Luara Narrando
- qual foi -o Léo riu- é tu, Lua?
Ele apontou pela janela do carro e segui seu olhar vendo um outdoor com minha foto pra uma coleção da adidas.
Tinha feito essas fotos há umas semanas atrás e foi meu segundo trabalho com a marca e estava feliz pelo resultado.
- é ela mermo -o Lennon comentou- tá abusada hein
- a mãe é braba, fala -me gabei e eles riram-
- se eu dissesse que não estaria mentindo
- letra de música isso aí
- se ligou né?
Olhei o preto ao meu lado que deu um sorrisinho divertido e neguei com cabeça.
- tu é modelo desde quando? -o Léo perguntou curioso-
- tem uns 3 anos, mas só comecei a fazer trabalho grande mesmo agora, se ligou?
- aharam, mó maneiro
- quem tá de fora só vê a parte maneira mesmo
- se liga -o Lennon começou- vou lançar algumas camisas do meu último álbum -me olhou de relance- quer ser a modelo não?
- não
- caralho, na lata -o Léo gargalhou-
- chama a Laís -sorri falsa-
- ela não é modelo, Luara -ele fez drama-
- vou pensar no teu caso, L7
Não seria má ideia fotografar com a camisa que provavelmente vai ser lançada pela papatunes, isso me daria mais visibilidade.
- Lua, tá livre final de semana? -o Brenno perguntou tirando a atenção do celular-
- depende, que dia?
- domingo
- o que tem domingo?
- churrasco lá em casa
- opa, comida de graça -comentei enquanto observava o Lennon parar em frente minha casa- depois me manda mensagem com as coordenadas -ri e o Brenno assentiu- tchau Leozin
- tchau Luazinha -sorriu-
Tinha me amarrado no Léo, ele é legal pra caramba, nem parece que vive grudado com o mala do Lennon.
- brigada pela carona -olhei o Lennon que me olhou de volta- e por ter me dado uma força
- foi nada, Luazinha -sorriu- é sempre um prazer
- e um desprazer pra mim -sorri falsa e sai do carro-
- vou acabar com a tua marra, Lua
- eu perco pra essa tua cara de tralha, não percebeu ainda não? -brinquei e ele mudou a postura- ala o iludido achando que eu to falando sério
- vai a merda, Luara
- com o maior prazer, cantor
Bati a porta do carro, acenei pro Brenno e entrei em casa que estava estranhamente silenciosa.
Subi as escadas de dois em dois degraus e entrei no meu quarto dando de cara com a Laís sentada na cadeira da penteadeira.
- tá fazendo o que aqui assombração?
- o que você tava fazendo no carro do Lennon?
Ela me encarou com sua típica cara de desconfiada e ri nasalado.
- eu não sei o que você faz dentro de um carro, mas eu uso ele pra me locomover -debochei enquanto deixava minha bolsa encima da cama-
- sem deboche, Luara -cruzou os braços- eu to falando sério
- eu também -ela bufou e ri fraco, adorava irritar ela- ele só me deu uma carona
- só isso?
- pega seu celular, liga pro Lennon e pergunta pra ele, tá bom? agora me dá licença, minha cabeça tá cheia de problemas
Ela levantou emburrada, passou por mim e saiu do quarto batendo à porta.
- QUEBRA, FILHA DA PUTA -gritei irritada-
Odiava esse lado da Laís.
- que mal humor é esse de vocês? -o Maurício passou pela porta segurando uma long neck-
- surtou porque o Lennon me deu uma carona
- Laís com medo de perder macho pra você é novidade -gargalhou e mostrei o dedo do meio pra ele-
Além dos nossos gostos pra homem serem completamente diferentes, os meninos sempre preferiam a Laís, então ela nunca se incomoda quando me vê junto com os garotos que ela se relaciona.
- é o inimigo atentando -me joguei na cama e o Maurício se aproximou-
- o que houve na entrevista hoje?
- você me conhece mesmo né?
- muito. Foi mal na entrevista?
- se ser negra do cabelo black for ir mal, eu fui muito
- foram racistas com você, Lua? -assenti com a cabeça e o Maurício bufou- eu sinto muito por isso, irmã. Essa empresa suja não merece sua beleza, se você quiser eu abro um processo contra eles
- e quem é você? Annalise keating? -fiz graça citando uma das séries favoritas dele e ele revirou os olhos-
- não e a Annalise Keating é advogada criminalista
- tanto faz -suspirei-
- eu te amo, bunita
- também te amo, gatinho -sorri e ele beijou minha barriga-
- titio ama -brincou-
- tá amarrado -gargalhei-
- faz um sobrinho pra mim, Lua
- pede pra Laís, imagina um sobrinho filho de rapper -fiz careta- se bem que vai ser um porre ter esse moleque na família né -o Maurício riu- que foi?
- essa implicância toda aí tem nome sabia?
- nojo?
- você sabe muito bem do que eu to falando, Luara. Não se faz de pão não
- por que? -fiz bico- to doida pra entrar na linguiça -levantei e corri pro banheiro-