Luara Narrando
Empurrei a porta da confeitaria da minha mãe com força de tanta raiva que eu estava.
Tinha atravessado a rua há uns 15 minutos e o cara simplesmente me assediou, xinguei tanto ele que minha garganta estava coçando de tão seca.
- quer quebrar a porta, Luara? -minha mãe perguntou-
- eu to puta, você acredita..
Ela me repreendeu com o olhar e só então reparei que tinha gente.
Uma casal que aparentavam seus 40 e poucos anos, um casal de crianças que julguei ser seus filhos e parei meu olhar no preto sentado ao lado deles que me olhava curioso.
- desculpa -mordi o lábio e o casal assentiu-
- esse seu amigo é um gato e muito educado
- foi por isso que você deu meu número pra ele? -cruzei os braços-
- não, ele disse que tinha perdido e esqueceu de te pedir de novo, não foi isso?
filho da mãe!
- deve ter sido -encarei o Lennon com os olhos semicerrados e ele deu um sorrisinho divertido-
- mas o que aconteceu que você chegou tão nervosa?
- um babaca me assediou na rua -voltei olhar minha mãe-
- ele te encostou?
- graças a deus não -suspirei-
- vou pegar uma água pra você
- valeu
Fui até o banheiro, abri a torneira molhei a mão e passei na nuca soltando um suspiro.
O perfume amadeirado do Lennon invadiu o local e neguei com a cabeça, tão previsível.
- por que será que eu sabia que você viria atrás de mim? -umideci os lábios e olhei seu rosto-
- tu sumiu
- edai?
- tu é muito marrenta né garota
Ele ficou me encarando com o maxilar trincando e mordi o lábio.
- não é marra, você só encontrou uma pessoa que não rende pra você -sorri-
Ele riu nasalado e foi se aproximando lentamente enquanto eu recuava pra trás.
Senti minhas costas baterem na parede gelada e engoli em seco.
- Lennon -o repreendi-
- que foi? -sussurrou já com o corpo colado no meu-
- não faz isso
- o que? -puxou minha cintura com força deixando nossos corpos mais colados- eu fiz alguma coisa? -umideceu os lábios-
Ele levou os lábios até meu ouvido e me arrepiei sentindo sua respiração calma.
Ele segurava minha cintura com tanta força que eu tinha certeza que ficaria a marca dos seus dedos, mas aquilo estava longe de ser uma coisa ruim.
- gostosa -sussurrou-
Sentia todos os pelos que nem cresceram ainda do meu corpo se arrepiar e um fogo surreal subir pelas minhas pernas.
- Lennon -sussurrei-
- luara, tá aí? -escutei a voz da minha mãe e soltei o ar que nem sabia que estava preso-
- to, saindo -empurrei o Lennon que passou a língua lentamente pelos lábios-
Não acredito que quase cai na lábia desse filho da mãe.
- nem um beijinho? -fez bico e ri fraco-
Caminhei até ele com um sorriso nos lábios e encarei seus olhos que estavam focados em mim.
- sabe quando eu vou te beijar? -ele balançou a cabeça- nunca
Sorri e sai rapidamente do banheiro dando de cara com a minha mãe.
- oi mãe -sorri-
- tava cagando garota? demorou
- é -ri fraco- nem te conto -sussurrei-
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a batata de alguém tá assando