobagens que esse pirralho fala?--questionei, indignada.

Não que neste caso ele realmente estivesse falando uma mentira, mas era aborrecedor saber que ela confiava tão facilmente nele.

-Jaemin nunca me deu trabalho--foi o que ela disse, antes de me dar as costas.

-Eu nunca lhe dei também--falei mais baixo, chateada.

Jaemin prestava atenção na conversa com uma cara de cachorro sem dono. O que me dava mais raiva por ele ser tão sínico e fofoqueiro.

O pior de tudo nessa história, era saber que não podia contar com absolutamente ninguém. Yeonjun disse que ficaria do meu lado, mas vai saber lá por quanto tempo. Não tenho confiança o suficiente na Jihyo. E então...minhas opções acabam por aqui.

-Você não dá valor a nada que tem--foi o que minha mãe falou antes de eu deixar o cômodo e ir para o meu quarto.

E é isso...sou a filha ingrata que só tem problemas nas escolas que frequenta e tem atrapalhado a vida do irmão prendadinho. Sintam a doce e velha ironia.

[...]

A escola ainda era um ponto de guerra para mim, mas ao mesmo tempo, era o local que eu mais me tornava protegida.

Pouco a pouco, enquanto eu termino minhas anotações de História no meu caderno, os alunos iam deixando a sala para aproveitarem o intervalo prolongado. Próxima aula é de Educação Física, confesso que estou prestes a inventar alguma desculpa para escapar desse sofrimento.

-Todos precisam ter um pouco de bom humor--falou Beomgyu--Soobin, sorria mais. Deixe os alunos mais livres.

Beomgyu se referiu a cobrança de Soobin com os alunos a respeito dos uniformes.

-Se eu não colocar eles em ordem, eu não terei meu diploma no fim do ano.

Revirei os olhos.

Isso é deveras irrelevante. Pra quê devo saber se ele vai ganhar diploma ou não?

-Quer que as pessoas te clamem por "Uau, aquele era Choi Soobin, o melhor líder de sala de todos os tempos" ?

-Sou um homem modesto, tenho os meus princípios a serem zelados.

Eu não usaria a palavra "modesto". A vaidade dele parecia ter crescido conforme o ego.

Minha atenção havia se desviado para Yeonjun entrando na sala, com uma cara de poucos amigos e sentando em sua carteira, sem sequer olhar para nós.

-Parece que vai matar um--comentei, soltando uma risada.

-Gayeoon trouxe os pais a escola hoje e disse que eu havia tirado sua virgindade--bufou, passando as mãos no cabelo.

-E-Eu ouvi uma história dessas no banheiro um outro dia--umedeci os lábios, sentindo minhas bochechas corarem com a condução daquela conversa.

-Sobre mim?--perguntou, indignado.

-Sim, aigo...--olhei para o grupo dos meus amigos--não é verdade?

Como se eu estivesse correndo, me senti sem fôlego.

Ele acenou com a cabeça, mas de um jeito um tanto distante.

Estava hesitando em ouvir aquela resposta por medo de me machucar. Mas era tão confuso...eu sabia que eles tinham algo. Pelo fato de ouvir isso vindo da boca dele, seria mais doloroso.

-Não posso te dizer que é mentira--senti um nó na garganta--ela me deu certeza que queria...

Tenho certeza que era perceptível minha vontade de chorar naquele momento.

Aquilo era óbvio. Yeonjun era jovem, era claro que ele queria "curtir" com a garota que ele ficava...

-Voce está...

Nem deixei ele completar.

-N-Não, eu tô bem--forcei um sorriso--na verdade, seus problemas não tem nada a ver comigo.

A expressão dele mudou para preocupada e eu saí devagarinho de perto dele. Estava extremamente desconfortável.

Peguei meu uniforme de educação física e chamei Jihyo.

-Jihyo-shi, vamos colocar logo os uniformes--balancei minha sacola onde guardava o abominável uniforme.

Ela deu um pulo da cadeira, fazendo Hueningkai se assustar com o impulso.

-Mandei personalizar o meu uniforme--ela balançou as peças sem vergonha alguma.

Era visível umas rendas rosa bebê costuradas na barra da roupa.

Soobin colocou a mão no rosto, como se tivesse desistido de tudo. Neste caso, devo concordar com ele.

Yeonjun calado estava até então, e assim permaneceu até sairmos da sala.

-Você acha o Beomgyu bonitinho?--ela ajustava o sutiã nos seios--ele falou pro Hueningkai que me beijaria--suspirou.

Franzi o cenho. O mais bizarro é como ela conseguiu ficar sabendo disso.

Preferi não responder como muitas de suas loucuras incompreensíveis  por mim.

Enquanto eu me vestia, me culpava por estar sentindo coisas (que não deveria) por Yeonjun.

Eu deveria estar focada em acabar com a sujeira de Leo.

Neste caso, nada poderia piorar, até ver que a turma de Gayeoon estava na quadra esportiva quando minha turma chegou para iniciarmos a aula.

-Garotada, hoje eu quero rivalidade entre vocês--professor Jeon JungKook riu--rivalidade do bem, por favor, ainda estamos na escola.

Começou burburinhos por todo o local. Todos estavam curiosos em saber o que viria pela frente.

-As duas turmas estão aqui porque o professor da turma B está ausente e eu fiquei responsável por dar conta das d-u-a-s turmas.

Ele deu um longo suspiro. Só devo deseja-lo sorte.

E sorte a mim também, porque sinto que nada bom viria em seguida...

[...]

Quem é vivo, sempre aparece né, babys ♡

Estou voltando aos poucos, tem muita coisa acontecendo na minha vida ultimamente e não tô conseguindo dar conta.

Não esqueçam de votar e comentar.

Até o próximo capítulo!

Azul de Pérsia [Choi Yeonjun]Onde histórias criam vida. Descubra agora