Luara Narrando
Fechei a cortina da sala e soltei um suspiro longo.
Os meninos foram embora logo cedo junto com as meninas e fiquei sozinha perdida no meio de varios livros que decidir ler pra tentar amenizar a solidão que bateu hoje à tarde.
Estava o dia inteiro sorrindo igual uma boba lembrando de como minha noite foi maravilhosa ao lado do Lennon, não me lembrava da última vez que eu dormi tão bem e fiquei tão em paz.
- que sorrisinho é esse? -escutei a voz da minha mãe e me assustei-
- não chega assim não, mulher
- desculpa -ela riu- mas me conta, tá sorrindo assim por quê?
- nada demais -umedeci os lábios- como tá a vovó?
- tá melhor, graças a Deus
- que bom -suspirei aliviada- vou dar uma passadinha lá essa semana
- vai mesmo! deixaram isso aqui pra você
Ela se aproximou com uma caixa preta nas mãos e estendeu pra mim e peguei deixando em meu colo.
Abri a caixa com cuidado e sorri vendo varios pacotes de miojo, nutella e barra de chocolate.
Peguei o bilhete no fundo da caixa e forcei a vista tentando ler aquela letra nem um pouco legível.
"uma vez minha mãe me disse que a melhor maneira de se conquistar alguém é pelo estômago"
- L7- esse garoto é surreal -ri fraco-
- foi o Lennon né?
- foi -sorri-
- o que tá rolando entre vocês?
- nada
- eu conheço esse seu "nada" cheio de coisas
- então -deixei a caixa encima da mesinha- eu não ia muito com a cara dele
- agora tá indo até demais
- posso continuar dona Vitória?
- continua vai -riu-
- a Laís me contou que estava afim dele, mas ele começou a dar em cima de mim sem saber que éramos irmãs
- e te conhecendo bem, você deu trezentos foras no bichinho né -riu-
- é -suspirei- mas nem era pela Laís, era porque eu realmente não queria nada com ele -passei a língua nos lábios- só que eu comecei a sentir aquele molhinho no estômago -fiz careta e minha mãe gargalhou.
Minha mãe sempre disse que quando você sente um molhinho no estômago perto de alguém é porque você quer aquela pessoa.
- mas eu relutei, até porque minha irmã gostava dele -ri fraco- até eu ficar bebada e beijar ele
Continuei contando a história pra minha mãe que escutava tudo atentamente e dava sua opinião.
Ela sempre foi contra eu botar a felicidade dos meus irmãos a frente da minha, mas era quase inevitável.
Lennon Narrando
Sai do carro e entrei no prédio da mãe da Lua, dei boa noite pro porteiro que sorriu simpático.
- vou lá na Lua -avisei-
- demorou -sorriu-
Tinha feito amizade com ele ontem e ele já não me recebeu com o mal humor da primeira vez.
Toquei a campainha da Lua, encostei a cabeça no batente da porta e em segundos a mesma foi aberta.
Ela vestia a camisa que eu esqueci hoje de manhã e tinha um coque bagunçado na cabeça que deixou ela fofa.
- não me diz que você veio pegar aquela caixa de volta -murmurou e sorri-
- vim comer contigo pô
- aí que pesadelo ter que dividir comida -riu fraco- entra aí
Ela me deu espaço e passei por ela, não antes de roubar um selinho dela que me deu um tapa em resposta.
- você é muito abusado
- me conta uma coisa que eu não sei -ri-
Ela colou nossos lábios novamente e dessa vez me beijou devagar, sua mão passou pela minha nuca subindo até meu cabelo que eu estava deixando crescer e puxou devagar.
- satisfeito? -sussurrou contra meus lábios e ri-
- ainda não -mordi o lábio e olhei seus olhos em seguida- mas isso eu resolvo depois
- safado -sussurrou-
Fui até o sofá e me sentei observando a Lua fechar a porta e caminhar lentamente até mim.
- que ideia foi essa? -riu apontando pra caixa aberta encima da mesinha de centro e se sentou na minha perna em seguida-
- achei que seria mais original que um buquê de flores
Passei o dia inteiro desde que sai do seu apartamento pensando em dar um presente pra ela e lembrei da frase de um filme que ela me fez assistir alegando que era o seu preferido.
- você não existe garoto -sorriu- ainda usou a frase de a princesa e o sapo
- tu gostou?
- médio -fez careta-
- ela adorou, Lennon -a tia Vitória falou saindo do corredor- tá fazendo charme pra você
- ae né? -olhei a Lua que revirou os olhos-
- ela mente
- você que mente, falsa -olhei a tia- e aí tia, beleza?
- Estou bem, graças a Deus e você?
- que bom -sorri- to bem também -olhei a Lua que mordia um pedaço do chocolate- será que consigo levar a fera pra sair comigo? -voltei a olhar a Vitória que riu-
- tenta a sorte
- e aí, dragãozinho -cutuquei a Lua-
- quer me comer e me chama de dragão, vê se pode
- oh garota -arregalei os olhos e a mãe dela gargalhou-
- Lua, assustou o garoto
- bem feito -riu- mas aí, quer me levar aonde?
- motel? -brinquei e ela riu-
- prefiro teu volvo insufilm -mordeu o lábio-
- safada! -ri fraco-
- parei -gargalhou- onde você quer me levar?
- o que você quer fazer? -acariciei seu rosto devagar-
- vou sair daqui antes que eu vomite -a tia Vitória falou e rimos-
- sem restaurante chique -assenti- algo de procedência duvidosa e que tenha cara que vá me causar intoxicação alimentar -gargalhou-
- dogão?
- fechou! -estendeu a mão e dei um toque-
Segurei seu queixo e aproximei meu rosto do seu e selei nossos lábios.
Estava viciado nos lábios dessa mulher, no seu cheiro, toque, nela por inteiro.
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na madruga, boladona